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terça-feira, fevereiro 12, 2013



Indiferença passional de uma lesão

É quase sempre a mesma coisa
Uma previsão do tempo com dia aberto
O tédio mortal aguardando
Chego lá, e ela aguarda passiva demais
O anzol e o peixe
Facinha como sempre
Sem luta, tapas ou um pouco de sangue
Nada...
Mesmo as preliminares são fracas

Então começamos os arretos
Numa espécie de foda com roupas
Meu pau é uma piroca de anjo maldito
Duro esfregando por sobre a a calcinha molhada
Ela não geme
Não grita
Não faz nada

Detesto mulheres apáticas
Como peixes de merda em um aquário
Aquelas que não tocam a quinta sinfonia quando estão gozando
Faço o meu jogo direitinho, beijos, chupadas e esfregadas...
Ela apenas respira forte... Mas isso pra mim não é nada
Rasgo-lhe a roupa
Dou um tapa no rosto...
Dou outro mais forte...
Ela chora muda... Mas lagrimas ainda pouco dizem
Sei que ela não esta assustada...

Minha ereção me leva a raiva
Mergulho minha boca em sua xoxota molhada
Lambendo lentamente... do cu ao grelo
Um oásis pegando fogo em uma noite sem fim
Ela ainda respira... E respira... E só...
A chupo por dezessete minutos sem parar...
Não sei se gozou... Ela esta quieta...
Não faz nada... Eu fiz tudo sozinho...
A puta... É quase tão apática como um cadáver...
Terrível não saber se uma mulher gozou ou não...
Eu sempre sei... Mas no caso dela é um mistério...

Decido dar uma agitada nas coisas
Que até aqui... Não teve graça alguma
Vou até a cozinha e pego uma faca das grandes
Começo a gritar pelo apartamento, com a faca próximo ao seu coração
Um lobo chamando a matilha feroz, o leão atacando na escuridão, a serpente enrodilhando a vitima:
-Fala... Vamos... Fala... diz alguma coisa puta...diz... Te mija ou te caga... mas faz algo...
Ela apenas chorava, nem sequer implorava pela vida
Uma fraca piedosa ardendo num inferno de indiferença
Cansei daquela merda
Joguei a faca no chão... e fui embora
Tapas e um pouco de sangue não são nada...
Foda mesmo é quando não há alma.

Luís Fabiano.



Pérola do dia:

O amor das pessoas é baseado em cima do sentimento de propriedade... se você me ama, então sou tua posse irrestrita, como um carro, um livro ou um papel higiênico”.

Luís Fabiano.

segunda-feira, fevereiro 11, 2013

Recordações, um pêndulo, e a vida é o que é...



Recordações, um pêndulo, e a vida é o que é...

Terrível sentir-se um estrangeiro entre os teus. Um alienígena dentro de casa, comendo macarrão diante da Tv, e ainda sim sorrir com complacência, numa vã tentativa de se parecer semelhante.

Não era, e não sou semelhante a nada de meus familiares ou mesmo amigos. Ainda me sinto estranho onde quer que esteja, com quer que seja. Sim. Lembro minhas amizades de infância por exemplo, eram problemáticas, tudo que eles gostavam não fazia o menor sentido pra mim. Futebol, brinquedos de policia e ladrão e essas coisas. Nada de me atraia. Eu tinha sete ou oito anos. Porem, ver a minha vizinha, a mãe de um colega, andar pelada no quintal era bom. Ela não se importava conosco, nos achava infantis demais... e andava nua.

A bem da verdade, meus outros colegas eram tontos mesmo. Eles também não davam bola pra isso. E eu achava fantástico vê-la assim. Não sei quantas punhetas bati pela mãe de Eberson. Mas fora isso... Todos pareciam andar em uma direção e eu em outra. Eu um estranho no ninho.
Lembro que os bailes de carnaval, eu era forçado a ir, por que meu pai e mãe iam, eu não tinha com quem ficar, então era arrastado, aquele lugar abafado, barulhento e com um monte de gente pulando e suando. Que merda. O som de carnaval não mexia em nada comigo, ainda hoje não mexe, ficava sentando em uma mesa, rezando para que o tempo passasse rápido, então estar de volta em casa... As minhas coisas... Ao quarto, onde não seria perturbado.

Mas com o tempo você precisa aprender algumas manhas. Você aprende a ter alguns gostos semelhantes... Numa tentativa fugaz, de tentar minimizar distancias, isso passa a te qualificar como uma pessoa “normal”. No fundo eu sei que não gosto nada, mas digo que gosto porque isso me deixa mais próximo dos seres humanos, permite talvez, ter algo para conversar eventualmente. No fundo apenas isso importa.

Ainda tinha a escola. Puta que pariu, aquilo era a coisa pior que o mundo poderia ter criado. Minha mãe talvez na melhor das intenções, me colocou em uma escola muito boa na época. Uma escola onde 97% das pessoas te olhavam com um alienígena, por ser de cor de diferente. Isso porem tinha um lado bom. La ninguém falava comigo, não era importunado por ninguém, por ser um ninguém.

As professoras tentavam ensinar, mas eu estava com a cabeça longe dali... Não estudava, não prestava atenção, queria ficar olhando pela janela, pensando, apenas pensando. Não demorou muito para que o serviço de orientação pedagógica me chamasse. Aquilo foi uma piada de péssimo gosto.
Uma senhora muito alta e gorda, me colocou sentando em uma cadeira enquanto me indagava coisas no mínimo estranhas:

-Luís Fabiano... Você com algum problema em casa?
-Não.
-O que o teu pai e mãe fazem?
-Meu pai é pintor e minha mãe secretária...
-Humm, certo. E o que você acha do seu pai?
-Gosto dele... Ele anda de bicicleta comigo...
-Sim... E o que mais ele faz contigo?
-Muitas coisas, joga bolinha de gude... Me leva na praia...
-Certo, certo. Tu poderias desenhar a tua família nesta folha de papel?

Lembro que não estava entendendo nada, não tinha a menor noção se estava dando respostas certas. Eu desenhei, e a mulher olhou o desenho e disse:

-Hummm, porque você desenhou o teu pai mais alto e forte?
-Porque ele é mais alto e forte... lá em casa...

A conversa encerrou ali.
Fui mandado para a sala de aula. Então me trocaram de turma. Perdi o contato com os poucos colegas. Isso foi muito engraçado. Nesta nova sala de aula, a coisa era para lá de estranha. A turma era divida em duas partes. Os que ficavam a esquerda e os da direita. Os da esquerda eram o mais lentos de pensamento e raciocínio (os burros), e os da direita eram os mais inteligentes. Estes estavam com a matéria avançada. Eu fiquei entre os burros claro. Mas eu segui do mesmo jeito. Minhas notas era o suficiente para passar. Com orgulho digo que nunca abri um caderno para estudar. Via meus colegas, decorando a tabuada, decorando a historia, a ciências... Perdiam o recreio para tentar tirar dez. Nada disso fazia o menor sentido pra mim.

Quando finalmente alguém parecia compartilhar comigo, desta solidão profunda advinda de uma estranheza fundamental, era como tomadas que não se encaixam, uma gaivota voando sobre o oceano sem ter onde pousar.
Felipe, um cara bacana, que também era muito solitário, passou a me acompanhar nas caminhadas do recreio. Por vezes ficávamos sem dizer nada, apenas caminhávamos. Lembro que isso me fez bem. Então começamos a nos falar e ele era tão estranho quanto eu. Por um tempo longo o Felipe foi o único cara que me tratava normalmente, que não me achava um estranho. Nossa convivência era sincera.

Mas nada é feito exatamente para se eterno. O tempo foi trabalhando, o Felipe também foi se modificando. Ele começou a andar com uns caras durões da escola, Felipe não era exatamente mais o mesmo Felipe. Um dia ele andava com estes caras, então me chamou com autoridade:

-Fabiano... Vem cá por que a turma quer falar contigo...
-Tudo bem.
Então o cara que era maior disse:
-Fabiano, tu não podes ficar no nosso território do recreio. Vai andar por outro lugar... Se te pegarmos aqui de novo tu vais ver... o que é bom...
-Mas por quê?
-Não interessa... Não te queremos por aqui...

Ainda lembro-me da cara indiferente de Felipe. Ele não fez nada, ele agora era parte daquela turma. Nunca tive muita sorte com amizades. Este é um capitulo a parte. A grande maioria dos meus amigos me traíram. E de certa forma, eu era um idiota, acreditava com todas as veras nas pessoas, eu achava que dava para ser assim. Mas não dá. Os seres humanos carregam muitas coisas dentro de si, muitos interesses. Então hoje você aprende a confiar totalmente, mas sabendo que as pessoas podem te atraiçoar tranquilamente, com uma facada pelas costas. Tudo bem, é normal. O que acontece que hoje eu espero isso de absolutamente todos que me cercam, familiares , amigos, conhecidos, colegas, animais todos... Isso se tornou uma condição natural. Todos somos filhos da puta, até que se prove o contrario. 
Porem minha atitude não muda, eu confio em você.

Eu estava de volta a velha solidão e com um agravante de tristeza. A primeira traição você nunca esquece. Depois vieram inúmeras, um calo que passa a não doer mais.

O tempo passou.
Tornei-me uma forma adaptada de existência. Tive um breve momento de procura pela verdade... Mas verdades não se procuram, elas se tornam fluentes quando você esta mais maduro.

Mas hoje como um alienígena em meio a tudo, as coisas estão mais calmas. É preciso saber domar algumas coisas, mas vez por outra, pela cabeça ainda passa a ideia de simplesmente desaparecer. Talvez as pessoas pensem que eu tenha sido abduzido, mas a coisas será mais simples que um corte de uma navalha.


Luís Fabiano.

domingo, fevereiro 10, 2013

Dica de Filme: Ruby Sparks


Dica de Filme:   Ruby Sparks  

O cara é um escritor. Do nada, uma das suas personagens bate a sua porta... Porra, a mulher perfeita? Quem não iria querer? Mas a vida não é tão de barbada assim... A merda que somos responsáveis pelos personagens... Como a vida real, as pessoas a nossa volta.
O filme é intrigante, porem expõe com emoção, que nossas ações sempre repercutem por ai... E que cada ser humano é sempre uma exclusividade. Muito embora eu não creia  nisso... A grande maioria, simplesmente não faz diferença para humanidade.
O autor vai lentamente sendo levado ao delírio, violência e perda de noção... Como a oportunidade de torna-se um ditador com a personagem... O poder é foda.
Comecei vendo o filme, e não dava nada por aquela merda, mas o filme pega...
Da uma conferida ai no trailer:

Luís Fabiano.


