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sexta-feira, outubro 16, 2009



Vitrine Inconsciente

Por vezes é intragável, intangível mesmo, percepção tola dos que tentam alçar voos sem asas, parece algo estranho pensar assim, mas nossos semelhantes ( fale apenas por você, por favor...)vistos de perto são muito estranhos, por vezes a beleza de alguém se encontra justamente em função da distancia que temos.
Não quero ser maldoso, não é esta a intenção, mas apenas pensar com você, pensamento errante simples, coisa que faça abrir alguma ideia diferente, tento me conter neste momento, mas como uma ejaculação precoce prestes a sair, aquele fremido nervoso, e eis um berro primata num mar de esperma.
O nome dele era Asdrúbal, ninguém jamais concebe que alguém chamado Asdrúbal tenha sido algum dia criança, um Asdrúbal já nasce com quarenta anos tenho a absoluta certeza disso, as vezes tais nomes nos pimpolhos, é um verdadeiro decreto do que aquela pessoa será para o resto da vida.Era claro, Asdrúbal era um chato profissional, não percebia, alto ,magro, os ralos cabelos, e o bigodinho fininho lembrava o führer, tudo isso acompanhado de uma ausência de humor, era um verdadeira obra horrenda(um possível erro do Criador...), insuportável mesmo porque entendia que era sabedor de “tudo”, sim a ultima palavra deveria ser dele por ter o conhecimento de todas as coisas?
Claro que não, mas para Asdrúbal isso não fazia a menor diferença, avança com um semi-sorrisinho lateral, dentes tão brancos e falava, falava interminavelmente sobre o que fosse, tinha-se a impressão que estava constantemente em um palanque e no calor do púlpito imaginário, algumas pessoas achavam interessante sua logorréia, não interessava o tema, ele falava, claro me provoca curiosidade pois, Asdrúbal era o espelho fiel dos seus poucos ouvintes, fui percebendo que as pessoas gostam de explicações, ainda que tais explicações não tenham efeito direto em suas vidas.
Percebemos por exemplo, que as pessoas falam com muita tranquilidade em extinção de alguma espécie animal,vegetal, e falam isso com uma inconsciência profunda do que estão dizendo,estão acabando as baleias, baleias? Parece que estão dizendo, estão acabando as balas de goma? Não sou defensor xiita da natureza, assumo meu cinismo e indiferença quanto a extinção de x ou y, não levanto bandeiras de absolutamente nada,e neste aspecto sou coerente,não emulo algo que não sinto.
Estes dias alguém me comentava algo sobre o clima, o tempo é um assunto feito para preencher vazios de uma conversa, portanto não deve ser levado a sério, e alguém dizia:
-Pois é, agora temos tufões, ciclones e tempestades sub-tropicais...
Eu fiquei pensando, será que esta pessoa sabe exatamente o que esta dizendo?
O curioso que ela falou com uma ênfase de um meteorologista de Harvard, no entanto era só um papo furado, ou seja as pessoas falam de forma ausente, como se tais coisas estivessem acontecendo em planeta distante, então quanto mais detalhes de informação, maior a inconsciência, pois as palavras tem muito disso,elas ocultam o que a alma carece, e torna a burrice algo interessante.
A pose do politicamente correto é uma blasfêmia, a realidade não percebe isso.Estranhamente a conscientização tem haver com alguma informação, concordo, porem é preciso que vá além, muito além, eis que recomendo a terapêutica do silencio, em silencio nos dá uma impressão de intelectualidade franca, fica aqui minha sugestão aos Asdrúbal da vida, que falam sem a mínima noção do que estão dizendo.
Sem moralismo, a natureza as vezes nos dá lições que são presentes da ironia, vemos todos os dias, e neste dia específico o nosso Asdrúbal estava por demais inspirado no elevador, falava algo sobre uma certa gripe que atacou o país, falava descontraído, então ouve-se naquele pequeno elevador um som típico, como se fosse um porco jovem roncando:
-Opa, desculpe aí, acho que meu porquinho roncou, escapou né, foi o pastel com ovo do bar da esquina.
O cheiro de metano fazia os olhos lacrimejarem, ele tentou seguir, esquecer o cheiro, nossa mas aquele peito fedia muito..deixa eu sair daqui, socorro...

Luis Fabiano.
Uma paz mal cheirosa(nem tudo é perfeito)

3 comentários:

Dóris disse...

Hilário...muito bom este texto. Por isto que em muitos casos o melhor é falar: Só sei que nada sei.

Anônimo disse...

Por que teus textos tem sempre que ter, merda, flato etc... ? Problemas de infância ??

Anônimo disse...

Não creio que sejam "problemas" da infância do nobre autor, acredito ser mais provável que sejam resquicios que a maioria das pessoas transparecem no convivio do mesmo que acabam se transformando em alguns textos muito significantes, e se alguem se dói por isso,bem, com certeza pode se ver refletido ali.

Maria da Conceição