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segunda-feira, julho 20, 2009



Flor do Deserto

“...naquele instante tudo se tornou inexplicável, fora tomada por um redemoinho, em seu coração um profundo vazio, eco de sonhos desfeitos, sentia-se caindo em um abismo, entendeu a duras penas que a realidade é tão frágil, que as certezas não eram absolutas e que tudo muda ao soprar das brisas de inverno!”
No dia seguinte, Anabel percebeu a sua solidão, cama vazia, o silencio e profunda ausência de Julio, abrir os olhos e sentir aquela perda era terrível, amava por demais Julio, possivelmente mais que a sí mesma, entregou-lhe a alma, sua mente tentava buscar alguma explicação, consolo ao rasgado coração,mas nada, nada poderia consolar e esclarecer a dor atroz, antes ele tivesse morrido, por para a morte, não é preciso muito sentido, morrer é o destino fatal de todos em mais ou menos tempo, mas aquilo que Anabela sentia, era pior que a morte, sentia-se abandonada, solitária e sem rumo, em seu pensar, ferida recente,sangra a dor sem fim, só queria que Julio voltasse a seus braços, por que você não voltas? Julio...Julio... a voz ecoa no nada, mais nada, sem resposta.
Levantou-se, precisava levantar-se e por assim dizer encarar a vida, o dia a dia ,o trabalho, enfrentar o que não se quer enfrentar, as palavras infindas do consolo de amigos, conhecidos, todos querendo que ela não sinta o que esta sentindo, aliviando alguma dor perdida em si mesmo, no limite de suas possibilidades.
Apenas para que talvez tenhamos a possibilidade de entender, Julio foi embora, não deu explicação alguma, entendia que toda a explicação de um final é algo totalmente inócuo, se não for a morte ou a fatalidade, toda a explicação de um final, para é a vitima será sempre algo distorcido, que adianta dizer, foi por causa de outra? Porque o interesse emocional desgastou-se ? Por que não se sente mais nada? Por que o sexo era horrível ? Por que ela era limitada demais? Por que tudo tornou-se tão previsível todos os dias? Nobreza de uma verdade, seria isso? O problema para que a pessoa deixada, sempre imagina que tem razão, então realmente não o motivo não terá influencia alguma, é apenas um motivo, profundo ou besta, você será um(a) canalha de qualquer jeito, então não esquente a cabeça! Julio, achava Anabela linda, achava ela uma mulher carinhosa e respeitosa, interessante e inteligente, nossa, quantas qualidades em uma pessoa só, seria isso realmente possível ?
Perfeição a parte, apesar de tantas qualidades, ela era insípida, sem gosto, sem arroubos emocionais, e com o tempo Anabela foi se tornando mariazinha, simples, comum e sem gosto! O sexo era programado, uma vez por semana, simples, sem inovações, papai e mamãe, em trinta minutos tudo acabou, sono e fim. Mas o que irritava Julio, era a profunda ausência de cheiros da sua mulher ( aqui eu entro em concordância com Julio, mulher precisa ter cheiro, aroma, feromônio, aquele instiga instintos e desejos, mulher demasiadamente “clean...”por favor),ela era um sabonete neutro glicerinado, mesmo as partes mais intimas eram asseadas a exaustão, isso acabava paulatinamente com seu tesão! Ele falou em tom brando,mas foi rechaçado.Mesmo tantas qualidades, fica claro que a perfeição não existe, ela não tinha expressões relevantes em relação a nada, era apática, Julio queria uma mulher vulcânica,que entrasse em erupção, que o levasse a loucura,mas Anabela era uma fogueirinha de papel!
O tempo foi naturalmente passando para Anabel, e embora a psicologia de uma sugestão que um fim de relacionamento para ser superado,esquecido, demora de seis meses a um ano, e isso é apenas uma teoria, conheço pessoas que não esquecem jamais, a variável é infinita.
Anabela nunca mais envolveu-se com ninguém relevante, até saiu um pouco, transou de forma “normal”,mas nada que a despertasse de seu estado catatônico, sua vida parou no tempo,no tempo de Julio, num caleidoscópio de trauma sem fim. Olhava-se no espelho, e sempre aquela solidão, aquele amor que nunca acontecia, como uma explosão de bonança sem fim, de bem aventuranças, nada disso, a cada dia seu rosto com mais rugas, os cabelos embranquecidos, o brilho do olho tornando-se baço, a fêmea em si morrendo com a queda dos hormônios, dando espaço aos maus tratos do tempo, como não mais sentir-se mulher.
Mulher fraturada, frustrada, falhada a espera de um amor que não virá nunca, uma mulher só, resultado de si mesma no cultivo, de sonhos vazios, de perspectivas sem sentindo de profundas emoções, mas a emoção precisa pensar!
A rosa perdeu as pétalas, tornou-se flor de um deserto.

Paz profunda a todos.

Fabiano.
ps: para quem achar que é exagero dramático, teatral ou performático, aviso aos navegantes, conheço várias histórias assim de conhecidos, de mulheres e alguns poucos homens também, tentei ser fiel ao que sentem, um fraternal abraço aos que se sentem só no mundo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Obrigada pelo carinho!!!!
Maria da Conceição.