Dica de Filme: Ruby Sparks

Pérola do dia:

Deus cria, o vento espalha e o Diabo junta”.

Autor anônimo.



Navalhadas Curtas: Nefertiti do Calçadão

A aparência diz tudo aquilo que queremos que seja, mas não diz nada sobre a verdade que é. Estava pagando minhas contas na sexta-feira.
Entrei em uma loja para ver uns DVDs, fui atendido... Mal, mas fui atendido. Três minutos depois, entra um casal. Ela uma mulher absolutamente linda. 

Cabelos muito negros pelos ombros, tem vinte e sete anos, um largo decote nos seios fartos, num vestido justo delineando o corpo perfeito, nas costas uma linda tatuagem de flores. Ela era muito bonita, um tipo de beleza incomum.

O mesmo atendente que me atendeu, vai correndo ao encontro do casal:
-Sejam muito benvindos na loja ***estejam a vontade... por favor, estarei ao seu dispor...

Pensei comigo: que porra é essa? O cara me deixou falando com as paredes... Mas pensando bem talvez, eu também me deixasse.
O cara ficou na volta do casal, tive a impressão que se o casal pedisse a bunda do atendente, ele daria com todo prazer, ele estava orgulhoso daquele instante. Desisti de comprar, e o casal passou a ser meu alvo.

Enrolei como se tivesse escolhendo alguma coisa, e fiquei por ali. Então eles saíram para o calçadão, fui atrás deles. Entraram na loja tal de roupas. Mesmo evento, todos a tratavam como se fosse uma deusa chegada a terra. Gostei de ver aquilo. É fácil expor o ridículo das pessoas.

Depois os segui para uma terceira loja, para tirar as duvidas. A mesma coisa.
Então fica a dica amigos: sejam os mais lindos que vocês puderem, por que o mundo vai abrir as portas e as pernas para você. Seja a maior mentira deste planeta e todos irão fazer mesuras, seja, por que é isso que as pessoas esperam.

E quando a vocês, os “feios” que Deus de presente a feiura, bem... Você como eu... Está fudido mesmo, nada será fácil, ninguém vai sorrir fácil pra você, ninguém vai te saudar... Você será como um vômito de cachorro no tapete.

Luís Fabiano.


Ps- me esqueci de dizer, que você pode compensar a falta de beleza se tiver dinheiro... Muito dinheiro, todos os tratarão como filho do altíssimo, e ai neste caso você compra a beleza ok?






sexta-feira, fevereiro 08, 2013


*Pérola do dia:

“Cada um tem suas fomes, hinos e necessidades. Há que se administra-los sob o risco de ter a alma subtraída...”


Autor: Marcelo Mirisola
Obra: Charque 

quinta-feira, fevereiro 07, 2013

 Momento Boa Música 

Stand By Me | Playing For Change | Song Around the World


- Sensacional  -







Pérola do dia :

A grande maioria das pessoas vivem por um discurso pronto. Raríssimas tentar refletir sobre suas velhas opiniões, o discurso já esta pronto pra tudo”.

Luís Fabiano



Nada a perder

A vida te empurrado para rua sem saída...
Estar sem medo de morrer...
Você já estar cagado...
Mandar ela embora, depois que gozou...
Começar a beber para curar a outra bebedeira...
Você estava na cena do crime e ninguém se importa...
Ela dormindo nua e você ali olhando...
Saber que seus dias estão por terminar... E tratar de fazer tudo...
Estar no fundo do posso...
Você apontando a arma para a própria cabeça... Engatilhada...
Você descobrindo que ela te traiu, mas você também trai...
Comer a xoxota dela... Mas o cu logo ali fácil...
Você foi demitido hoje... Aproveitar para ir a praia...
Ser doente terminal... Então beber, fumar ou se drogar...
Ver o por do sol... E a lua esta chegando...
Ela te convida para uma foda a três...
Todos sabem que você é um merda... Que diferença tornar pior...
Achar cinquenta reais ou cinquenta milhões...
Pessoas magoadas com você, mas você não muda porque não sente vontade...
Ir dar uma mijada e depois cagar...
Ela dizer que vai dar para todo mundo na sua frente...
Um cara que te da um soco no olho...
Ela anestesiada antes da cirurgia e tem um corpo magnifico...
Um peido silencioso na reunião...
Bater uma punheta pela vizinha horrível ou pela Sharon Stone...
Começar a chover e você sem guarda chuva...
Roubar uma calcinha da gaveta dela...
Esmagar uma formiga...
Ouvir uma segunda opinião...
Ter bebido mais da metade da garrafa de vinho...
Rir de você mesmo...
Esquecer a moral, a ética ou o bom senso de vez em quando...
Estar a cento e trinta quilômetros, e o carro marca duzentos e quarenta de final...
Ser agredido primeiro...
Tua mulher fazendo milhões de cobranças e você sai porta fora.. (a melhor sensação do mundo)
Uma promessa para quem te sacaneia...
Uma proposta doida as três e quarenta e sete da manhã...
Você ser o goleiro diante de um pênalti...
O pastor diante de um auditório vazio
Abandonar tudo quando já não se tem mais nada
O gelo derretido no copo

Tanto cuidado em viver
Esquecendo-se de viver
Tentando não perder
Mas nunca entendendo quando já ganhou.

