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terça-feira, agosto 19, 2008


Predador de silêncios

Em tudo que fala cala fundo na alma, minha e hora tua.
Buscador de silêncios eu sou.
Quero ouvir o que não é dito e dificilmente entendido, não quero vozes simples em canto de modorra desafinada, quero o que é relegado, deixado mesmo, esquecido por torpes e incautos ouvidos.
Minha espreita, de passo recluso lento deixo-me apenas fitar, fitar-te, talvez na ânsia profunda de pegar...agarrar...tirar o que nutre,fazer de ti minha sublime vitima da paz que nos une.
Também não quero sussurros falsos e emulação de silêncios, tive e tenho meus fingimentos, como predador é preciso camuflar-se, ocultar-se, tática que nos mantém íntegros e plenos em força e coração.
Depois de toda a algaravia barulhenta e distorcida, tenho sede, meus ouvidos anseiam por não ouvir, e meu coração se satisfaz com o som do seu próprio bater, minhas mãos querem apenas riscar o éter como vôo do Peregrino que rasga os espaços.
Nunca fui de discussões inúteis, tempo morto e perdido desgaste de restos que não levam a lugar algum,não há o que discutir, quando se tem maduros pensamentos e algum entendimento, se foca no que ilumina, e não perde em meandros.
Posso dizer que hoje escuto muito pouco,prefiro o impronunciável, o teu segredo e quem não os tem?
O tempo aprimora as vezes, antes gostava de me ouvir falar, e falava e falo aquilo que não tem importância alguma, o que passa a margem decrépita da vida, o que ouvidos não cansam de ouvir, sou apenas um despretensioso e desimportante Tigre solitário, ouvidor de silêncios, o firo por minhas básicas necessidades, simplesmente viver.
Mas como planta ainda tenra e tremula, o ensurdecedor barulho já me satisfez, tudo o que dissonoro fosse, berros estridentes, vozes intermináveis que falam, argumentam, defendem, acusam e depois esquecimento...silencio, calam-se.
Aprendi com algumas pardas experiências, que muito do que é dito simplesmente é falso, fixado em condicionamentos, “respeitando” os parcos limites que o padrão impõe,é certo, correto, bonito, limpo e polido demais, asco de tanto barulho.
Pois quem desconhece-se, que pode dizer de concreto?
Como criança que balbucia na aspiração de palavras mais nítidas, assim é a grande maioria de nós, quem ouve apena as palavras, se esquece dos silêncios.
Mas quem quer ouvir meus silêncios?
E ao fundo nada mais..nada mais, apenas quietude.

Paz e luz em teu caminho.
Luis Fabiano.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá escritor, vejo o teu blog a algum tempo e as vezes parece que escreves com a alma e de outras vezes com o pior de ti, isso é estranho, mas parabéns tenho a impressão que teu blog é unico,as vezes me da raiva e outras provoca ternura, era isso...

Marisa.