Navalhadas Curtas: Bandidão Porra
Meu prédio...meu prédio e meu prédio. A convivência com
as pessoas ali é difícil. Tenho noção profunda que sou um péssimo vizinho. Bêbado,
música alta e pouquíssimo social. Mas tenho umas vizinhas que gostam... talvez
sofram de síndrome de Estocolmo! Já sai
com algumas delas... deixa pra lá.
To descendo as escadas lentamente para ir trabalhar...
então me deparo com uma porta entreaberta no terceiro anda com alguém de costas
olhando pra dentro... fazendo o que? Sei lá...talvez observando o vazio
existencial. Era a mulher do sindico. E vocês sabem...todo sindico é foda!
Então ela se vira de supetão...e dá um grito olhando para
mim... onde estava eu parei, entre os degraus...esperando o próximo capitulo.
Ela se deu conta do mico:
-Ai...seu Fabiano, eu pensei que era um bandido... (rindo
amarelo)
Esse era aquele momento de ser educado, tranquilo e dizer
politicamente correto “que nada dona Maria... tá tudo bem”. Mas creio que isso
seria fácil demais...e certamente não sou das coisas fáceis. Então...fechei a
cara entrando em um personagem:
-Que é dona Maria...que é? Hein... tu tá certa...eu sou
bandido mesmo...tá ligada? Hein?
-Aii que isso seu Fabiano...o senhor tá de
brincadeira...há, há, há,
Agora quase furioso.
-Quem tá de brincadeira aqui Maria? Hein...isso é um
assalto (aos gritos no corredor e indo pra cima dela).
Ela fecha os olhos...baixando o rosto, agora assustada de
verdade. Então...como um bipolar programado, eu pertinho dela e sorri com
suavidade, voltando ao “normal”.
-Calma dona Maria...que a senhora tá fazendo?
Ela sorri sem graça.
-Seu Fabiano...o senhor em assustou...
-Mas eu não fiz nada.
-O senhor disse que era um bandido...
-Eu não disse nada disso. A senhora tá bem?
-Sim...sim obrigada.
Segui me caminho...escada abaixo...sempre pra baixo.
Luís Fabiano.
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