Luís Fabiano

quarta-feira, fevereiro 06, 2013

Pérola do dia :

"As más companhias, são as melhores".

Luis Fabiano


terça-feira, fevereiro 05, 2013

Castelo Simões Lopes

  Fio da Navalha - Video  

* Pelotas Fantasma *
Castelo Simões Lopes 

ParteII





  Pelotas Tatutada 


Rua Garibalde N-46




O Rei das Bucetas – Vídeo, ciúmes e um pouco de mijo

Existem criaturas que simplesmente não se importam. Não se importam com nada, com o amanha, com as misérias do mundo, com a piroca que não sobe mais, com a xoxota que não molha, se conseguirão sobreviver amanha. Não se importam.

Não sei se estou me tornando assim. Talvez, não descarto tal possibilidade. As coisas mudam , as pessoas mudam algumas vezes. Eu acho isso importante mudar, nem que seja para pior... Jamais se ancorar por ser fácil e cômodo... Enquanto há desafio, estamos vivos.
Vinha com esta ideia há horas que entrevistar o Rei da Bucetas. Não pense vocês que este ícone oculto da cidade de Pelotas, enfiado no interior do Bairro Navegantes não atraiu a câmera do Fio da Navalha.

A algumas noites atrás estive lá no bar dele, fui ver a Jussara. A Jussara que tem fãs, ou melhor, anti-fãs por parte de muitas mulheres que conheço. Sabe-se lá como as coisas iriam se dar. Partimos do pressuposto que temos o não, o resto sempre é lucro. Por vezes isso, nada a perder. Eu vivo com o sentido alerta, em outras palavras, pronto para perder tudo. É mais fácil assim. É uma luta de boxe, se você sabe perfeitamente que um soco no queixo vai te apagar, é melhor você já esperar por ele. Sem dor, sem emoção, o inesperado fracasso não me assusta, ele esta no script da vida, assim como você que esta lendo agora, e talvez não leia nunca mais... Você também faz parte.

Comecei a beber rum em casa. Uma dose caprichada, capaz de chapar os anjos do céu e fazer os demônios se cagarem de felicidade. Pensei em vestir meu kit de malandragem. Ganhei um chapéu branco, algumas correntes para o braço e pescoço, ficou faltando o sapato branco? Porra Fabiano, vais ficar parecendo um bicheiro da antiga? Esqueci a ideia. Estava de cueca no AP, fui ate janela levando o copo. Noite fantástica está, quente, estrelada, uma promessa feita de nada e os carros lá embaixo, vagalumes de aço indo e vindo, todos vivendo ou tentando sobreviver. É bom ficar assim, o voyeur .

Fui ate o banheiro dar uma mijada. Lembrei de Jussara, e o pau deu uma crescidinha na mão, sacudi um pouco e ele ficou a vontade. Abandonei a idade de me vestir de malandro e coloquei as bermudas e sandálias e uma camiseta de sempre. Eu sou o que sou e nada mais.
Subo no Kadett e destino ao Navegantes. Com as minhas férias, nunca fui ao Bar do Rei na quarta-feira, a vida precisa ser uma surpresa. Chego lá, olho as horas, são meia noite e sete. Tremendo horário.

As coisas estão animadas, apenas o pessoal das redondezas esta pelo bar, o que é muito bom. Escuto um cavaquinho, um Tam-Tam e um pandeiro, e a voz rouca do cantor cantando Agepê a musica Me Leva. Porra, na hora lembrei de meu pai. Musica da antiga, esta musica fez parte de minha infância, vendo meu pai lavar o carro no sábado à tardinha na frente de casa, e no toca discos, Agepê fazia a festa. Lembro que eu ficava algo irritado com a musica, porque era repetida inúmeras vezes... Achava uma merda, mas ficava na volta do velho. Aquela lembrança me atingiu com um gancho afiado na quina da alma. Pensei: to ficando velho eu acho... Me emocionando com qualquer coisa. Puta merda...

Fiquei encostado no carro pelo lado de fora sorvendo lembranças, Agepê é foda, estará vivo ou morto? A musica termina e entro no bar. Algumas mulheres lá, estão rebolando suas saias puídas, felizes parecem, tem uma mesa de plástico livre, cumprimento as pessoas, alguns me conhecem outros conhecem a Jussara. Um cara fica me olhando com cara de mau. Pergunto para o atendente do bar, que me pergunta do balcão:

-E ai Fabiano... Que vai ser?
-Quero uísque vinte e quatro anos... Com duas pedras de gelo...

O cara cai na risada, uma risada pra lá de irônica quase malévola.

-Tudo bem, é pra já – responde.

Então ele vem com um copo de massa de tomate, cheio até em cima com cachaça da casa. Eu olho pra ele:

-É vinte e quatro anos?
-Não, faz vinte e quatro minutos que abri esta garrafa... Mas já tá terminando... ( e gargalha e filho da puta)
-Tudo bem... Deixa assim, mas me diz Tomaz, cadê o Rei?
-O Rei esta atendendo... Sabes como é... Se ele fosse um pai de santo não atenderia tanto, mas como Rei as Bucetas... Ele é foda...
-To ligado... Sempre assim... E a Jú?
-I cara... Essa daí anda triste que é a vida... O Rei disse que é amor, amor recolhido...

Então o cara estranho que me olhava com um olhar mal encarado, saiu de onde estava, e parecia um orangotango bêbedo, um míssil de merdas atingindo a roupa do varal, chegou bem pertinho de mim... podia sentir o seu hálito:

-Cara que tu queres o a Jussara?

Não sou de assustar fácil. Por vezes finjo que me assusto, finjo estou irritado, finjo que estou sofrendo... finjo qualquer merda se isso for evitar o pior, aprendi isso com Sun Tzu, a arte da guerra, diz Sun Tzu: Não se vence um inimigo pela força, mas pela estratégia e inteligência. Quem faz tanta merda como eu, tem que se virar com alguma coisa. Mas não gostei daquela intimada:

-Sou apenas amigo dela... Ela é bacana...tudo bem?
-Bacana como? Não to te entendendo negão? Qual é a tua?
-Calma brother... Calma... Pra que toda essa pressão toda?
-A Jussara é minha mulé cara, ela é minha... Te liga... E tem outra vaza daqui... e já...a Jussara não quer nada contigo... Tu é o merda que faz mal pra ela...
-A Jussara não é casada... E além do mais, não vim falar com ela... meu negocio é com o Rei...
-O Rei também não vai falar contigo... vaza tchê...

O puto disse isso e virou a cachaça toda sobre mim... Avaliei se dava uma porrada, ou ia embora talvez fosse mais sensato... O cara era grande... acostumado com serviço de pedreiro...se eu não acertasse a primeira...tava fudido...

O gorila pega meu pescoço, lembrei dos meus óculos... A coisa tava ficando feia... Então como um momento mais que certo... O gongo soa... e a voz do Rei se faz ouvir no bar.

-Mas que merda é essa que ta acontecendo aqui? Porra... O Zidane... Larga o cara... agora...
-Qual é Rei... Esse merda, é o cara que faz mal pra Jussara! Deixa eu dar um jeito nele... E já era... ela vai ficar feliz...
-Já falei uma vez Zidane... Solta o cara... e outra... O coração de mulher é um mistério... Se o coração dela escolheu ele... Tu não tens poder algum em mudar isso... Jamais serás ele... Não se muda um coração de uma mulher, apenas ela pode fazer isso.

O cara me solta a contra gosto, caio sobre a cadeira, estou fedendo a cachaça. Salvo pelo gongo... A merda da Jussara já estava arrastando a buceta para outro cara por ai... É isso que eu chamo de amor...

O Rei me pergunta:
-Tudo bem Fabiano?
-Tudo...
-Seguinte Zidane... Vai embora pra tua casa... E mais... chega de confusão aqui... Não precisas aparecer  por aqui por uns quinze dias aí...
-O Rei pra que isso? Esse puto não vale nada isso...
-Isso é comigo. Não é por ele... É pela confusão... Meu local é de respeito... A gente não caga onde come rapá!!

O cara vai saindo do bar. E o Rei se senta-se a mesa comigo. Tem um sorriso largo na boca, dentes muito alvos... e parece relaxado:

-Te salvei em filho? O puto ia se servir em ti... Ele é bom de porrada...
-A vida não é fácil Rei. Mas eu to ficando velho, e tu sabes... o demônio é a idade...
-Vais virar vinho ou vinagre?
-Não sei... Não tenho planos nem pra uma coisa ou outra...
-É... sábio isso... Mas o que te traz aqui? A Jussara? Ela é fantástica não é?
-A Jussara também... Mas a real Rei... quero te botar a falar diante da câmera? Tá ligado? Um papo de bar... de preferencia aqui mesmo... Tu falando as tuas coisas... a maneira filosófica como conduzes a vida...

Ele me olha com gravidade... Permanece em silencio por algum tempo... Um tempo que me pareceu longo demais... Então rompe o silencio ao mesmo tempo em que o samba volta a ser tocado:

-Filho... Não vou poder atender nisso. Não gosto de câmera, não gosto de publicidade. Eu sou apenas um Rei, em seu humilde reinado, gosto de ver quem me vê ou fala comigo, gosto de olhos nos olhos. Gosto da coisa humana, que nenhuma tela pode dar... Além do mais isso atrai curiosos... E eu não me importo com curiosos. Agradeço o convite...
-Mas tu sabes que eu escrevo a respeito de ti, no Fio, não é?
-Sei... Claro que sei, as gurias me mostram na internet... Mas a escrita filho, deixa a mente voar mais alto... na cabeça das pessoas...o Rei das Bucetas tem sua versão... E cada uma delas tem seu Rei das Bucetas... Eu jamais quebraria isso. Sou o Rei das Bucetas delas... ( começa a rir).
-OK Rei... Este é um não definitivo?
-É um não... Apenas.
-Vamos beber?

Ele faz um sinal para o cara que atende, e em segundos vêm dois copos grandes de cachaça... Duas pedras de gelo... o cara me olha e diz:

-Esse teu agora é 34... Minutos... há, há...

Eu brindo com o Rei. O bar estava agora mais vazio, as meninas ainda estavam por ali... E sorriam para Rei. Ele aponta o colo e uma dela vem sentar no colo dele.

-Rei - pergunto eu – e a Jussara?
-Fabiano... Fabiano...tu faz mal pra aquela mulher...tuas longas ausências  ferem ela... Ela entende como indiferença, falta de amor... essas coisas...
-A culpa é minha?
-Em parte sim... Tu és como és... E o amor dela... ainda é frágil, isso gera sofrimento...um amor fraco teme ser destruído, um amor fraco...teme o ciúme, teme a tudo e a todos a sua volta inclusive ser abandonado.
-E como tem que ser um amor verdadeiro?

Ele respirou fundo e sorriu:
-Este amor tem que cruzar uma tempestade, um deserto e a geleira... E ainda sim estar abraçado em ti. Se passar por tudo isso... ela te ama...se não...não é nada não, é a vala comum onde a grande maioria das está.

Fiquei refletindo. O amor ou os amores, sempre foram coisas que me perturbaram, e creio que até a hoje não sei lidar direito com isso. O Rei falou isso me olhando nos olhos.
Estava cansado, achei melhor ir embora. Mas antes matei o copo de cachaça. Despedi-me do Rei... mas antes de ir embora eu resolvi dar uma passada na casa de Jussara? Boa ideia? Não sei.

Estaciono o carro na frente da casa dela. Esta tudo apagado, não esta em casa ou dorme. Bato na porta:

-Ju... Ju...tu estas aí? É o Fabiano...

Ouço o barulho dentro do chalé. Ela esta... Mas parece que não me quer por ali... eu bato novamente, então ela grita:

-Vai embora Fabiano... vai embora...seu filho da puta de merda...vai embora... E não aparece mais aqui...
-Que isso Jussara, porque essa agressividade? Que foi que eu fiz?
-Vai embora... Tu não faz nada, alias tu nunca faz nada... não te quero mais...vai embora...

Ela fazia aquela voz que não traduzia certeza alguma. Reconheço o tom com facilidade, iria insistir mais até...

-O Jussara...vamos conversar...

Então... subitamente a porta do barraco abre... E Jussara surge, desarrumada, cabelos desgrenhados, de camiseta e calcinha mínima... E com uma faca enorme de açougueiro na mão... Veio pra cima...

-Já disse vaza... Já eras Fabiano... já eras...

Recuei, a faca era grande... e estava apontada para meu culhões. Sei que não era um bom momento para reflexões... Mas pensei depois, que ser morto a facadas por uma bela mulher é uma maneira de morrer... A outra é seria morrer trepando... O teu ultimo ato da existência é uma gozada mortal, que me arrebata deste mundo e te jogo nos braços de Deus ou do outro?
Ela estava me encarando com aquele olhar doentio, que somente os loucos olham.
-Tudo bem Jussara... Eu vou... mas eu volto... Um dia.
-Se tu voltares eu te mato ou capo... Tu não és um ser humano.
-Mas quem tá armado, não sou eu...

Subi no Kadett, e tudo estava em ordem. Então ela chega à parte da frente do carro... Fica me olhando... vira de costas e arreda a calcinha para o lado... E aponta a xoxota para o capo... e da uma longa mijada no capo do carro... seguido de um peido sonoro... Termina de mijar e volta pra dentro de casa.

Não sei exatamente o que aquilo significava... Talvez como um animal, ela quisesse marcar seu território? Não sei. Estava cansado aquilo, ciúmes, cachaça, peido e mijo... noitinha agitada.
Hoje sem xoxota de Jussara... Sem fodas monumentais ou paisagens colossais, ou gritos de desespero num mergulho interminável, de loucura no abismo, é hoje não vai rolar... Tem dias que a noite é foda.


Luís Fabiano.





Pérola do dia:

As mulheres supostamente feias, fodem muito melhor que as bonitas. As bonitas vivem num mundo de solidão e beleza, acham que não precisam se esforçar pra nada. A feia tem apenas o corpo e a habilidade, elas vão para o tudo ou nada”.


Luís Fabiano.


domingo, fevereiro 03, 2013

        Momento Mestre       

 * Bukowski Tapes 17 *








Navalhadas Curtas: Agradar aos animais

Não gosto de excesso de intimidades com animais. O que não quer dizer que num momento de aperto, uma boa cabritinha não seja uma boa opção. É preciso ser flexível as vezes.

Mas quando cheguei à casa de Tonho, um brother, ele estava naquela. Ele tem um cão que é mistura de vira latas com buldogue, o bicho é estranho. Estamos ali trocando uma ideia, sobre a luta da noite, então o cão veio, e se deita de barriga pra cima. Tonho não se fez de rogado... deu uma boa cuspida na mão e pegou no pau do cachorro, sem cerimonia.

-O Tonho... Que porra é essa?
-Fabiano... O Smiths, nunca sai de casa,nunca come nenhuma cadelinha... Então de vez em quando a gente tem que agradar os animais... eu quebro essa pra ele...

Fiquei olhando aquilo. Pensei se eu faria isso por uma cadela? Não... Acho que não. O pau de Smiths foi crescendo na mão de Tonho, ficando horrível na verdade... Era uma espécie de tripa molhada, gosmenta com uma ponta inchada que mais parecia uma linguiça, o cão começou a emitir grunhidos fortes... 
Eu estava sentando olhando aquilo, com um copo de cerveja na mão. Tonho tava curtindo fazer aquilo...

