Pesquisar este blog

quarta-feira, setembro 23, 2009


Coração nos braços.

Não quero falar de tragédias e nem tão pouco violência, mas de dor que irmana a todos, mesmo quando nos entendemos eqüidistantes de um mundo em caos. Quero falar de poesia e dessa melancolia que vez por outra toca nossa emoção quase sem querer.
Da indiferença por vezes coisas nascem, a nossa indiferença é uma espécie de embrião, rebento inconsciente.
Noticiário enfadonho a busca de sangue, como vampiros vendo, mostrando e explorando a agonia humana nos detalhes mais ínfimos, eu via tal noticiário, modorra infernal de sempre, tragédias? Todo dia e toda sorte, por tal repetição terminam por tornarem-se invisíveis, insensíveis.
Pela rua eu andava,pensamento vago, olhar errante e vez por outra uma bunda tornava-se interessante, divisão interna entre a indiferença humana e transeuntes bundas, então fui atacado, fera a espreita na forma humana, na esquina debaixo de uma marquise, uma aparição,digna dos países africanos. Uma mulher negra deitada no chão frio entre trapos imundos, com um seio mirrado tentava dar de mamar a raquítica criança, cena dilacerante, mas irrelevante quando vista da televisão, na sublimidade de nosso lar confortável.
Você já olhou nos olhos de uma criança seca como um galho calcinado?
Eis a grande diferença, a elegante pintura da dor vista da tevê ganha ares de elegância medonha, e os fatos mesclam-se a dores mais globalizadas convertendo-se tudo em borrão de abandono.
Mas que diferença isso faz?
Rapidamente achamos o entendimento que isso nada tem haver conosco, nada, nosso umbigo é estreito demais.
Tenho conhecimento suficiente para embasar uma dúzia e meia de desculpas, justificativas dos vários seguimentos e âmbitos da sociedade, respeito a todos(as), mas infelizmente a verdade,que todos remetem a uma única e definitiva resposta: nossa falência como ser humano!
A mulher embalava a criança na tentativa que ela se calasse um momento, direcionava o seio, mas nada, a secura de suas tetas, indiferença de nossa.
Eu queria poesia eu bem sei, mas como afagar o infinito com as entranhas expostas? Uma lagrima tímida escorre da face,gota de esperança de nossa humanidade a ser salva.
Palavras doloridas e lembrança de nossa canalhice hereditária, claro que fui em frente no meu caminho,as ruas tornaram-se tortuosas, as bundas evaporaram, e endureci o coração para viver,não da melhor forma,mas como é possível.
Entre o carinho e o desespero, ela o embalava não com os braços, mas o próprio coração.
Não tenho mais nada a dizer.

Paz possível.
Fabiano.

3 comentários:

Anônimo disse...

A foto é terrível,realmente de cortar o coração, o texto deixa a desejar,pela falta de emoção.

Fabiano disse...

Por favor não chibateie o blog,em função daquilo que você não sente,a vida não se pode ter tudo ao mesmo tempo. Sorry.

Anônimo disse...

Acho desnecessário um texto com emoção....já basta a foto emocionante. O texto ficaria falso se tivesse mais "emoção". Quem quer entender, que entenda e emocione-se com o que está aí, no nosso dia-a-dia.

Dóris