Rua Álvaro Chave n 100
Pesquisar este blog
terça-feira, junho 11, 2013
Clarice
Clarice
E seus olhos estavam tristes...
Não trocamos uma única palavra
Não sei de Clarice
Não sei de mim
Clarice sorri...
E o tempo berra entre nossas distancias
Clarice fala
Eu falo...
Clarice se queixa...
Vida em desalinho, o ontem em breu
Eu escuto Clarice
Clarice me cansa... Se cansa
Tento ver em Clarice uma beleza...
Clarice tornou-se aquelas mulheres que não despertam
nada...
Clarice meio morta... meio viva...
Sem cheiro de femea, sem cio, sem brilho...
Clarice entoa a sua musica... dor, remédios e câncer...
Em algum lugar, mãos amarradas...
A impotência diante da grandeza
E Deus troca de lugar com o Diabo
E a vida se coagula em sonhos arrancados...
Raiva de Clarice... Raiva de Deus... Raiva de tudo que é
assim...
Clarice se abraça em mim...
Eu não tenho nada em mim...
Queria que ela fosse a vampira então...
Sugasse de mim o que precisa
Os excessos se calam...
As emoções deslizam sorrateiras para fora do peito
Clarice adormeça...
Clarice sonhe...
Clarice voe...
Queria ser a ponte dando passagem a afagos e ternura
Mas sou o louco devorando a noite
Bebendo do fel e do mel...
Clarice me olha nos olhos...
Clarice chora...
Eu também choro...
Eu preciso ir...
Clarice também...
Partimos... engolidos pelo tempo
Hoje não sei de Clarice...
E ela não sabe de mim.
Luís Fabiano.
segunda-feira, junho 10, 2013
Navalhadas Curtas: Mauro e um alvo móvel.
Neste sábado a tardinha, estive com Mauro, e outros
amigos. E como era de esperar, depois que o whisky começou a trabalhar, as
risadas ficaram mais altas... O soro da verdade fez seu efeito fatal, então:
-Tais sabendo a do travesti?
-Não... sei de nada não...
-Vou te contar... é...
Fiquei fazendo cálculos... Mauro tem sempre muitas historias...
lembrei de uma do “leitinho” também...que ele me contou em outro momento...mas
va-lá, seguiu:
-Estávamos dando aquela banda clássica pela Barão de
Santa Tecla, tá ligado né? Ali na esquina da daquela empresa de motos... Coisa e tal... As
travestis ficam ali à noite... Esquininha famosa... (há,há,há)
-To ligado... mas e ai?
-Tava passando ali de carro, bem devagarinho com meus brothers...
e então uma delas, virou de bunda pra nós, baixou a saia... Expondo o olho de “Thundera”
e disse: esses gurizinhos de merda com essas piroquinha de nada... Come aqui
oh?! (mostrando o alvo, o cu)
-Legal... Coisa elegante hein...
-É... Foi nada... Quando eu ouvi isso... Dei uma travada
no carro... Desci, tirei a mangueira pra fora... e sai correndo atrás dela... Piroca
batendo... e tal... E a travesti como se fosse uma sirene aberta gritava: socorro...
socorro querem me estuprar...querem me estuprar...
Mauro fez uma expressão de machão e finalizou:
-Ué... Quem mandou provocar...
Luís Fabiano.
domingo, junho 09, 2013
Navalhadas Curtas: Prova de amor
O desgaste já estava nos permeando, então parece que tudo
provoca. Que merda. Nos provocávamos, e tudo era uma prova final.
As vezes gosto que as coisas virem merda. Eu bebia rum, via
teve, pés na mesa de centro, coçava o saco... Estava na paz de Buda, aleluia!
Ela andava com uma vassoura, de um lado para o outro, eu
estava já naturalmente irritado, limpezas são insuportáveis, então veio o
torpedo:
-Fabiano... Tu me amas?
Mentir é mais fácil... Mas a verdade veio a tona como um
vômito incontido.
-Não...
Segui vendo tevê, e ela não pareceu acreditar, fez aquela
cara tipicamente incrédula... Cara de abdução... e seguiu firme:
-Mentira tua... tu me dá uma prova de amor?
A vida é um exercício de criatividade, às vezes. Tudo
bem, pensei... Abri o zíper e tirei o pau pra fora.
-Amorzinho... Vem aqui... Heim... Vem... ”totoza”... Vem
malhar o ferro... vem beijar o rabo do capeta...heim...hum, hum...vem...
Eu fico ali, balangando o pau, numa dança do acasalamento...
enquanto ela me olha escorada na vassoura... Então ela sai da sala de-repente, a
porta do quarto bate.
Puta merda, as pessoas não sabem se divertir.
