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quarta-feira, setembro 30, 2009



Mulheres broxantes !

Por um breve lapso de tempo esqueçamos as formalidades da decência forjada e artificial, e assumamos um aspecto o canalha fundamental, que existe em nós( embora o neguemos, e negar o canalha é uma blasfêmia, pois ele vinga-se ), e lancemos mão de acurada percepção,as gélidas damas, que por motivos diversos se tornaram insalubres e frias e sem gosto,ao menos aquele gosto que apetece ao nosso desejo.
Sinceramente não interessa os motivos que a isso as levaram a tal ponto de aridez, minha função não é psicológica visando tratamento ou profilaxia, o texto é apontamento e nada mais, ao mergulhar nos abismos de um ser humano achamos coisas demais, e as vezes coisas inconvenientes, que ficam mais elegantes no engodo da aparência brilhante, por vezes sorridente, que tentar entender a verdade ultima do ser, que tédio inominável.
Norma era uma dessas mulheres altas, como arranha céu, e do alto de sua pose e aparência transmitia em primeiro momento uma certa impressão agradável, seu riso era fácil e farto e sua “simpatia” era gratuita e quase espontânea, assim me narrou o Hélio, grande amigo e adorador do sexo feminino.
A mulher era de uma fala interminável, e entre uma tragada e outra no cigarro, iniciava outro assunto, e tudo era sorrisos, confesso que olhando para a cara de Helio, não pude deixar de notar que, embora Norma tivesse todas estas qualidades, algo lhe deixava insatisfeito.
Seguiu.
Pois bem, todo o inicio de relação é sempre uma mistério a ser descoberto, as vezes o melhor é o mistério, eu particularmente prefiro isso,como uma viagem que por vezes a chegada não é das melhores, ela bebia com vontade toda espécie de bebidas, e Helio foi se afinizando, tomando gosto pela bela morena de longos cabelos e olhos esmeraldinos,é claro depois de algumas bebidas, dois ou três encontros era obvio que iriam para cama, é o que o homem espera, as vezes espera já no primeiro encontro, mas infelizmente por causa de uma “norma” moral, elas preferem ceder depois, fatalmente depois, isso cria uma falsa impressão de decoro, cautela ignóbil, pois a vontade existe...
Quando naquela noite foram para cama finalmente, era um verdadeiro paraíso, a mulher era escolada, sabia fazer com experiência ( depois de alguns casamentos, era o esperado...), aquilo impressionou Helio,mulher ousada, sensual e totalmente entregue ao prazer, você existe?
Ela o olhou com aqueles olhos verdes, e disse:
-É claro meu bem, eu estou aqui, não?
Ele a olhava estupefato, aquilo tinha sido bom demais, bom papo, boa bebida, bom contexto, boa foda, carinhos abundantes, puxa que mais um homem poderia querer? Nada não é ?
Errado.
O tempo passou e Helio e Norma se aproximaram mais e mais, havia paixão e possivelmente amor( segundo o que ele me falou, achei fantástica a colocação, possivelmente amor?!), no entanto algo estava errado, e meu pensamento foi para a Bíblia, Adão e Eva, eles tiveram problemas complicados no paraíso,a paixão e os desejos exacerbados de uns, e a monotonia de outros, infalível.
Norma com o tempo não tornara-se Eva, mas começava a ficar apática, sem vontade e aquele “tesão” meteórico dera lugar ao enfado, e a um sexo que mais parecia um jogo empatado, sem emoção, ou então comer frango grelhado todo dia, até pode ser bonito mas totalmente sem gosto.
Helio perguntava-se, onde eu estou errando?
Até conversou com ela a respeito do assunto, mas ela só dizia que estava tudo bem, tudo bem ?Tudo bom? Mas Helio procurava aquela mulher fogosa, amante de primeira e infatigável, onde estaria Norma?
Tédio é algo que me deixa aborrecido, não suporto, Helio começava a entediar, Norma foi caindo em sua realidade plena fria, e nem bêbada como de costume, era o vulcão de outrora, lembrava mais um Vesúvio extinto, tal modorra foi um tiro fatal. Em um bela manhã de sol quente, Helio pega seus trapos e vai embora, o motivo não precisava explicação, alias tais términos são melhores e mais sadios se forem em silêncio e com alguma dignidade, sem a altercação que tanto se gosta em tais finais(a herança do drama...), aquele desgaste emocional repleto de argumentos imbecis, que não conduzirão a reconciliação mas a um final, com ou sem motivos.
Foi embora Hélio entre xingamentos da gélida mulher.
Me dizia agora em tom de entrega e cansaço:
-Nunca mais quero uma mulher assim.
Eu:
-E me diz Helio, e as outras qualidades?
Helio sorriu amarelo, seu coração sentia algo percebi:
-Ela tinha ou não tinha, nem sei mas a verdade é que a deixei, porque ela tinha um cheiro broxante(sem cheiro), não parecia uma fêmea e não lembrava aquela mulher que ela emulou, tudo não passava de uma bebida, mais uma bebida.
Não quis mergulhar no abismo de Helio, a culpa de quem é, uma indiferença total, nem consolei ou mesmo lamentei, apenas disse:
-Vá para casa, lamber as tuas feridas.

Paz possível.
Luis Fabiano.

ps- esse tipo aparentemente quente de pessoa sucumbe com o tempo, Freud explica.

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