“ Aí sim, fiquei sozinho.
O
ar ao meu redor ficou mais leve. Para mim era trabalhoso aceitar a solidão. Era
difícil aprender a me auto-abastercer. Eu continuava achando que era impossível.
Ou que era desumano. “O homem é um ser social”, tinham me repetido muitas vezes .Isso,
mais o calor do trópico, o sangue latino, minha mestiçagem fabulosa, tudo
conspirava ao meu redor, como uma rede, me incapacitando para a solidão.
Esse
era o meu problema e o meu desafio: aprender a viver e a desfrutar dentro de
mim .E a questão não é tão simples: hindus, chineses ,japoneses e todos os que
tem culturas milenares, dedicaram boa parte de seu tempo a desenvolver
filosofias e técnicas de vida interior. Mesmo assim, todo ano se suicidam no
mundo uns tantos milhares de pessoas, esmagadas pela própria solidão. Não é que
o sujeito escolha ficar sozinho. É, que pouco a pouco, vai-se ficando sozinho.
E
não há remédio. É preciso resistir. Chega-se a uma imensa planície deserta e
não se sabe que porra fazer. Muitas vezes se pensa que o melhor é não pensar
muito em si mesmo e na maldita solidão, que fica mais aguda quando se esta
isolado e em silencio .Bom, pois é preciso entrar em ação. E a gente sai por
ai. Em busca de um amigo, ou de uma mulher que nos dê um pouco de sexo. Não
sei. Alguém, para não ficar sozinho, porque já se sabe que quando se esta assim
, o rum e a maconha deprimem mais ainda. Um pouco de sexo talvez. E senão, pelo
menos um amigo.
Fiquei pensando nisso
tudo, me pus de pé de um salto e ri. Gostosamente. Um bom sorriso, desnecessário
e absurdo, é um tônico .Sempre dá resultado comigo. E se consigo aguentar uns
minutos e rir por dentro e por fora, melhor ainda. “Vou”, pensei. E fui.
Procurar um amigo.
Pedro Juan Gutierrez –
Trilogia Suja de Havana.
Um comentário:
Salve Pedro Juan! Esse foi um dos melhores livros que já li até hoje!!!... Cuba Libre! :)
Moizes Vasconcellos.
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