Luís Fabiano.
sábado, junho 08, 2013
O celular é uma Porra
O celular é uma porra
As noites são os Pentelhos de Deus
Puta que o pariu! Estamos fudidos ! É sempre assim...
quando se esta por ganhar... fazer a coisa acontecer, algo sai do tom... e
desbancam universos, tudo muda. Ok. Aquela gente é absolutamente desconhecida
para mim. Sou estranho em qualquer parte que vou, não reajo é assim. Você por
você mesmo, ainda que pense que não. E esta certo. Os outros seres humanos são
meras consequências. Mas atividades ilícitas sempre causam uma adrena paralela.
Normal. Você olhando a bunda de outra quando a esposa tá do lado... ali a coisa
era um pouco mais grave.
Estávamos em produção. Puta que pariu, como me meti com
isso? Sei lá... aconteceu e agora foda-se. É assim... vou vivendo momento a
momento. Se você quer, é assim. Uma mulher muito gorda... com cheiro profundo
de bacon, era a comandante da produção... eu o chefe. Então subitamente... nos
todos ouvimos umas sirenes... toda e qualquer sirene a gente tem ficar
alerta... sirene nunca é uma coisa boa.
Vou correndo até a janela... a lei estava lá fora,
armados ate os dentes, pensei: agora deu... sem fuga, sem saída...sem nada. Mas
nestas horas você não pode reagir... é preciso pensar com calma...sem perder o
controle, isso te dá credibilidade diante de qualquer pessoa, disse pra gorda:
-Gorda... relaxa ai...fica bem calminha...ok?
-Fabiano...a casa caiu... vamos morrer no xadrez...
-Porra nenhuma... se
for pra morrer... morre-se agora... e hoje... nada de morte a prestação...
Gorda agora chora, esta aterrorizada. Já fiquei
aterrorizado tempo demais... hoje você aprende a relaxar. Vi coisas, vivenciei
coisas que fariam vocês ficarem de cabelo em pé.
-Gorda, fica quietinha eu vou lá falar com eles...
Abro a porta, estou calmo, cumprimento os policiais...que
estão a uma distancia no portão de entrada:
-Boa tarde senhores... o que esta havendo ?
-O senhor é dono desta propriedade?
-Eu mesmo... porque?
-Porque recebemos uma denuncia anônima, que havia um
ponto de drogas aqui...
-Que isso? A única droga que tenho aqui é o capim que tá
nascendo por todo lado...
-Bem, será que seria possível fazermos uma verificação ?
-Não é possível.
Senti em mim que nada ia dar certo... nada mesmo. Então
eu tomei a decisão... vamos todos morrer, porque a morte é mais digno, que ser vilipendiado
pela sociedade. O morto parte, o que fica são memórias facilmente esquecidas, você
cai no nada existencial... como a poeira do deserto.
-Então nos vamos invadir... este é o último aviso...abra
por favor...
-Não...
E fiz uma menção de pegar um armamento... não houve tempo
de piscar os olhos...e uma bala transpassou meu cérebro... la estava eu...
morto antes de chegar ao solo...
Puta que pariu...puta que pariu...
Acordo em sobressalto... sentindo o sangue escorrer na
testa... e o buraco aberto... vou caindo em mim... filho da puta, outro maldito
pesadelo. Isso começa a me incomodar. Não gosto nem de sonhos e nem pesadelos.
Muito cedo em minha vida, matei todos os meus sonhos, o que permitiu ver melhor
a realidade. E agora estava as volta com pesadelos... e sonhos. Foda-se.
Fiquei tocando minha testa. Tava tudo em ordem. Aquele
cara do sonho era foda... mas estava acabado. Eu estou aqui... ao menos ainda.
Esfrego os olhos... e levanto da cama. Madrugada alta...
vou até o cozinha, bebo agua...peido forte, estou sem roupas, e o frio começa a
me pegar. Vou até a janela da sala, a Pelotas dorme, dorme o sono dos broxas...
o frio invade tudo, penso em ir pra rua. São agora quase cinco da manhã...
penso em toda a mão de obra... vestir-se, pegar o carro... circular por aí e
fazer uma tentativa de achar uma puta decrépita, e então amar...amar...amar...e
depois torcer para que a cama tenha uma catapulta... que você aperta o botão...e
ela voe pela janela... é Fabiano... isso é muita mão. É mais fácil abrir a
internet... olhar alguma boa putaria qualquer... você bate uma punheta... e
depois, uns três ou quatro jorros bem bons... tudo se acaba. As coisas sempre
se acabam... ainda pouco eu havia morrido.
Pego o celular, tem uma mensagem brilhando no silencioso.
Quem seria? Vejo o horário que chegou, era as três e quarenta e sete da manhã.
É o que sempre digo: nunca procure algo... você acaba achando, a mensagem era da
Inês.
