Vidraças da Confiança
Sou transeunte das avenidas do querer
Transitando incólume aqui e ali
Entre feridas que se abrem e fecham
Como bocas do passado e do presente
Ruminando o futuro...
Eu vejo vitrines
Refletindo meu rosto nelas
Em noites e dias vivos
Com paralelos que a conveniência sussurra
E a alma lampeja
La dentro o desejo que brilha mudo
Se contorce como a serpente constritora
O desconhecido de mim
Fulminando sonhos
Olho meu rosto se refletindo
Vejo o que sou e não sou
E não vejo quem é...
O fantasma vacilante frágil
Fraco, carcomido de ideias vomitadas
Com vontade enferrujada, encarquilhada... talvez soterrada
Pelas bruxas de Salem...
Vitrines lindas, sobejantes de brilho ideal...
Como estrelas mortas raspando o abandono
Em dor calada instiga
Murmurando visões sem par...sem fim...
Que nunca se encontram...
As palmas batidas para ninguém
Sigo andando pelas avenidas
Meu querer floresce no asfalto
Como a agonia a espera de Deus
Porem não sou mais o mesmo...
Como elos que se rasgam
Eu agora sou a pedra
Arremessada em vidraças ocas
Que não olham em meus olhos
Sou vidraça sem vidros
O espelho sem reflexo
Anseio que não aporta
As vitrines não me separam mais da verdade.
Luís Fabiano.
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