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segunda-feira, outubro 20, 2008



Patético humano, e um


leve gosto de sedução

Permitam-me escrever sobre o patético humano, e talvez para meus buscadores olhos isso seja uma tarefa muito tranqüila de ser alcançada, porque não sofro por excesso de humildade e convenhamos quem já consegue enxergar o próprio ridículo deu alguns passos na fuga do raso e trivial da existência ordinária, sem sentindo,sem alguma espiritualidade. Falo isso com a delicadeza de um discípulo de Sade, é inescapável, apreciador profundo do bizarro, jamais me furto a oportunidade de assim exercitar na pena digital, os monstros cabíveis de minha imaginação. A muito me disseram que era um pouco chocante, mas decididamente eu não sou nada ou ninguém comparado a realidade da vida, repleta de requintes de crueldade e burrice é infinitamente mais chocante que minha baças historinhas!
Nestor era um cara absolutamente comum, dessas boas pessoa que se esforçam para ganhar a vida honestamente, tenta dar o melhor para sua família, muito embora as condições de sua vida eram difíceis, mas por assim dizer havia alguma felicidade (na vida de ninguém a felicidade é um prato servido de forma absoluta, a felicidade esta presente neste momento e agora, mas nós colocamos tantos embargos a ela que praticamente a tornamos impossível mesmo amanhã...), Nestor era casado com uma mulher simples e eles tinham uma filha chamada Augusta pequena com três anos de idade. Orgulhosamente seu pai lhe ensinara a profissão de pedreiro, e trabalhava assim tranqüilo feliz sem esperar nada que fosse uma expectativa grandiosa da vida, era chegar em casa abraçar Sueli sua esposa, brincar com a filha, bebericar uma cachaça e talvez a noite fazer amor gostoso aos suspiros de Sueli!! Como disse vida simples, para ele era feliz, sempre tivera bons princípios morais, era fiel a Sueli, não era desonesto em momento algum mesmo que lhe surgissem oportunidades (coisa muito rara, hoje existe um elogio ao que é desonesto de forma que ser honesto é um atestado de imbecilidade, coisas dos tempos modernos de virtudes tão parcas...).
Tudo ia bem e seguia melhor ainda, Nestor começara uma nova empreitada, trabalharia no cemitério municipal, fazendo jazigos que davam passagem para o “além”, ria feliz e ironizava em sua filosofia barata que ele dava descanso aos que partiam, aos que como diria um bom gaudério, “aqueles que encilhavam o cavalo em direção a estância de São Pedro...”,e outras piadinha que fazemos sobre a morte, talvez numa tentativa de fazê-la parecer mais agradável, fuga breve de nossa realidade final.
Quando chegou na sexta feira o patrão pediu a Nestor que ficasse até mais tarde em função do ronda precisar se atrasar-se um pouco, ele faria as vezes de segurança, avisou que tinha um corpo sendo velado, mas que os familiares estavam por ali e tudo estava calmo mesmo, afinal um morto, para onde ele irá mais??Há,há,há.
Ficou Nestor relaxado, e caminhava para ajudar a passar o tempo, mas então como sói poderia acontecer em circunstancias especiais, existe a tentação, já que estava de bobeira iria aproveitar para bisbilhotar o corpo, que como ele tava ali de bobeira por ali!
Eu sempre digo, nunca faça coisas que lhe sejam um desafio sem saber o que ocultamente existe nas subjacências de tais coisas, corra perigos calculados, assim Nestor foi, quando seus olhos encontraram os olhos fechados da morta em questão, ficou supreso! Embora a circunstancia fosse triste, a morta era linda, rosto claro, cabelos negro, maquiada, em vestido negro lhe cobria o corpo e as duas mãos sobre o vasto busto dava a impressão que iria levanta-se, talvez levitar, magra como uma modelo.
Nestor ficou perturbado com tal visão, como podia uma morta ser tão bela e gostosa? Ironicamente lembrou-se da mulher Sueli que embora viva não tinha atributos de uma beleza incomum, em seu coração e mente criava-se um conflito canalha e tipicamente masculino, a morta era mais interessante que a viva ,ao menos fisicamente, pensamento estranhos vinham-lhe na cabeça, fazia comparações, aquela mulher linda,bela e parecendo cheia de vida estava morta,e sua mulher viva e tão apagada e sem graça parecia morta!
Neste momento o ronda noturno chega para rende-lo, e também lhe arranca de aprofundar tais pensamentos.Sinceramente eu não coloco a mão no fogo por Nestor mesmo sendo tão respeitável e fiel, de minha parte se Dolores a morta lhe desce uma piscadinha nossa historia poderia tomar outros rumos(ficaria com um final digno do Marques de Sade), mas o patético humano é exatamente assim, por vezes a tentação existe, boas tentações, péssimas tentações e por ética, escrúpulos ,moral,tradição ou qualquer outro nome que você queira dar ficamos ligeiramente paralisados, sinceramente não julgo uma coisa ou outra, apenas não gosto de quem fica com a bunda quadrada por estar sobre um muro a vida inteira, para no final dar-se conta que o que fez estava errado, respeito os maus, respeito os bons só não respeito os omissos, esse são um verdadeiro dano.
Naquela noite Nestor chegou em casa, beijou Sueli com um beijo morno, mas a noite depois que sua filha adormeceu, eles fizeram amor gostoso como sempre.

Paz e luz em teu caminho.
Luis Fabiano.

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