Bem, a Inês foi alguém quem que tive um caso. Mas a
coisas degringolou, porque ela era instável, louca mesmo, tomava uma porrada de
remédios pra cabeça... e as vezes colocava whisky na parada, bem e ai
despirocava de vez. Uma quarentona com a cabeça de uma menina de doze. Mas o
que ela tinha de bom... o corpo e boca. Ela deveria ser professora de boquete.
A técnica dela é algo... é lenta...suave, coloca inteiro na boca... e vai
sugando da base do pau para a cabeça... e depois inverte... e quando esta com
ele todo na boca, ela acha espaço para colocar a língua de fora e lamber as
bolas. É uma acrobata da arte oral.
Na mensagem dela isso: Fabiano... se estiveres pela noite
me avisa... porque to me sentindo sozinha... e acho que a vida não tem
sentido...
Porra... que ela espera que eu responda: que a vida tem
sentido? Fiz as contas... ligava ou não?
Mandei uma mensagem otimista pra ela: Inês, fica
tranquila, a vida realmente não tem sentido... vá dormir e amanha a gente vê.
Deitei novamente, decidi voltar a dormir. O telefone
toca, eu não creio:
-Aloooo...
-Fabiano...tudo bom? Tu ta acordado?
-Não... eu to dormindo...e inclusive até já morri hoje...
-Bah cara... porque falar deste jeito? Bah to precisando
de uma força...
-Porra Inês... força as cinco da manhã? Que foi... a
geladeira estragou? O vaso não ta dando descarga... qual é?
Ouço lagrimas do outro lado da linha. E me senti batendo
um pênalti. Mas com toda certeza nesta noite fatídica eu não gritaria gol. Eu
era um fudido... melhor sou um fudido. Respiro profundamente, o mar de
impossibilidades brilha no horizonte, entre a densa escuridão da noite...caos
sorri e fagulhas de felicidade...trincam a alma.
-Inês... diz ai... que foi?
Ela assoa o nariz, suga o ranho que não saiu pra dentro
de si.
-É a que minha vida não tem mais sentido cara... não vejo
motivo mais pra fazer mais nada...
Definitivamente aquele não era um caso pra mim. Não sou
terapeuta, psicólogo ou psiquiatra. Então era encaminhar para alguém que desse
jeito.
-Sei Inês... e ai, o que tu pretende fazer?
-Nada... eu não quero fazer mais nada... apenas morrer...
Difícil a morte não pintar, bem agora ela estava ali. Não
quero alongar este assunto. Então manipulei a verdade.
-Bem, Inês todos vamos morrer... é esperado, uns mais
cedo e outros mais tarde, então fica tranquila. Mas creio que deverias
conversar com alguém... porque isso pode ser um sinal que os teus remédios não
estão funcionando bem...quem sabe? E você precisa dos remédios funcionando.
Ouve um silencio na linha, ela parecia pensar talvez.
-Tu não podes vir aqui dormir comigo?
-Não posso...
Então subitamente ela ficou agressiva.
-Tu não pode é? Tu não podes é? Tu é um merda cara... um
idiota... metido... tu é louco cara...tudo é podre...há,há,há...
Já conhecia aquele filme. Puta que pariu, o pesadelo agora
era a vida e real... desliguei o telefone na cara dela, de desliguei o
telefone.
Tudo me cansa...os normais me cansam, os anormais me
cansam...os que ainda não sabem o que são me cansam. Indefinições são uma bala
no peito, o cão late para um dono ausente e telescópios não conseguem ver
Deus... eu não consigo, você não consegue... todos temos nossas loucuras e tudo
isso passa. Onde estaria o meu sono.
Luís Fabiano.
quinta-feira, junho 06, 2013
Brenda Lee Di Fourton
Teaser – Brenda
Lee Di Fourton
Fio da Navalha teve a honra e o prazer, de conversar com
a Brenda Lee. Aqui, uma pequena amostra do que vem por aí.
Curtam e aguardem, pois é uma entrevista inédita repleta
de intensidade.
Senhoras e Senhores – Brenda Lee.
Luís Fabiano.
quarta-feira, junho 05, 2013
Navalhadas Curtas: Banda no Cemitério
Eu estava caminhando nas imediações do Cemitério, lá no
Fragata, quando encontrei Marceli. Gosto de putas arrependidas.
Ela era uma delas. Nos abraçamos, fazia tempo que não nos
víamos. Todos temos um passado... Às vezes mais de um, quem não deve é um
mentiroso:
-Marceli... Por aqui? Tudo beleza?
-Fabiano... sim...que bom te encontrar.
Notei o quanto ela estava séria. Antes faria escândalo,
talvez tirasse a calcinha ali na rua. Ela já fez. Trepei com ela na antiga
pista de skate. Bons tempos. Já foi.
-É Marceli... que tu fazes por aqui?
Ela sorriu triste olhando para o cemitério, eu senti que
deveria tirar o pé do acelerador.
-Tu indo visitar meu companheiro... (apontou para o
cemitério)
-Desculpe Marceli... Não quero incomodar...
-Não gostarias de ir comigo?
Achei que devia esta gentileza... E educação. Fui. Quando
chegamos ao túmulo do marido de Marceli, tudo muito cuidado, como se ela
tivesse cuidando de um vivo.
Flores em perfeita ordem, frescas, limpo, a foto sem
poeira. Aquilo me tocou. Ela ajoelhou, ficou em silencio olhando a foto do
marido... apenas o olhando. Depois disse ao marido:
-Orlando, este aqui comigo é o Fabiano... Um grande amigo,
ele veio comigo hoje.
Cumprimentei o Orlando.
Marceli estava bem emocionada, eu senti um aperto no
peito... Eu entendi tudo.
Tenho minhas
saudades também.
Luís Fabiano.
Literatura Histérica
Literatura Histérica – ( Hysterical Literacture )
Por Clayton Cubbit
Um ousado projeto do fotógrafo, cineasta e escritor James Clayton Cubitt. Uma ideia muito original.
Colocar uma mulher lendo um livro de contos eróticos... Enquanto debaixo daquela mesa, algo bom acontece.
Em seu projeto, ele usou de vibradores enfiados nas moças, usou os namorados das moças, e outros elementos não revelados...
O objetivo é fazer com que ela leia, sem perder o foco... enquanto sente muito prazer...
A ideia é sensual e absolutamente linda.
Vou lentamente postando os vídeos... Curta é bem bacana. A Stormy é a quarta...
Boa leitura...e muito prazer.
Luís Fabiano
Eu ouço
Tudo me soa tão forte as vezes
Quanto o primeiro arranhão
Tudo me soa violento
Quanto a doença percorrendo caminhos ocultos
Tudo me soa grande...
A floresta de cimento e asfalto cala
Predadores escondidos
Como sempre estiveram ontem
Presas tremendo antes do amanhecer
Ruge o nascer do sol...
Assovia a lua cheia...
Deitam as estrelas...
Eu ouço...
Calma a aranha tece sua teia...
Frio, você pensa ainda em como fuder alguém...
Ainda há rugidos
Menos cantos
Mais desencantos
A flor secando em vaso abandonado
Esperanças moídas em na maquina...
Tudo ruge, dança e grita...
Ruídos desconcertantes
Lagrimas atômicas
A beleza sorrindo num canto escuro
Mesa na sala de estar vazia...
Teus restos
Teus gritos mudos
Tua falta...
Tudo rugi
Dentro e fora de mim...
Rugi.
Luís Fabiano.
terça-feira, junho 04, 2013
Eu, Irmãs gostosas, Challenger, brigas e ranho.
Eu, Irmãs gostosas, Challenger, brigas e ranho.
Final
Fui embora, deixando Tiago falando sozinho... Com aquela
voz meio retardada...
Quando cheguei ao Kadett, não me sentia bem. Acho que
deveria voltar para minha caverna. Fiquei escorado com as mãos na capota. Observando...
apenas observando.
Entrei no carro e fui em direção a Bento.
Dei aquela banda básica... E então o Pássaro Azul, você
tinha dúvidas?
Chego lá, tudo esta tranquilo.
É outro mundo... Deus as vezes é bom. Pedi a dose de rum, e tudo pareceu melhorar. Sabem como o lance da sorte? É, senti em mim que algo havia mudado.
Sorte virando? Sei lá. Fiquei ali um tempo... o tempo havia virado meu aliado, você faz a conspiração... a energia ruim havia se dissolvido. Agora tudo mudava. É... por vezes acho que sou bipolar...tripolar...ok. Todos temos defeitos. Mais um dose de rum estava a minha frente, e as tribos diversas estavam por lá, todos calmos, tranquilos tentando conversar e ouvir o Dvd do Luiz Melodia... porra sensacional. Noite ganha.
Comecei a conversar com a velha Célia. Uma coroa que fica dias e noites em bares. Gasta tudo que tem... e depois vende o corpo enrugado por bebidas, ela é facinha. Ela é bacana... faz um boquete sem dentadura é a coisa mais linda. Suavidade de movimento e segurança total... porque morder ela não vai! Ai você paga uma cerveja...e tudo esta acertado. Mas não... nesta noite Célia estava com grana... bebia a cântaros e fumava um cigarro atrás do outro, isso é a felicidade dela.
-E ai Célia...tudo de boa?
-É... de boa...curtindo a vida adoidado cara...
-Sei, tais nessa a muito né? Tais com quantos anos agora
velha?
-Sei-lá... mil talvez...dois...mil...
-Célia tu pretende chupar pau até quando hein?
-Sempre... pra vida toda...e quando eu tiver no caixão...
alguém pode fazer o favor de gozar na minha cara?Há,há,há...
