Pesquisar este blog

terça-feira, dezembro 11, 2007

Conto de Natal – 2

Não vou falar daquilo que o natal em nível objetivo é, falarei daquilo que ele não é para nós, não entrarei no papo furado de espírito de natal porque você bem sabe o espírito de natal tirou férias a muito tempo quando você não teve grana para comprar os presentes que queria ou atender alguma vontade de sua mulher,filhos ou assemelhados, então fazemos algo para compensar nossa frustração falando de espírito de natal, enquanto as mesas lautas abundantes de comida e bebida falam de nossa fartura objetiva em contradição de nossa imensa miséria subjetiva, de nossa pobreza espiritual, nossa mesquinhez mental e moral...bem mas isto é pura perda de tempo, nos corrompemos e tudo a nossa volta de certa forma perdeu a pureza e o encanto.
Lembro de minha infância, onde nos reuníamos na casa de minha avó um ritual que repetia-se a todo natal e embora as imensas divergências de família naquele dia todos estavam ali para de alguma forma capturar o espírito de natal nem que fosse na força, entre nossa infantis risadas e as naturais preces, bem que se me lembro na época existia ainda troca de presentes, mas o natal é algo cruel, o dinheiro vai escasseando e hoje em dia nem uns poucos presentes existem, tudo muda e quanto ao espírito de natal, bem deixemos para lá, com o tempo as coisas não tem mais como serem disfarçadas, com a perda de nossa inocência perdemos muitas coisas também entre elas o prazer de celebrar por celebrar, a celebração hoje precisa de adornos externos porque falta-nos a veracidade interna que triste, talvez este seja um dos motivos que curiosamente as musicas de natal sejam tão tristes, você já escutou a NOITE FELIZ , no coro de crianças pobres no calçadão de nossa cidade?Ou em qualquer lugar, o tom monótono e lânguido da canção repleta de tristeza, noite feliz e ironia de noite infeliz.
O curioso de tudo isto todos, rico,pobres,remediados e etc... querem ter um natal idênticos a família a volta ainda que contrariado,comida e bebida a farta mas o que exatamente estamos celebrando mesmo?Muitos de nos não sabemos, fazemos isto anos e assim é, fica bem nítido que não entendemos ou sabemos nada.
Enquanto as luzinha de natal piscavam ao largo das casas,tudo que João queria era sair do hospital, grande tinha sido seu desafio, lutara contra a doença de forma dramática, por vezes em seu coração achava que iria perder, aquela dor sempre próxima ao peito nunca passava, precisa ser assim? Agora era dezembro pela janela do hospital ele observava as luzinhas piscantes que desafiavam as estrelas na imensidão do céu, nossa queria tanto levantar daquele leito e simplesmente sentir-se vitorioso.Sua fé era inabalável,não iria perder aquela batalha.Os dias se passaram então no dia 24 dezembro seu médico disse-lhe:Sr João hoje o Sr terá alta, o Sr conseguiu vencer, esta em plena recuperação e agora é melhor estar junto aos seus , vai seu João, vai em paz.
Aquele era o dia mais feliz de João.
Saiu da hospital e voltou para sua casa, e como era esperado não havia ninguém o esperando afinal nunca teve uma família unida todos estavam voltados para suas próprias vidas e nada mais,ele sabia disso e entendia afinal quem estava doente era ele e não cabia a ninguém a responsabilidade por isso.Entrou em casa a tardinha em silencio e só, descansou brevemente, casa vazia e estranhamente em seu coração havia paz, havia tranqüilidade e sobretudo sentia-se feliz o vazio da casa não era nada pois dentro de si plena satisfação de um guerreiro que encontrou-se com a gloria de vencer-se a si mesmo, o que torna tudo o mais mero coadjuvante com que partilhamos o nosso melhor estado de espírito, se não existir a plena satisfação em si, tudo o mais é mero adorno feito de luzinha piscantes e arvores com neve feita de algodão.

Paz em ti.
Fraternalmente.
Fabiano.

Nenhum comentário: