Pedras, xoxotas, sambão e um pouco de merda
Parte final.
Lembrando...
Trabalhadores, pedreiros, pintores, lixeiros, domesticas,
gente que se fode dia a dia não para viver mas pra sobreviver, e que na
sexta-feira, exorciza os seus demônios. Boa gente.
Eu era um estranho naquele ninho...mas eu sou um estranho
no ninho onde quer que eu esteja. Eu acostumei.
Estamos sempre procurando a irmandade de deus... mas que
porra...não somos inocentes encontrando inocentes, somo criminosos cúmplices de
um crime... um crime que não fazemos a noção que cometemos. Inconsciência,
inconsequência, ignorância, uma belicosidade silenciosa como vermes nas
entranhas do peito. Mas também fodam-se, eu não iria resolver o problema da paz
mundial... não sou candidato a miss nem algo parecido...
Fui procurando espaço entre a multidão.
Por vezes muita gente me assusta, mas me sentia a vontade
a ali... uns dançavam, muitas mulheres, cheiro bom de humanidade, que é um
cheiro meio sujo... um dia de trabalho, suor, fritura, urina, um pouco de
esgoto e banheiro congestionado perfume barato, tudo misturado. Respirei
profundamente isso. Uma lufada existencial quase bestial invadiu minha
intimidade. Consegui chegar ao balcão.
Um velho comia um patê de porco e tomava cerveja, outro
comia torresmo com cachaça. Excelente mistura, me senti tentado. O atendente
parecia indiferente a tudo:
-E ai amigo... que tem pra beber?
-Gelado cara?
-É pode ser...
-Nada. A cerveja chegou ainda pouco e tá meio quente...
mas também ta frio né...há,há,há
-Tudo bem... traz ai.
-Você que sabe...
Ele trouxe aquela merda, de uma marca das mais horríveis.
Pensei comigo: “esse é o jogo...”
Fiquei tomando aquela porra no balcão. Meu olhar
passeava, agora com o devido combustível, eu estava afim de sacanagem.
Sou assim...deixo as coisas irem surgindo aos poucos. O
sambão animado, Almir Guineto tocando, e todos cantando junto num coro
desafinado. Então fiquei de olho numa linda mulata. Parecia ser muito
poderosa...se é que vocês me entendem. Fazia o tipo de mulher que gosto...
grande, bunda grande, coxas grossas, com barriga e ficava requebrando aquela
bunda imensa na frente... e de vez enquanto olhava pra traz. Sabia o material
que tinha. As mulheres não gostam que eu fale assim... mas a verdade é que:
somos animais... você não consegue ver as emoções ou pensamento das pessoas
através do corpo... tudo vemos inicialmente é o corpo e como signos do ocultos,
feromônios... a dadiva a oferta...o que você tem a oferecer? O que eu tenho a
oferecer a você? Animais e negar isso...me parece falta de humildade.
Sorri pra ela...e a safada retribuiu...começava a me
sentir bem. Então como imãs fomos nos atraindo magnetismo boca do lixo. Ela
mexia aquela bunda... eu encostado no balcão, éramos vulgares ao extremo.
Ótimo. Ela vestia aquela calça justa de náilon, marcando muito a calcinha
minúscula... e ela veio vindo lentamente. Ela gostou de mim e eu dela. Puta
merda como eu gosto disso. A vida feita de olhares e desejos. Tanta conversa
por vezes atrapalha tudo...me sentia um touro, ela era a minha vaca premiada,
eu era o cão, ela minha cadela... onde tudo aquilo nos levaria? Não sei, só
aquilo já tava bom. Foda-se.
Então ela chegou junto ao balcão... a música estava
terminando...ela ainda balança aquela bunda linda. A apoteose dos desejos
inflamados em mim. Toquei no meu pau que estava duro. Tudo música. Então...a música
para e ela estava ao meu lado:
-Princesa... a tua bunda é linda...
Ela me olha...eu esperava o pior.
-Hummm tu gostou negão?
-Sim...ela é um poema, uma nona sinfonia...
-Já me disseram muita coisa da minha bunda... mas que é
um poema nunca....(risos)
Ela sorriu...isso é bom.
-Tenho vontade de te ler por completo... ler todos os
teus poemas e sinfonias...
-Então lê amor...lê tudinho…eu deixo...
Então como autômatos das cavernas...nos beijamos em meio à
multidão... minha língua entrelaçou-se a dela... rostos colados, lagartos
apaixonados, ela explorava a minha garganta e eu a ela...um beijo que
incendiaria oceanos de tristezas e incendiaria cruzes do apocalipse. Agora tudo
poderia não fazer mais sentido algum... que sentido?
Que merda... que porra... a vida... foda-se eu, foda-se
você, foda-se a humanidade.
Trouxe ela junto ao meu corpo...acariciando aquela
barriga linda, o velho do torresmo comenta: Olêlê...mas que beleza...(ouço
risos...laterais).
