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quinta-feira, setembro 17, 2009



Cor da alma...

Vez por outra nos deparamos com os donos da verdade, e é preciso ter cautela, um dono da verdade jamais deve ser contrariado, é uma burrice medonha fazê-lo, porque ainda que joguemos um oceano de razões e bom senso sobre o dono, dificilmente ele terá, primeiro a inteligência e depois a humildade de reconhecer-se um autentico imbecil, mas é normal, eventualmente vestimos a túnica nupcial da imbecilidade e imaginamos, em nosso mundo feito de “verdade” que somos absolutos, como absoluto é o Criador.
Mas, geralmente este tipo carrega alguma bandeira na alma, uma ideologia que ele usa como um armamento, ou um tanque de guerra( como diz meu amigo Magalhães) e ai é insuportável, quando se tem isso longe de nós, tudo bem, é como um tropel de cavalos planície abaixo, lindo de se ver de longe, bem de longe, da até para entoar uma poesia como alguma graça,mas de longe. É por isso, que sabiamente o livro sagrado da Índia (Bhagavad Gītā, "Canção de Deus")em seu trecho incial previne a Arjuna o guerreiro, que na batalha do campo de Kuruchetra(aqui entendido como a conciencia humana),era necessario matar os parentes mais próximos, sim,tios,pais,mães, irmãos etc...porque tais parentes são os predadores do alma(atman), o simbolismo é belo, esse parentesco é nossa apreciação aos então chamados pecados capitais,estão tão proximos que gostamos deles carinhosamente.
Isso me fez lembrar uma historia pitoresca em que um conhecido tinha ou melhor, tem convicções sócio/político/raciais, o que em sí ja é tão complexo, que uma razão perde-se na outra e em dado instante.Nestes momentos que a vida oportunisa talvez infelizmente, Gastão como é conhecido, desfilava sua logorréia desmesurada e insuportável,repetitiva como ja era de praxe,mais xiita que um xiíta, conhecido por defender os ideias raciais ao extremo (sempre tenha cuidado com quem esta disposto ao extremo são muito chatos...),e ele falou, falou naturalmente não chegamos a conclusão alguma, porque pessoas verdadeiramente inteligentes raramente discutem, a sua convicção era subconciente, evidente não vale a pena, travar uma luta de braços em nome de um ideal que virá de lugar algum em direção a coisa nenhuma.
Depois de sua exposição,dos direitos das minorias e outra coisas, cala-se e fica me observando, querendo a resposta,eu digo:
-Bem, vamos cair um pouco na real Gastão, de leve, entre nós parentes não deve haver segredos, sabes como é...
Deixei a resposta vaga, estranhamente Gastão ajeita-se na cadeira, talvez antecipando alguma coisa incomoda que adentraria seu orifício intimo, sabem, aquela aprumada de quem se prepara para dor.
Ele:
-Como assim?
Me sentia um Arjuna as avessas, corajoso, sem medo e claro afim de matar os parentes todos,então com um olhar de sacana falei:
-Sabes como é caro amigo, nos compartilhamos a mesma mulher...e ela não esta lá muito...como direi... de acordo com toda essa convicção...ela não é...
Ele,engasgou, como se engolisse um sapo, e era, infelizmente é assim, não é bom ficar sabendo muito da vida alheia, não mesmo, porque tão humanos quanto nós, uma vez ou outra acabamos sendo sórdidos e nauseabundos.
A comida veio ,e as bocas se encheram, tudo mais que se podia ouvir naquele sagrado momento, era a sinfonia do maxilares incansáveis.

A uma paz possível.
Luís Fabiano.

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