Navalhadas Curtas: Primeiro do ano, não diz nada
Chego ao posto de gasolina frente a minha casa. Agora é lá
minha segunda morada. Busco cervejas, e um bom papo... tudo se renova afinal independente
do ano. To ali de bobeira...jogando conversa fora...agora eram quase meia noite
do dia primeiro. Chega uma dona...vestidinho curto e meio ansiosa. Chega para o
atendente e pede uma carteira do seu cigarro:
-OK senhora é sete e cinquenta.
- O que? Porque?
-É que os cigarros subiram...hoje...
Ela joga umas moedas sobre o balcão, conta por cima e
falta dinheiro...então:
-Mas que merdaaaaa!!!! Não acredito que to fudida
assim!!!! Não acredito que não tenho dinheiro... a vida é uma merdaaa...que
nojo de mim... que nojo de ser viciada....
Fiquei olhando para ela fazendo aquele show. Todos
olhavam... ela parecia desesperada mesmo... na vida tudo tem um preço. O ano
começou ali eu percebi. O ano muda o número, mas isso não tem nada a haver. O
que importa é como tu vai levar a tua vida...como você vai interagir com a existência...
não é o ano que tem de ser bom...mas a vida.
Ela se pôs a chorar...eu sorri pra ela...contei as moedas dela sobre o balcão, faltava dois e cinquenta, abri a carteira e coloquei sobre a
mesa... e ela silenciou.O atendente alcançou o maço para ela. Ficamos todos em
silêncio.
Ela pega o cigarro e me pergunta:
-Por que tu fez isso cara? O que tu queres em troca?
-Sei lá porque fiz... talvez pelo filme, Corrente do bem, ta ligada? Agora é o seguinte, tu tens que fazer três coisas legais para pessoas três que não
conheces... e tá pago.
Não sei porque falei aquilo,não sei porque fiz aquilo, apenas fiz...não tava pensando nisso,
nunca penso em nada e tenho pouca imaginação.
Ela me abraça e sai. Rodrigo o atendente me pergunta:
-Cara que foi isso?
-Foi, feliz ano novo Rodrigo...
Luís Fabiano.
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