Quando nos desgrudamos...o mundo girava, ela sorria,
algumas pessoas nos olhavam...e o sambão recomeçou animado... eu tava afim de
tira-la de lá o mais rapidamente possível... mas ela queria dançar mais.
Bebi mais daquela cerveja quente horrível e depois bebi
mais um pouco, depois comecei com a caipirinha dela, e ali começava a minha
“oração”... e em seguida eu estava dançando pagode com ela... juntinho,
exatamente como eu detesto. Mas esse é o cortejo da merda existencial... é a
dança fudida do acasalamento.
Eu bêbado danço até balé, depois de um pouco alcoolizado.
Tudo começava a fazer sentido. Até aí eu nem o nome dela eu sabia. Creio ser
melhor assim. Como cúmplices do crime, não deixamos testemunhas ou endereços. A
noite avança...agora já passavam das quatro da manha...o bar começava a dar o
ar de cansaço, como um estivador alquebrado depois de um dia daqueles... as
pessoas iam embora devagar... nos matos e carros, ouvia-se alguns gemidos...o
prazer. Então peguei a negra pela mão...e disse:
-Vem...
Ela não disse nada, veio doce como uma puta encantada.
Entramos no kadett... começamos a nos beijar loucamente,
deixando as mãos passearem para todos os lados... suas tetas grandes e
macias...muito grandes...fui arrancando sutiã...e o bico negro e muito grande
estava agora em minha boca... eu era um bebê do mal sugando aquela teta
linda...ela gemia alto...e depois gritava besteiras...” me mama, meu chupa
filho da puta me chupa meu filho, me come...”aquele bico preenchia minha
boca...lindo...fomos tirando a roupa... a estas alturas, já não queria ir para
lugar algum mais...eu a queria...minhas mãos foram para dentro da calça justa
dela... encontrando uma xoxota grande...peluda e muito molhada...dois dedos
entram rapidamente dentro dela... tiro os dedos...e coloco na minha boca, o
gosto dela é forte....molhada, molhada demais...uma mulher desejando toda a
putaria possível, é como uma santa desejando os milagres dos céus.
Ela veio pra cima de mim...como uma leoa, abriu o zíper...e
começou uma mamada linda...a beleza original da poesia irretocável, ela sugava
com força, queria arrancar meu pau do origem... dedos dentro daquela buceta
linda...grande...engolidora, ela jorrava prazer...um liquido viscoso com cheiro
forte o gozo, um gozo intenso, a maneira de gozar que algumas poucas mulheres
conseguem...raras alias... então ela sobe em cima de mim...e fode, fode e fode
como uma cadela no cio...a mulher original. Gosto de desejos intensos... todos
eles... gosto do ódio original, gosto da raiva autentica, do amor sem segundas
intensões... senti que poderia morrer ali mesmo...e por algum instante desejei
morrer mesmo... nos braços de uma puta desconhecida.
Tudo já teria valido a pena. Somos animais...ela
esfregava aquela xoxota a base do meu pau...uma esfregação gostosa quase tão
boa quanto uma penetração (nunca esfregou a buceta no pau? Então faça...) tudo
ficando molhado...minha roupas, o banco do carro...os gritos e gemidos da desconhecida...uma
loba uivando...meus uivos...vidros embaçados... pessoas rindo lá fora...escuridão.
Gozamos...exaustos, insanos e em paz. Que sentimento melhor é possível sentir
entre os pecados? A loucura encontra a paz, o espirito a matéria. Então a xoxota dela “peida”, por causa do ar
empurrado pra dentro...o que é normal... mas ela fica envergonhada, diz que não
é peido...sorri.
-Meu bem... você pode peidar na minha cara...que tudo vai
estar bem...
Ela sorri. Achei que era um bom momento pra perguntar...
-Qual o teu nome princesa?
-Não...não há nomes negão...e eu não sou princesa... to
mais pra bruxa...
-Uma bruxa bem gostosa...
-Tu não sabe quem eu sou...
-Acho que não quero saber...nada de espelhos se
quebrando...o céu se partindo...nada...
Ela fica me olhando... ela havia entendido o que eu
disse.
Como uma brisa
silenciosa, ela foi se recompondo, lentamente enquanto os sons da noite
invadiam espaços, meu olhar é uma dança acompanhado, ela recolocando a calcinha
minúscula...linda...o sutiã...com um jeito sensual... aquilo era despedida... não
sou bom com despedidas... então ela abriu a porta do carro... me olhou e saiu,
sem dizer coisa alguma.
Desconhecida mais uma entre um labirinto... eu também
era. Deixei que ela sumisse na bruma da noite...engolida pelo comum... e tudo
que dela ficou em mim... é o que fica das pessoas que convivem conosco, lembranças
as vezes boas... dei a partida no carro mergulhei eu também no labirinto,
queria adormecer e sonhar com fantasmas, com deusas e se possível não acordar
nunca mais.
Luís Fabiano.