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domingo, maio 26, 2019
Rei das Bucetas – A Buceta Dourada
Acordo de madrugada,
sobressaltado, não sei onde estou o álcool fazendo efeito ainda whisk, Rum e
gelo. Geralmente acordo me engasgando com o vomito ou refluxo que vem me
visitar.
Tudo certo, dou umas boas
tossidas e o afogado está salvo novamente. Creio que não morrerei assim tão
fácil como rock in roll.
Levanto da cama, olho a
janela, a note de sábado forte nas ruas de Pelotas. O bar está fechado, mas
carros estacionados tocam uma musica horrível, pessoas bebem e gritam e fazem o
som dos infernos. Nada como estar em casa.
Vou até a cozinha tomo água,
enquanto um verme dentro de minha alma fica se retorcendo implorando a voraz
rua...puta que pariu, os deuses malditos assobiam e vou, sempre fui assim
levado por desvios.
Não perco tempo pensando
em certo e errado. Isso geralmente não significa nada quando se quer algo,
quando a porra do desejo diz pra você- foda-se o bom senso, foda-se a moral,
foda-se o mundo, fodam-se todos.
Visto uma roupa qualquer,
camiseta preta e jeans meu uniforme, em segundos estou dentro do carro e claro,
percorro as sujas ruas de Pelotas, as nada receptivas ruas, babadas de visgo e
sangue, drogas e diversão.
Muita gente na rua, e eu
não sei exatamente o que procuro. Uma buceta? Um cu ? A sarjeta iluminada? Não
sei, deixo a coisa toda fluir.
Cheiro de umidade da rua
um cheiro dormido, um cheiro de cu sujo com um pouco de suor, muco e sebo. Um
paladar para os fortes, sinceramente gosto de um cu sujo, gosto de uma buceta
que esteja mijada de um dia todo, são poesias, lembra tanto o que não somos.
Ruas do porto já não são
mais como as mesmas, aquela hora, crackeiros nos cantos escuros, iluminados
pelo cachimbo, sigo andando. Então lembro de um velho poema, daqueles autores
malditos que amo: uma buceta esguia, guia teu caminho
A buceta repleta de
carinho
Beija com os lábios grandes
E sua marca é um caminho
de lesma
Deita entre elas
E bebe do seu sumo
Começo a rir sozinho,
percebo como sou abobado, lembrando poemas que ninguém conhece. Então cansado
de rodar pela cidade, decido ir visitar a única que alma que fica acordada a madrugada toda
em sua caverna: o Sr Antônio o Rei das Bucetas, meu padrasto por adoção.
Chego no Bar, o pagode
daqueles que odeio sempre ta tocando, e nada de som mecânico, é um pessoal
tocando pagode e tomando cachaça, seja a
hora que for na madrugada.
Sentando em uma das mesa,
o velho senhor vestido de branco e o dono da porra toda.
Desço do carro, o pagode
animado segue, uns poucos casais dançam bêbados e felizes, o Rei aponta um
lugar vago em sua mesa. Me sento, ele fica me olhando, com um olhar questionador.
Fico ali, procurando uma bunda bonita para olhar, sou assim, as vezes nada
acontece, mas outras sabem como é.
-Filho, que tu faz a essa hora
aqui?
-Acordei e não sabia o que
fazer... não tinha de interessante vim aqui.
Como se adivinhasse meus
pensamentos o Rei sorri:
-Tais a procura da buceta
dourada não é?
Lembrei que já fui casado
com uma loira, e depois comi varias outras loiras, todas tinham a buceta com pentelhos
loiros, lábios pequenos e rosado e claro, tinham irritação da minha porra.
Não
sei porque isso acontecia, eram alérgicas a minha porra, todas elas. Até pensei
que talvez eu tivesse alguma pereba no pau, mas não era alergia mesmo. Uma das ultimas
fodia comigo e imediatamente ia lavar a buceta, eu achava estanho, mas vai
saber?
-Sabe Rei creio que
sim...aquela buceta que seria a buceta das bucetas! Aquela buceta que se come e
todo o desejo desaparece, sempre pensei nisso, minha procura foi essa...mas
isso não existe né?