Por fim o cão ejaculou um liquido muito aguado e meio esbranquiçado, a sala agora estava com um cheiro estranho. Paramos de conversar, até que o cão gozasse.

Então a namorada de Tonho entra na sala... Ela olha o cão deitado de barriga pra cima e com aquela piroca inchada e sorri feliz:
-Que gracinha... Eu te amo Tonho... Tu fazes o Smiths  muito feliz... ele te ama.
-Que nada amor...é um prazer.
Que merda.Tive vontade de ir embora na hora.


Luís Fabiano.



Pérola do dia:

“ Por vezes paz de espírito, é uma merda. Excesso de paz de espírito não nos leva a lugar algum”.

Luís Fabiano.





sexta-feira, fevereiro 01, 2013

Sublime Violência



Sublime Violência
 Alma humana, alma humana... Que porra será que tu és?
A glória a beira do abismo, a lama luminosa borrando as estrelas, um vórtice de desejos lubrificados pelo bem e o mal, a virtude corrompida, o vicio mais belo, a doença salvadora e a saúde devassada. Porra... É a merda cintilante, e o amor mais profundo. Sinceramente não sei e nem quero saber com precisão isso... Tal saber acaba com o mistério, e eu gosto de alguns mistérios se preservem, as certezas e a clareza de tudo, por vezes confundem o existir. Almas primitivas e quase doentias, não somos tecidos a imagem e semelhança da logica matemática... Somos a cabeça do esperma tentando virar vida.

Tais pensamentos passeavam na minha mente, enquanto abria os olhos lentamente. Concatenando o lugar onde estava. Sempre que durmo fora de casa, nunca sei onde estou. É o mistério, que merda de casa era essa? Não perdi muito tempo nisso. Uma casa ou outra casa, milhares de casas, que diferença iria fazer no final? Foder, foder e foder como uma sinfonia dramática numa marcha incessante.

Estava apenas eu na cama em desalinho. A memoria como um oásis feito de nevoa foi abrindo o quadro. Sim, passei a noite com Consuelo novamente, eu acho. Olho para os travesseiros ao lado... Imensas manchas de sangue. Deus... ela realmente não consegue se controlar...e nem eu. Abrimos concessões e um tenta superar o outro. Mexo nos travesseiros, algo parecia errado, eles estavam realmente muito molhados de um sangue adormecido... 

O cheiro forte, o gosto de sangue na boca, jogado no chão um chicote também sujo. A casa em silencio, um silencio demasiado. Não gosto de nada que é demasiado.
Levanto, estou de pau duro. Paro na frente do espelho e fico olhando minha cara, meu corpo... Meu ridículo pessoal. Digo pro meu pau: é isso ai garoto... Tu és o dedão do diabo... apontando pro céu. Começo a rir. Puta que pariu que noite. Viro de costas, ela esta lanhada, marcas de unhas e chicote. 

Consuelo é maluca. Faz coquetel de sua mente. Não pode beber e bebe, não deve se drogar e se droga, toma medicamentos controlados, mas ta cagando pra isso. Lembrei-me da nossa ultima trepada antes de dormir... Ela estava transtornada, pedindo que eu a matasse... a enforcasse, entre gritos desatinados... Foi um gozo bem louco.
Mas onde ela estaria agora?

Mas antes, me deixa voltar na noite anterior. Conheço Consuelo há muito tempo. Ela já assistiu de camarote a derrota de alguns casamentos meus... Sempre dizia que queria se casar comigo, mas que eu poderia ter quantas mulheres eu quisesse... Mas que de vez em quando voltasse pra casa, e há espancasse um pouco, e depois trepasse com todo o amor possível.

Ela hoje esta com quarenta e cinco anos. Morena alta, cabelos cacheados, um rosto meio marcado pela dor mas bonita, olhos castanhos e um sorriso capaz de te cativar se você desconhecer a sua historia. Nos conhecemos a muito em bar que já fechou. Ela tem um bom emprego federal e sabe curtir a vida, as vezes.

Mas em determinados momentos tem crises de solidão, então me liga em desespero... um desespero quase a beira do suicídio. Não creio que se mate... Pra se matar o cara tem que ter culhão. Se tenho tempo disponível, vou até ela... Se não espero o próximo telefonema.
Na noite em questão, quando eu cheguei a porta de sua casa... ela abriu a porta e já me deu um tapa na cara, muito forte, os óculos voaram, por sorte pararam sobre um sofá...

-Boa noite Fabiano... Esse é o boa noite de hoje cachorro...

Não me fiz de rogado. Ela gosta de inspirar o diabo em mim. Tem mulheres que conseguem isso. Nunca sabemos o que somos capazes de fazer, até fazer. A alguns anos atrás quem me dissesse que eu seria um sadomasoquista eu não iria acreditar. Mas existem determinadas pessoas que são capazes de despertar coisas em você. Sim a doença de Consuelo inspira o pior... Que na verdade é o melhor. Ela adora apanhar, mas apanhar beirando ao espancamento... E depois trepar lentamente, com todo o amor possível. Ela é contraponto, a mecha do dia e a noite, o raio brilhando em uma noite sem estrelas.