O povo riu...eu também. Tava em casa, minha segunda casa.
-Pode deixar Célia...eu faço isso se os parentes deixarem...
-Porra Fabiano... tu é legal cara...é... porque a morte é
bacana... é espaço “pros” outros que vem... tu não acha?
-É to ligado... espaço é bacana...
Estava nessa, e ficaria assim...tranquilo vivendo minha derrota, serenamente. Havia perdido as putinhas. Você deve assumir que perdeu quando perde, tudo fica mais fácil... você sorri e a vida segue. Essa é a chave, nunca leve muito nada a sério demais... porque naturalmente tudo sempre passa, você passa... e coisas bacanas feitas, as vezes podem ter algum resultado, mas nunca espere por eles... apenas viva, viva o melhor que puder.
Célia agora ensaiava uma dança que lembrava um pagode... sentou no meu colo mexendo a bunda murcha... e todos gargalhávamos. Éramos uma grande família de perdedores.
Nisso dá entrada no Pássaro... Mirela e Milene...
sozinhas e com cara de apavoradas... entram assim...como quem foi cuspidas de
algum lugar...
Elas me veem e se dirigem até mim... estou tranquilo.
-Ei meninas...tudo bem? Que houve ?
-Porra...Fabiano...tu veio pra cá e não avisou ninguém ?
Senti uma certa hostilidade no ar. Mas sinceramente não tava nem aí pra elas, que se fodam.
-Sim... vocês se acharam na “turma” de vocês... fiquei conversando com Tiago Mongão... bem, não é exatamente isso que esperava pra minha noite... mas tá... foda-se né... mas o que houve?
-Ba, os caras ficaram loucos lá... nos levaram para um
banheiro...e disseram que iam nos comer...e depois sim... e ai fechou a maior
confusão, briga pra todo lado... te procuramos pra escapar de lá...e tu havias
desaparecido...
-Pera aí Mirela... tais pensando que sou serviço de
segurança e motorista personalizado? Porra te liga... vocês duas já são bem
grandinhas... os esporões já estão bem crescidos...então...alivia ai ok?
-Não Fabiano... não nos leva a mal...é que saímos contigo
sabes como é...
A situação havia me provocado nojo. As duas que fossem se fuder... chega. Eu tava legal agora. Então surpreendentemente a Milene a “exuparade” parecia mais dengosa agora... talvez mais drogada ou louca mesma. Veio até mim...e sentou-se no meu colo... pediu desculpas com um beijo na boca. Beijo longo... molhado...intenso. Beijo que me acendeu como um coquetel Molotov. Yes baby... vamos explodir as porras todas...incendiar as ruas.
O pau agora era um foguete para Lua. Célia, ainda dançava... gritava coisas insanas por ali. O beijo durou mais de um minuto... e não sei se foi a bebida... me senti transportado, tonto...
Quando o beijo terminou... Mirela...sorria o sorriso de
uma diaba. Conhecia aquela cara. Vadia do cão... Eva expulsa do paraíso... puta
de Jerusalém... Madalena do caralho. Não perdemos tempo.
Tudo havia mudado novamente, meu nojo convertera-se em tesão...
Como um raio do desespero, fomos para o Ap de Milene,
Mirela foi ao meu lado...e não perdeu tempo no caminho...abrindo o zíper...e
tentando sugar minha alma pelo pau. Sensacional. Fui dirigindo devagar, com
segurança... não gozaria na boca dela...não. Estava meio alterado, e a vida não
seria fácil pra elas .
Chegamos, estacionamos o carro... e fomos subindo pelas escadas... já fui enfiando a mão por debaixo do vestido delas... yes...xoxotas molhadas... a vida parece boa.
Agora no Ap, fomos tirando as roupas na escuridão...e um frenesi tomou conta de todos nós... alguém me agarrou pelo pesoço... era Milene acho... apertava com força...queria me sufocar... enquanto eu lambia a buceta de alguém... gemidos longos...alucinantes... tentava respirar e chupar aquela buceta com cheiro forte... me cansei do sufocamento... joguei a pessoa de costas em algum lugar... ouvi copos ou pratos se quebrando... segui sugando a xoxota...agora enfiando três dedos nela... tudo indo bem... alguém chorava...e ao mesmo tempo que vinha pra cima de mim... disputando a xoxota entre beijos e sugadas... um liquido viscoso escorria... por todos os lados... Milene sugava Mirela...ou vice-versa... danadinhas.
Alguém me bate na cara... isso me enfurece... procuro o
rabo de quem bateu com os dedos e acho... e sem pensar duas vezes enfio a seco
mesmo...a critura grita... grito feito de dor e prazer... depois implora para
que enfie mais fundo...fundo...fundo... eu estava bêbado demais e não conseguia
gozar... ainda sentia o liquido viscoso escorrendo... então Milene... mija
sobre nós...aos gritos... mijada acompanha de peidos... puta que pariu ,é lindo
uma mulher mijando e peidando suavemente. Não conseguia gozar.
