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segunda-feira, setembro 17, 2007

Pintura borrada...

A visão é turva e mui confusa, não é por querer, é simplesmente por total incapacidade, não poderia dizer mesmo que não existe um desejo, sim talvez exista, este também é muito difuso, e mescla-se a um emaranhado de si mesmo, como a teoria do Universo Emaranhado, ligações ocultas de si com tudo o que existe, inegável quanticamente.
Mas trazendo isto para o mundo tangível das formas, as pessoas simplesmente não conseguem enxergar-se em nenhuma instancia da vida, e quanto o fazem trazem implícitas em sua apreciação a verdade de tudo aquilo que não é, mas antes sim gostariam que fossem,tintas pesadas, cores carregadas, traços grosseiros, linhas disformes e o pior a total ausência de alma, uma obra assim não passa de um cadáver que emula a vida!
É sabido que o drama existencial é o mais fantástico e magnífico da vida, laboratório oculto onde alquimizam-se sentimentos e talvez pensamentos, mas sobretudo, atitudes para consigo mesmo, isto é inegável, no entanto tudo tem sua devida medida, ponto de equilíbrio para não exacerbar-se em notório ridículo, eis ai o momento que todos perdem o ponto.
As pessoas falam naturalmente umas das outras, de humano para humano e neste falar dizem tudo de si mesmas, carregam nas contexturas que mais lhe aprazem fazendo a descarga de si no que é nada de si, limitação de pensamento e emoção, estreiteza feita de mediocridades. arrogâncias e preconceitos anacrônicos,nossa pintura de si e outrem são um borrão, a exata proporção de nossa inabilidade de escolhermos as cores, os pinceis e é claro a tela, ao final da arte, não sabe-se se foi Picasso, Salvador da Dali, Magritte,Leonardo ou outrem ou todos ou nada, porem algo é certo, quem é o autor deste quadro mesmo ?
Tu quando falas de coisas, narras a exatidão perfeita daquilo que realmente é? Não. A isto misturas tudo,tuas frustrações, invejas,tristezas, sonhos fugazes, medos , ironias, julgamentos, crueldades, malicias ,egoísmos, vaidades,sarcasmos, ignorâncias e claro um pouco de burrice herdada.Naturalmente aprendi a lidar com estes tipos, que são noventa e nove por cento da humanidade, simplesmente não acredito em nada que me dizem em primeira instancia, ou então simplesmente pondero sobre os contrários daquilo que a pessoa me afirma e desta forma tem-se uma peneira, e o que é essencial e real fica, não creio no ser humano de forma alguma, nem no passado, no presente ou mesmo no futuro, todos são estranhos a si mesmos,acham que eu estou errado? Se julgaste acabaste de cair na cilada de ti mesmo,naturalmente previsível!
Sim, algumas dores são reais e outras tantas são ilusórias, criação mal procedida, feto em má formação...o humano cria seus monstros feitos a sombra daquilo que não é.
Mas nada é uma determinação, nada, tudo que existe pode ser alterado, não no mundo, mas em si, a grande chave,e talvez do borrão mal sucedido torne-se fundo para uma nova pintura, talvez as cores carregadas da tua alma percebas a intensidade em que sentes as coisas, talvez após longo enfado de tudo é bizarro e vil, finalmente almejes as estrelas, sonhes com o infinito com sois que brilham mas não queimam a retina, mas o quanto desejamos isto? Sacrifício amigos, obter-se a contemplação da vida bela, real e profunda requer mergulho, busca intensa, inteligência e sobretudo carinho para consigo mesmo, a única primeira e verdadeira caridade possível, a outra, bem a outra é filha menor desta, a caridade para outros seres é o perfume da flor desabrochada em ti,aroma natural, livre e amoroso, como tudo que é verdadeiro.

Aos que fazem da arte de viver sua obra máxima, aos de traço incerto e vacilante, aos borrões eternos.
Meu profundo carinho

Fraternalmente
Luís Fabiano.

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