Imediatamente comecei a dar tapas nela, depois tapas mais fortes... Ela vestia uma roupa preta justa colada ao corpo... Uma espécie de colam. E pedia pra eu bater mais... e mais. Obedeci. O rosto... As tetas, pernas, a bunda, a xoxota... foram se enchendo de marcas... Então em um tapa mais forte, ela caiu no chão... Era a visão mais linda daquela noite. Cabelos desgrenhados na frente dos olhos e sorrindo com um filete se sangue no canto da boca... Então gemeu:

-Ai... Esse eu gostei... ok Fabiano... Agora vamos beber um pouco...

Nos sentamos a sala... Ela coloca uma velha canção clássica que gosto, chamada Cavalgada das Valquírias de Richard Wagner (o compositor clássico que mais gosto) .
A musica enche o ambiente, cordas dos violinos e violoncelos graves... Puta que pariu, essa musica me arranca a alma do lugar, como se um dardo da morte transpassasse minha vida e me fizesse renascer.

Consuelo me trás uma garrafa de rum fechada, um largo copo de uísque e muito gelo. Estou cansado de porradas, de dar tantas porradas nela. Ela esta bem, meio machucada, mas olha com orgulho aquelas marcas. Senta-se a minha frente seminua, ela tem um coquetel nas mãos. Bebidas e drogas, faz uma mistura. Naquele instante eu sabia que iriamos descer a escadaria do inferno. Não me importava. Nosso romance é moderno e algo inteligente, e desconhece fronteiras do bem e do mal. Porradas, sexo e bebidas, essa é sagrada trindade. Ela sorri com cara de ordinária:

-Tu és um cara bom...
-Tu és uma vadia maluca... Mas eu gosto de ti assim mesmo... Como aquele brinquedo quebrado que não jogamos fora...
-Acho que tu es o único que gosta de mim cara... E o único que me bate desse jeito... Nunca vi, tu faz com gosto, que chega a ser carinhoso... E isso não tem preço.
-Consuelo, eu me controlo um pouco, até um certo instante... Tenho medo de te matar...

Ela sorri limpando o sangue da boca:

-Fabiano... Morrer com uma porrada tua... seria maravilhoso... Me promete uma coisa?
-Diz.
-Me come depois que eu morrer? Antes de chamar o serviço funerário... me come gostoso?
-ok, Consuelo... Se acontecer eu como, afinal sempre se deve atender um último pedido de um falecido...

Começamos a rir. Fui tomando o rum, e ela foi cheirando e bebendo. Carregou as baterias totalmente... E se veio furiosa, um trem bala fora dos trilhos:

-Então vai ser hoje que vais me matar filho da puta...
Ela apanha um chicote estrategicamente escondido debaixo do sofá...e me bate, dói pra caralho...não perco tempo acerto a cara dela num tapa caprichado... Ela tira a roupa.. Eu tiro a minha e ficamos nos espancando pelados na sala ao som magnifico de Wagner.

Porra aquilo era um pesadelo de olhos abertos... Fazemos o jogo... ela me bate e eu bato nela. Algumas mulheres aguentam muita porrada. Então Consuelo agarra meu saco e puxa... A dor é algo indescritível, ela comprime as bolas... Estou meio tonto até... A cabeça não registra muito bem os fatos... Mas sei que peguei o pescoço dela... E comecei a apertar, num misto religioso de desejo, raiva, defesa e sobrevivência... A dor das bolas é imensa... Consuelo sente a pressão, ela vai ficando roxa... Até que sinto que ela se afrouxa... E cai no chão como um saco de batatas, um fantoche velho sem o animador...

Consuelo morreu? Pensei...  E agora? Num flash passa tudo em minha mente. Ela havia bebido, se drogado demais, e mais seu histórico médico... Puta que pariu...
Vou ate ela no chão, coloco o ouvido no peito... ufa, o coração bate e a respiração voltava... Ela bateu com a cabeça e sangrava um pouco. Me deitei no chão ao lado dela, coloquei meu braço sobre sua cabeça, acabei me sujando um pouco com sangue. Toquei nas minhas bolas que mais pareciam duas bolas de tênis... Inchadas e muito doloridas. Foda-se, ao menos a cadela não estava morta.

Wagner ainda berrava no aparelho de som.
Não sei quanto tempo ficamos ali, cansados, ela desmaiada. Então na madrugada acordei, o corpo doía muito do chão, Consuelo em pé... Sorria um sorriso sem graça, meio amarelo, me diz:
-Fabiano, me abraça? Vamos lá pro quarto... Não vai embora... Dorme comigo hoje...
-Tudo bem.

Levantei parecendo um velho. Fomos para o quarto. Adormecemos abraçados, 
havia paz naquele instante, uma paz que soava como uma catedral abandonada, como o risco luminoso das lesmas na parede, o musgo adornando as arvores na montanha e nossas doenças embevecidas de silencio.

Continuo sem algumas respostas, mas sinceramente não há pressa... Não sei até quando será assim...
Volto na manhã.
Consuelo entra no quarto. É uma Monalisa das tragédias... Olho roxo, os lábios inchados e sorria:
-Bom dia Fabiano...
-É, bom dia.
-Eu não morri por pouco...
-Isso jamais saberemos.


Luís Fabiano.





Pérola do dia:

Aquilo que não for resolvido conversando... não será resolvido de outro jeito”.

Luís Fabiano.