-Não filho isso não existe,
porque não é assim que funciona, a coisa não parte de uma mulher rara, de uma
pessoa especial...parte daquilo que doamos a quem gostamos, amamos etc...tudo
parte de ti.
Tenho sérios problemas com
o amor.
É tema que sempre me dói significativamente. Eu apostei minha vida em
amor ou amores errados, eu apostei tudo para ter uma felicidade comum a todos,
tipo, cachorro, filhos e uma casa de boa e ali viver e nunca deu certo...nunca
mesmo.
Tudo bem, eu relaxei e passei a viver diferente.
-Eu entendo Rei, mas isso
é complexo de entender.
-É simples filho, a mulher
da tua escolha tu entregas o teu prazer, teu carinho, e faz tudo para que seja
plenificada por ti, pelo teu melhor. Que mais se precisa?
O Rei gargalha alto em uma
madrugada suja, dizem que ele é uma entidade, mas ele bebe comigo e gargalha e
todos olham.
A cachaça chega na mesa, e
sinceramente não quero filosofar, esse papo todo não preenche o vazio, não
mesmo. Tomei a cachaça e me deixei entorpecer.
Acordei em casa, não sei
exatamente como vim dirigindo, mas acho que deu certo, você esta vivo e eu também.
L.F.
segunda-feira, maio 20, 2019
domingo, maio 12, 2019
Por onde anda aquela mulher
Meu pensamento se perde
Revirando as frestas do passado
A procura dela
Meu pensamento deseja o que não mais se pode ter
Tudo muda
Eu mudo
Ela mudou
Por onde ela anda?
Aquela que enfrentava manhãs frias
Com brilho nos olhos
E fome de viver
Aquela que cuidava de filhos e marido e do marido alcoólatra?
Onde?
Que não perdia o horizonte
Que nadava contra correntezas
E mantinha por sua natureza
Um sorriso desafiador dos conflitos...
Sorriso insistente
Inquebrável certeza de vencer
Cheio de carinho e amor...
Por onde andas?
Aquela que as respostas nunca estavam terminadas
Que enfrentava uma jornada tripla de trabalho
E ainda tinha forças para ajudar outros...
Aquela que enfrentou doenças
Dores
Desemprego
E exploração...
Passava por isso como um trator silencioso...
E hoje?
Hoje vejo uma outra mulher
Uma mulher que não queria ver...
Mulher estranha
Frágil por um fio na linha da depressão
Incerta de tudo que lhe cerca
De um brilho esmaecido
De certezas esquecidas
De dúvidas e duvidas tantas
Por onde andas?
Golpes outros terminam por nos dobrar?
Não trocarás socos contra as ondas contrarias?
Não.
Nem farás força para estar em pé...
Meu pensamento se perde sim
Queria o que não se pode ter
Que voltasses...
Volta...
Volta no vento por favor...
Meu coração tem sede de ti
Mas essa é uma resposta que ainda temos
Te quero viva
Como a fé feita de fogo
Lutando no presente
Como a nova página que se vira
Serena no destino...
E uma nova história que começa
Vem...
Vamos começar uma nova historia
Não sei o quanto isso significa para ti
Mas eu estou aqui
As marés contrarias aguardam todos
Ainda não sei por onde andas
Mas sei que vou te achar.
L.F
quarta-feira, maio 01, 2019
Calcinha
CALCINHA
Ela larga a peça
Displicente como uma
bebida jogada
E tudo que parece tão simples
Mas
O tempo mostra fissuras
Um cheiro do espanto
Volvendo ao braço do tempo
Rasgando o espaço
Do banheiro
A buceta
Sua história
As marcas do corrimento
lembranças de sua infecção
em meu coração de flagelo
Como doce
verme de desejo
saqueando o meu coração
Ela abre a buceta
delicadamente
Os lábios sujos e melados narram
a noite
os homens
as mulheres que esteve
O silencio é lindo
Como uma Beethoven surdo
Porra lentamente escorre por entre suas
pernas entreabertas
Ali
A poesia do demônio
Do amor
Da doença
Ela nunca foi tão linda hoje e sempre
Enquanto fuma e
Fica me
olhando sorrindo
Ela é o que é
Sua verdade entorna
Luz tênue do chão
E meu abraço a espera
sem nenhum porque.
L.F
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