“Dei um beijo na boca dele e fui ao enterro de óculos
escuros e cheirei no cemitério, passei o resto do dia enfurnada no quarto e o
resto mês odiando o mundo e uns anos desatinada e a vida desamparada.
Eu era
louca por meu irmão, ensandecida, fanática, quem falava qualquer coisa dele eu
virava inimiga. Ele era lindo, parecia comigo, só que mais bonito ainda , era
grande como eu, tinha os mesmo lábios , os mesmos olhos verdes , e um bigode
indizível, desses que descem, pelas comissura quase como os dos mongóis do cinema, só que mais cheios e menos
comprido, era a pessoa mais carinhosa que se possa conceber, tinha um canto de
olho enrugadinho como eu nunca vi em ninguém, a voz um tantinho rouca, mas
forte, os pés energético, suaves, doces, violentos, tinha as mãos mais sexy que
alguém pode ter, tinha uma bunda esplendorosa, não há palavras para descrever
aquela mistura realmente inefável de masculinidade e feminilidade, aquele jeito
de deitar de bruços com as pernas dobradas, aquele sorriso entre maroto e tímido
e no fundo resoluto,
uns dentes como nunca houve dentes, esporrava mais longe e
fartamente do que jamais algum homem esporrou, tinha um pau lindíssimo,
delicado e ao mesmo tempo afirmativo e mais duro do que a consciência da
Alemanha, tinha uma inteligência acachapante, umas virilhas de cheiro inebriante,
os cabelos mais macios do planeta, uns grunhidozinhos impossíveis de imitar,
umas caras tão lindas na hora de trepar -
e olhe que já vi as mudanças de cara na hora de trepar mais
espetaculares, como é bela a mudança de cara na hora de trepar, é o
conhecimento absoluto – tinha orgasmos pelos peitos igual a mim, orgasmos múltiplos,
tinha um ofegar inimitável na hora de gozar, tinha a melhor trilha sonora de
que já participei, tinha um umbigo irrepreensível, entre pelos mais macios que
barriga de ovelha, tinha o melhor nariz que já entrou pelas minhas pernas
acima, um cangote irresistível, tinha um saco que dava imediata vontade de
beijar e
lamber e me fazia gozar e quando esfregava a cara nele, tinha um jeito de bater punheta
para gozar na minha boca, só na última hora me deixava endoidecida, tinha uma
maneira de me penetrar por trás que eu nunca esqueço, oferecendo lindo seu pau
ereto para que eu chupasse e molhasse e depois metendo tudo dentro de mim, eu
de quatro e ele amassando meus peitos me xingando e fazendo questão de puxar o
pau para meter de novo devagar até o fundo e mordendo meu pescoço, me puxando
pelos quadris e eu abrindo a bunda com a mãos para ele meter ainda mais fundo,
ele tinha tudo, tudo, tudo, ele me comeu de todas as formas que ele quis, e eu também
comi ele, eu adoro meu irmão, nunca mais a vida foi a mesma coisa, ele está
sempre, ele era sempre, eu nunca podia fica só, porque ele existia, ele era
minha referência e meu parceiro básico, meu macho e minha fêmea, ele me deixava
molhada todas as vezes que me tocava, ele anunciava que ia gozar em mim como
um césar em triunfo, me elogiava antes, durante e depois, o pau pulsava em
minha boca antes de gozar, todas as minhas entradas palpitavam antes de ele meter, eu subia para o céu
quando ele levantava meu traseiro, e me transfigurava numa potranca sendo
enrabada pelo puro-sangue seu irmão, o único que soube ser tudo, macho, puto,
fêmea, descarado, sádico, masoquista, mentiroso, verdadeiro, lindo, feio,
disposto, preguiçoso, lindo, lindo, lindo... meu irmão Rodolfo.
Livro - A Casa dos Budas Ditosos – Luxúria
Autor – João Ubaldo Ribeiro
Página 93.
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