O rum me deixa assim, meio louco, o pau fica duro... e a
gozada demora a acontecer. Agora ouvia risadinhas... Milene agora sugava
Mirela...mijada...e linda... então a coisa foi se acalmando em um tempo que não
sei exatamente precisar. Bati uma punheta... mas nada do gozo. Bem foda-se o
gozo... elas se deitaram ao meu lado...e pareciam dois passarinhos caídos... estavam
agora quietinhas.
Eu estico a mão...acendo um abajour... e vejo uma boa quantidade de sangue... relaxei... uma delas devia ter menstruado... mas não é tão simples assim. A louça quebrada no chão...pratos e copos com sangue... toco as costas de Milene... sangue seco. Puta merda, ela caiu de costas sobre a louça da mesa... dei uma olhada nos cortes... felizmente não era nada demais...eram arranhões profundos... mas ela certamente não morreria. Toco no meu pau... com o susto ficou mole. Ok, acho que era isso.
-Ei Milene... tuas costas estão cortadas...
-É? Muito?
-Mais ou menos... mas não tá sangrando mais.
-Então tudo bem... não vou morrer...que pena.
O chão era uma armadilha de vidros quebrados. Me sentia bem, elas estávamos sonadas demais, cansadas... o dia estava amanhecendo.
A noite longa de nossas vidas, não gosto de dormir de
dia, e também não queria ajudar a limpar aquela bagunça mijada... eu deveria ir
já.
E foi o que fiz, afinal a vingança veio, não como eu
imaginava. Insanidade galopante, vidros quebrados, amores impossíveis, bebidas
e a doença que todos carregamos na alma... desejos são um incêndio em um chalé
a meia noite... presas e predadores gritando na escuridão enquanto a mosca cai
na teia da aranha...
Recolhi minhas coisas e bati a porta atrás de mim... é mais fácil assim...vivo assim, sou assim, minha verdade.
Mais uma noite... ou menos uma noite. Mas eu ainda estava
vivo... liguei o motor do kadett e mergulhei no amanhecer sem poesia.
Luís Fabiano.
Um pouco de culpa e diversão
Navalhadas Curtas: Um pouco de culpa e diversão.
Minha vizinha do andar de baixo, tem discussões homéricas
com a mãe. Tenho a impressão que vivo em um pardieiro ás vezes. Talvez viva.
Somos todos iguais em qualquer lugar do mundo. Eu cagava tranquilo, lendo
poemas fortes de Bukowski. Tentando abençoar minha cagada. Então ouço pela
basculante do banheiro, a vizinha dispara com raiva:
-Tu só queres saber de rua... Não coloquei uma filha no
mundo, pra ser puta... ouviu?Ta ouvindo?
-Vai a merda mãe... sou eu quem paga tudo aqui em casa...
-Isso, isso, joga na cara da tua mãe isso... Que
horror... Filha puta e ingrata... to bem arranjada...
-Nada de horror mãe... É a verdade... é a
verdade...viu...
-Ainda por cima te envolve com esse cara aí de cima... O
negão... Tu não sabes aquilo não presta? Tu deste pra ele né?? O prédio todo
viu vocês chegando... Uma vergonha...
Naturalmente ao ouvir isso... A minha cagada trancou na
hora. Deu famoso picote! Puta merda... eu nem estava na briga, virei
personagem? Será que a puta me defenderia? Acho difícil.
-Mãe o deixa de fora disso... Ele me ajudou uma vez e só...
nada mais...e não te mete... Que se fodam a gente deste prédio...
-Sei... Foi aquele dia que ficou a noite toda fora né? E
não foste nem trabalhar, e nem levaste teu filho na escolinha? Sim... ele deve
ter ajudado muito!! Deus do céu... O cara é um marginal... Só vive na noite... deus
sabe o que faz da vida o vagabundo... Que horror minha filha... que horror...só
te mete com gente que não presta...
O cara que não prestava era eu?
Bem isso era verdade, mas quem bebeu foi ela, quem se
chapou foi ela... Quem caiu na putaria foi ela... E gostou pelo que vi. Eu fui
só uma ponte para o inferno... Só facilitei a jogada... Minha consciência viaja
com asas brancas da paz angelical... E cagando.
-Mãe sai daqui... Deixa eu cagar, por favor?! Não aguento
mais tu falando assim... saaaaaiiiiiii !
A porta do banheiro bate em uma porrada que ecoou... pelo
prédio. Voltei aos poemas.
Luís Fabiano.
segunda-feira, junho 03, 2013
Tão Forte Tão Fraco
Uma coisa é sabida: ninguém sabe de ninguém. Teus odores,
tuas intimidades, o que realmente pensas, sobre quem importa, qual a escala de
valores que aplicas a quem odeias, ou mesmo amas.
