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quinta-feira, março 01, 2007

Mar dos eucaliptos

“... ao longe dois personagens imersos em uma vaga de energia leve e bela e algo dolorida, aqueles que entendem, sabem que o mundo da felicidade é uma ótima piada, mas nossos personagens indiferentes ao movimento alheio, para sua admiração apenas Pica-Paus de cabeça vermelha em observação, sentinela permanente a dizer sempre que todo o cuidado é pouco, os inimigos estão presentes, ao assovio a atenção é plena e cativante, que seria isto? Não, não era o piar soturno de algum inimigo era o nosso carinho, amor e admiração pela grandeza.
Ao alto em finos galhos, gaviões, expressão de força e por vezes rudeza,inquietude de quem sabe a força que tem, mas ainda sim belo, pois, é preciso saber olhar, e observar as coisas, contrário dos esteticistas hodiernos pajés de uma beleza volátil, a beleza, o encanto verdadeiros é algo não que se pode perder ou ela existe ou jamais terá vez. O restante, auto-engano de pseudo-belos, mentirosos da feiúra.
Local de comunhão, embora presente está ausente parte de mim e de ti e da vida.
Imponente, belo e invisível aos olhos indiferentes a tua grandeza, é na percepção sutil que manifestas tua prodigalidade, mas aos ímpios és apenas um local, como qualquer local, como o Himalaia é apenas um local, indiferente.
Onde reside a sensibilidade ?Na pedra morta ? É claro.
Nossos personagens abrem o universo, descobrem a vida, removem os véus e o Sagrado revela aos poucos a sua face real, as máscaras ali não são necessárias, descansar os gatilhos e apenas Ser.E apenas Ser.
Ao final, caturritas fazem o seu estridente coro anunciando a hora da satisfação, alimentados uns a ser alimentados outros, mas é hora de partir, de morrer, eis nossa felicidade, diria uns, permanecer neste local para sempre seria o ideal, diria eu permanecer neste local seria profana-lo, jamais queremos perder algo, mas ao fazer assim é que justamente o perdemos, profanamos.

Unicidade permanente.

Fabiano.

Um comentário:

Anônimo disse...

HORIZONTE

O mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o Longe, e o Sul sidério
'Splendia sobre as naus da iniciação.

Linha severa da longínqua costa —
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstrata linha

O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esperança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte —
Os beijos merecidos da Verdade.
(Fernando Pessoa)

Mergulhando no mar de eucaliptos lembrei de um poema de Pessoa...tão belo quanto...

Sheela