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segunda-feira, março 31, 2008


O Guru, Ravi Shan

Não opomos duvida que a realidade é muito mais criativa que a ficção criando links onde as densas passagem se fazem trancadas a sete chaves, tanto que as vezes me questiono sobre o que é a realidade e onde iniciaria a ficção, nosso mundo atual é totalmente surrealista, alguém tem alguma duvida disso? Existem tantas coisas que são “reais” que mais parecem egressas de obra de fabulas, pela intensidade, pela grandiloqüência e pela dimensão que atinge em nossos sentidos mais periféricos, você tem duvidas que algumas obras advindas de nosso mundo “real” são mais fantásticas que a ficção?
Um bom exemplo disso, é apreciar os tipos de violência que temos hoje, a comparação de valores humanos X financeiros, o que são prioridades para os ditos sistemas que governam os principais países do mundo e por ai, a exposição da miséria mental ditada pelo meios de comunicação cuspindo “realidades” a torto e a direito, não parece algo longe da realidade embora seja realidade ? Só de pensar me da um nó nas tripas, de forma que duvido, para alguém como eu que olha os outros com olhos de amanhã, não temos duvidas que ficção e realidade se imitam mutuamente!!
Foi em um bar que o conheci, era um tipo comum sendo absolutamente estranho ao ambiente, usava roupas comuns nada diferente, um jeans surrado, alpargatas, e uma camisa de linho branca larga que lhe dava um ar de pai de santo de plantão, os cabelos longos e presos, uma barba a nazarena emoldurava o rosto repleto de profundidade disciplinada, mas o que mais me impressionou foi o sotaque, falava quase português arrastando um russo de final, é uma coisa estranha a vontade que tinha de falar,parece que quando mais dificuldade alguém tem em falar é justamente o que mais deseja. E assim fiquei de expectador observando ouvindo sua logorréia em um idioma estranho, tomava cerveja e estava já diante um grupo de pessoas a sua volta admirada com sua historias, dizia-se um guru do sexo tântrico, que havia vivido na India, que tivera um Mestre, que havia despertado os centros de força e outras coisas, mas cá comigo eu não sabia,era algo surrealista demais para ser verdadeiro, entre as coisas que contou era que conhecia técnicas para fazer sexo por seis horas consecutivas e gozava sem ter ejaculação o que segundo ele então a pessoa era guindada a um estado superior de consciência Universal, o qual se integraria a consciência do Divino, pensei comigo, tudo aquilo era grande demais para uma mesa de bar acompanhado de meia dúzia de vagabundos pseudo intelectualóides, conforme é a maioria das pessoas ditas inteligentes e Cults de minha cidade, mas vá lá, de repente posso estar sendo cético demais, de repente ele poderia ser isso e muito mais, deixe-me levar pelos os vapores da cerveja e pela burrice coletiva para ver onde a toca do coelho iria me levar.
A noite avançou e então nosso guru cansou e ergueu-se, pagou a conta e foi embora arrastando seu corpinho “iluminado” para longe do Bar, minha desocupação era enfadonha naquele instante, decidi acompanhá-lo de longe para ver.
Quando ele então estava longe do Bar, começou a sentir-se mal, apoiando-se em um poste vomitou até a sua Alma Universal Inteira, e ao parece que o vomito tem um efeito psicológico nas pessoas, naquele instante praguejou em um português perfeito, sem influências Soviéticas e dei-me conta que conhecia o Guru Indiano que intitulava-se Ravi Shan, era meu amigo de infância Marcelo,o rolha de poço, conheci pela entonação vocal, ele sempre reclamava daquele jeito, mas faziam 25 anos que não o via, então em um átimo não me segurei e disse Rolha é você? Ele olhou para o lado e tentando manter o Guru ainda vivo em si falou em russo alguma coisa, eu me aproximei rindo e disse para com isso rolha, sou eu Fabiano estudamos no primário etc...Mas não adiantou, ele me deu as costas e negou em russo, e foi-se embora cambaleante, e toda a comunhão com o Universo estava ao lado do poste, onde fatalmente terminam muitas idéias “geniais”de nossos pensadores modernos, a farsa tinha acabado.
Eu conhecia um pouco de sua historia real: Sempre fora um mentiroso amador,tinha muito peso e nunca participava de nada, ficava calado em canto, não possuía amigos,quando falava dizia coisas espetaculosas fora do comum, eu o achava divertido, como acho isso a maioria das pessoas que falam serio de mais,só eu, escutei umas três versões sobre as peripécias de seu pai, e de sua mãe, que gostava de coisas Indianas e que fazia meditação, e segundo ele levitava sobre o carpete de sua casa, mas a verdade é claro não era essa...,seu lar era desajustado,ele não era um filho esperado, ele era o resultado de um desespero, um erro, devo concordar que ele era um erro mesmo, sua mãe era inconseqüente e seu pai era um bêbado inveterado,que eventualmente lhe batia na cabeça e o chamava de gordo, e claro como vocês sabem é assim que se cria um Guru bêbado do sexo.
Onde isto no leva?
Simples, ele era o resultado do mundo moderno, atual,não havia poesia, ele era uma vã tentativa de ser mais ou menos normal, como você!


O texto era para ser cômico, divertido mas por fatalidades do destino de cada coisa não tenho controle, um personagem nasce e passa a ter vida própria e muito embora eu quisesse gargalhar com ele,mas no momento que a farsa olha-se nua no espelho e descobre a si, e naturalmente quando descobre-se morre, quando você descobre-se um pouco algo em ti morre.
Hoje não gargalhei, mas uma lagrima ficou presa na garganta, num misto de compaixão e asco.

Paz e luz em teu caminho.
Fabiano.


Para mais informações do tântra:


Um comentário:

Anônimo disse...

Aprendi muito