Tais coisas não me interessam na verdade. Não me preocupo
com nada, que não possa controlar, você vive, você aceita. Aceita o tornado, o
tsunami e o terremoto.
Me sinto tranquilo hoje, ainda lembrando das declarações
de Fred noites atrás. Puta merda, você nunca sabe o que esperar de alguém. Portanto
nunca se surpreenda com nada, isso é apenas humano, humana violência, humana
brutalidade, humano amor, humana raiva, promiscuidade, vícios, felicidade, paz
e nojo. Apenas humano, e esperado de qualquer um de nós, você também esta na
jogada.
Dias atrás eu estava no Bar do Sujeira. O trabalho havia
me exaurido, precisava de uma boa bebida, e jogar conversa fora com alguém, de
preferencia desconhecido. Me cansa gente conhecida, falam as mesmas merdas, e
são tão previsíveis como uma vela ao vento.
O Sujeira estava de mau humor, creio por causa da Rebeca
Sharon, que havia desaparecido com um cliente por muitos dias. Ela e suas
ambições eternas, queria se casar, queria fazer a cirurgia, e queria que alguém
financiasse isso aí... Sujeira não tem grana pra isso, sobre tudo para o
silicone nas tetas e na bunda. Puta que pariu pensei: depois que a Rebeca fizer
a cirurgia eu traço ela... Ri sozinho.
Minha mesa, minha ilha, meu feudo... Agora estava tudo
certo. Foda-se humanidade... eu quero mais escorregar em um mar de vomito.
Bêbados no balcão tomando martelinho, falando bobagens do
dia a dia. É isso, a vida perfeita. Lembro que as pessoas me perguntam, porque
vou nestes botecos decadentes... Eu faço a mesma pergunta para elas: porque vão
aos bares sofisticados? Talvez você não perceba é tudo absolutamente igual,
mesmas pessoas e até as mesmas bobagens. Se você duvida, um dia venho visitar o
“zoológico” humano... Vida perfeita! Mas no zoológico encontro seres de
verdade.
No rádio com algum chiado, tocava um cantor da antiga,
Nelson Gonçalves talvez, eu estava agora tomando uma boa dose de rum barato, e
as ideias começavam a se soltar do crânio... Fraquejando. Ótimo, me sentia mais
relaxado, pode me deixar morrer assim.
Então da entrada no estabelecimento, o Fred.
Um conhecido da noite, não chamarei de amigo... Para que
tudo fique claro. Fred é daqueles caras que fica um gente cara bacana quando
bebe, mas sóbrio é insuportável. Não estava a fim de papo com ele hoje. Mas
infelizmente como um ataque terrorista, ele vem, vem e senta-se a minha mesa
sem pedir licença. Deseducação é foda. Você pode me chamar do que quiser... eu
não me ofendo nunca, mas seja educado, a grosseria desperta em mim a ironia
explosiva.
Mas Fred é um cara de dois metros de altura, malha os músculos
diariamente, parece feito de aço, isso tornava tudo pior, treina boxe... Ou
seja, melhor não criar caso. Só fala de suplementação, proteína, anilhas, pesos
e bomba. Puta que pariu. Olhei bem pra ele, e parecia triste desta vez, arrasado
mesmo. Puta que pariu milhares de vezes. Pensei: qual será ladainha desta
noite?
Ele surpreendentemente pede uma “canha” pro Sujeira, e
então me olha diretamente:
-Cara, tu já amou na vida?
Pensei: esse orangotango vai querer o que, agora? Qual é
a resposta certa?
Respondi sem muita vontade.
-Muitas vezes... Sempre amo, embora deteste esta palavra...
amor é barbada.
-Para ser amor de verdade cara, só se ama uma vez... Eu
amo muito...
Aquele assunto não ia nada bem. Amor a meia noite... Com
um brutamontes... Já tive dias melhores. Onde estariam as putas da casa? Onde
estaria Jussara? Onde estaria Veridiana? Onde? As xoxotas de quarenta e cinco
reais?
Então aquela montanha de músculos começa a chorar como
uma criança. Tomei mais um gole de rum, e claro ri discretamente... Que seria
aquilo agora?
Ele chorava de convulsionar e sacodir até mesa... Mas que merda. Pensei: esse tá “embocetado”...
Amor não correspondido e a mentalidade estreita... é a pior combinação.
No bar todos olhavam para ele.
Mesmo o Sujeira estava surpreendido... Fred chorando era
uma aberração. Tive vontade de levantar na hora e ir embora, mas agora era
preciso saber onde isso iria dar... falei:
-Ei Fred... Calma cara... calma... Já sofri por amor também...
