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terça-feira, outubro 20, 2009



A fina harmonia da dor.(Sinfonia de uma dor)

Longe de mim regozijar-me na angustia alheia, não é assim que sinto nos ecos de minha alma, um pensamento solitário em busca de seu ninho, aprisco e repouso, ave ferida sobrevive, e sua dor por instantes derradeiros, é sua musica.
Na tragédia visceral e franca do cotidiano brutal, selva informal de acontecimentos fatais, que modificam vidas e abrem chagas, no corpo, na alma, o infinito do espírito, uma poesia se desenha em lagrimas, pérolas dos olhos, fragmentos de cristal, da morte, a perda em vida, do amor se foi, consciência ardida.
Lagrimas, dor e beleza na fealdade de um instante, em nós onde tudo torna-se triste.
A beleza faz caminhos diferentes para cada um, e dentro da doença que carcome entranhas, dilacera o corpo, leva-nos a agonia, a musica das estações, sacrifício da semente que morre para dar vida.
Nos olhos que a dor impinge, há um toque especial, olhos de uma fera acuada partida entre o desespero e sonhos desfeitos, drama encenado no coração do ente humano a portas cerradas, uma musica toca, couro de uma tristeza sem fim, arte pura, sadismo dos que apreciam, masoquismo dos sentem e alegria dos demais.
Quisera não ser sarcástico, mas o prazer por momentos nos é arrancado dos braços e vai para colo de outrem, e antes o que era sorriso e beleza, turva-se em sombra ,no sublime equilíbrio da natureza, da dor que não é nossa, uma chaga de nossas entranhas aflora, como rosas rubras da estação, sangue,dores e cores e enfermidade.
Impossível não associar as tristezas humanas a arte, e vê-las sob a angulação da dor, naturalmente no calor de quem sofre, tais colocações não passam de blasfêmias sem glorias e opacas, evidentemente que a beleza é assim, e nem todos entendem sua silenciosa manifestação, se falo de sol, de flores ou da lua, é poesia tácita, invisível e engolida pela repetição de cada dia, tais coisas perdem a cor em um eclipse de nossos sentidos.
No sorriso desfeito, na agrura do momento,nas oportunidades perdidas ,na aridez de uma fome que não cessa ,ópera em atos comuns a espera de um final, de um amor que se realiza.
Entre a dor e o amor.

Paz em dó maior.
Luis Fabiano.

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