Acordo de madrugada,
sobressaltado, não sei onde estou o álcool fazendo efeito ainda whisk, Rum e
gelo. Geralmente acordo me engasgando com o vomito ou refluxo que vem me
visitar.
Tudo certo, dou umas boas
tossidas e o afogado está salvo novamente. Creio que não morrerei assim tão
fácil como rock in roll.
Levanto da cama, olho a
janela, a note de sábado forte nas ruas de Pelotas. O bar está fechado, mas
carros estacionados tocam uma musica horrível, pessoas bebem e gritam e fazem o
som dos infernos. Nada como estar em casa.
Vou até a cozinha tomo água,
enquanto um verme dentro de minha alma fica se retorcendo implorando a voraz
rua...puta que pariu, os deuses malditos assobiam e vou, sempre fui assim
levado por desvios.
Não perco tempo pensando
em certo e errado. Isso geralmente não significa nada quando se quer algo,
quando a porra do desejo diz pra você- foda-se o bom senso, foda-se a moral,
foda-se o mundo, fodam-se todos.
Visto uma roupa qualquer,
camiseta preta e jeans meu uniforme, em segundos estou dentro do carro e claro,
percorro as sujas ruas de Pelotas, as nada receptivas ruas, babadas de visgo e
sangue, drogas e diversão.
Muita gente na rua, e eu
não sei exatamente o que procuro. Uma buceta? Um cu ? A sarjeta iluminada? Não
sei, deixo a coisa toda fluir.
Cheiro de umidade da rua
um cheiro dormido, um cheiro de cu sujo com um pouco de suor, muco e sebo. Um
paladar para os fortes, sinceramente gosto de um cu sujo, gosto de uma buceta
que esteja mijada de um dia todo, são poesias, lembra tanto o que não somos.
Ruas do porto já não são
mais como as mesmas, aquela hora, crackeiros nos cantos escuros, iluminados
pelo cachimbo, sigo andando. Então lembro de um velho poema, daqueles autores
malditos que amo: uma buceta esguia, guia teu caminho
A buceta repleta de
carinho
Beija com os lábios grandes
E sua marca é um caminho
de lesma
Deita entre elas
E bebe do seu sumo
Começo a rir sozinho,
percebo como sou abobado, lembrando poemas que ninguém conhece. Então cansado
de rodar pela cidade, decido ir visitar a única que alma que fica acordada a madrugada toda
em sua caverna: o Sr Antônio o Rei das Bucetas, meu padrasto por adoção.
Chego no Bar, o pagode
daqueles que odeio sempre ta tocando, e nada de som mecânico, é um pessoal
tocando pagode e tomando cachaça, seja a
hora que for na madrugada.
Sentando em uma das mesa,
o velho senhor vestido de branco e o dono da porra toda.
Desço do carro, o pagode
animado segue, uns poucos casais dançam bêbados e felizes, o Rei aponta um
lugar vago em sua mesa. Me sento, ele fica me olhando, com um olhar questionador.
Fico ali, procurando uma bunda bonita para olhar, sou assim, as vezes nada
acontece, mas outras sabem como é.
-Filho, que tu faz a essa hora
aqui?
-Acordei e não sabia o que
fazer... não tinha de interessante vim aqui.
Como se adivinhasse meus
pensamentos o Rei sorri:
-Tais a procura da buceta
dourada não é?
Lembrei que já fui casado
com uma loira, e depois comi varias outras loiras, todas tinham a buceta com pentelhos
loiros, lábios pequenos e rosado e claro, tinham irritação da minha porra.
Não
sei porque isso acontecia, eram alérgicas a minha porra, todas elas. Até pensei
que talvez eu tivesse alguma pereba no pau, mas não era alergia mesmo. Uma das ultimas
fodia comigo e imediatamente ia lavar a buceta, eu achava estanho, mas vai
saber?
-Sabe Rei creio que
sim...aquela buceta que seria a buceta das bucetas! Aquela buceta que se come e
todo o desejo desaparece, sempre pensei nisso, minha procura foi essa...mas
isso não existe né?
-Não filho isso não existe,
porque não é assim que funciona, a coisa não parte de uma mulher rara, de uma
pessoa especial...parte daquilo que doamos a quem gostamos, amamos etc...tudo
parte de ti.
Tenho sérios problemas com
o amor.
É tema que sempre me dói significativamente. Eu apostei minha vida em
amor ou amores errados, eu apostei tudo para ter uma felicidade comum a todos,
tipo, cachorro, filhos e uma casa de boa e ali viver e nunca deu certo...nunca
mesmo.
Tudo bem, eu relaxei e passei a viver diferente.
-Eu entendo Rei, mas isso
é complexo de entender.
-É simples filho, a mulher
da tua escolha tu entregas o teu prazer, teu carinho, e faz tudo para que seja
plenificada por ti, pelo teu melhor. Que mais se precisa?
O Rei gargalha alto em uma
madrugada suja, dizem que ele é uma entidade, mas ele bebe comigo e gargalha e
todos olham.
A cachaça chega na mesa, e
sinceramente não quero filosofar, esse papo todo não preenche o vazio, não
mesmo. Tomei a cachaça e me deixei entorpecer.
Acordei em casa, não sei
exatamente como vim dirigindo, mas acho que deu certo, você esta vivo e eu também.
L.F.
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