( mentira...nunca sofri por absolutamente ninguém... mas a mentira nos torna próximos
dos outros...)...acontece sempre “amigo”, não és o primeiro e nem ultimo...
Ele ergue a cabeça... e me olha nos olhos:
-Fabiano... eu nunca passei por isso cara...nunca... To
perdido...
-Então bem vindo Fred... a vida é assim... As mulheres
são foda... O que essa vadia te fez?
Ele me olha algo surpreso... Como se eu tivesse dito alguma
barbaridade. Então fala baixinho, mas nem tanto:
-Fabiano... Não é mulher... É o Xavier meu amor querido!
Foi como se uma câmera estivesse em “slowdown” e zoom, lento...
muito lento... Não diria que foi um choque, mas foi surpreendente. Então Fred o
porrador, gostava de dar o cu? OK ! Afinal o amor é cego mesmo, o cu é cego, e
todo mundo tem direito de amar como quiser...
Respirei fundo, mas o Sujeira parece que ouviu o que Fred
disse, tentou ser discreto, mas então caiu no riso... Que merda, a imagem que
fazemos das pessoas, as vezes nada tem haver com elas...
-Bom Fred, o amor é amor cara... Não interessa, temos
amor por peixinhos dourados, cachorros, gatos e tudo mais... mas o que
aconteceu com o Xavier então?
-Ele me disse ainda pouco, que esta apaixonado por uma
loirona lá da academia... E foi lá em casa e pegou as coisas dele... E se
foi... Deixou apenas um peso de dez quilos que compramos juntos... Aquele peso
era nossa aliança...
-Sei Fred... mas Fred...foi assim de-repente?
Fred agora parecia muito à vontade... E não lembrava em
nada o cara que gostava de encrencas, que falava de suplementos e dar
porrada... Parecia até humano.
-Fui notando o pouco interesse dele por mim, nos últimos dias...
Não transávamos mais... Não conversamos mais...
-É bem assim mesmo... Qualquer relação é assim...
Fred ainda chorava, mas parecia mais tranquilo agora.
No bar nada acontecia, Fred era a atração, até os bêbados
pararam para ouvir a sua historia... Então num acesso talvez de consciência do
que havia feito... Fred se transtornou,
e levanta aos gritos completamente insanos:
-Olha aqui seus merdas da porra... Se alguém falar algo
por aí... eu vou moer de tanta porrada... Tão entendendo? E olhem aqui... Seus
perdedores da porra... Sou viado e isso não interessa a ninguém, viu seus
merdas?
Fred, ficou violento... Todos se assustaram... Sabem como
é... Bebidas, falar demais para estranhos é claro que da merda. Tomou o resto
da cachaça de uma vez só... E veio até mim:
-Fabiano, me dá um abraço aqui... cara tu me respeita
cara...
O abraço de Fred é como um trator passando no peito. Mas
que merda... Fred me larga, então pega o copo de cachaça vazio e joga na cara
do Sujeira... Que se desvia no reflexo... Então para empatar o jogo, Sujeira
imediatamente pega uma arma que estava debaixo do balcão... Apontando para a
cabeça de Fred:
-Faz de novo seu filho da puta? Faz de novo se tu tens
coragem seu merda...
Fui me sentando devagarinho... Deus...quanta merda para
quem apenas queria dar uma relaxada, e talvez bater uma punhetinha em casa... Bem
tranquilo depois. Agora aquilo... Fiquei tranquilo dentro do possível. Segui
bebendo.
Fred agora estava mais calmo... tinha as mãos erguidas e
sorria sem graça com voz fina... Sujeira estava transtornado também:
-Seu puto da porra... Sai do meu estabelecimento... sai
daqui...e não volta mais valentão de merda...arrombado...
Fred vai saindo devagarinho, e sai. O Bar volta a
calmaria. Dava para ouvir uma mosca copulando. Então Fred ressurge na porta,
colocando apenas a cara na porta e diz:
-Sujeira, isso tem volta...
Achei que havia sido aventura demais para uma noite. Vou
até o Sujeira:
-Que foi isso Sujeira?
-Isso é o horror da vida... To ficando velho para estas
merdas.
-Lamento brother...
-Ele não vai voltar... Quem faz algo, não avisa
-Também acho... isso já me aconteceu dezenas de vezes...
Paguei a conta e fui saindo devagar.
A noite estava molhada, sem encantos, a verdade parecia
um breu violento feito de paixão e insanidade... Talvez seja isso, a brisa nos
conduz a algum lugar, e nossos desejos se calarão quando dobrarmos a esquina?
Não sabemos de nada, não sabemos de ninguém, e ás vezes
nem sabemos de nós mesmos. Somos a construção sem planta, fazendo as mudanças
como a vida sugere... E o que ela irá sugerir pra mim esta noite?
Luís Fabiano.
Assinar:
Postagens (Atom)