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sábado, junho 08, 2013

O celular é uma Porra



O celular é uma porra
 As noites são os Pentelhos de Deus

Puta que o pariu! Estamos fudidos ! É sempre assim... quando se esta por ganhar... fazer a coisa acontecer, algo sai do tom... e desbancam universos, tudo muda. Ok. Aquela gente é absolutamente desconhecida para mim. Sou estranho em qualquer parte que vou, não reajo é assim. Você por você mesmo, ainda que pense que não. E esta certo. Os outros seres humanos são meras consequências. Mas atividades ilícitas sempre causam uma adrena paralela. Normal. Você olhando a bunda de outra quando a esposa tá do lado... ali a coisa era um pouco mais grave.

Estávamos em produção. Puta que pariu, como me meti com isso? Sei lá... aconteceu e agora foda-se. É assim... vou vivendo momento a momento. Se você quer, é assim. Uma mulher muito gorda... com cheiro profundo de bacon, era a comandante da produção... eu o chefe. Então subitamente... nos todos ouvimos umas sirenes... toda e qualquer sirene a gente tem ficar alerta... sirene nunca é uma coisa boa.

Vou correndo até a janela... a lei estava lá fora, armados ate os dentes, pensei: agora deu... sem fuga, sem saída...sem nada. Mas nestas horas você não pode reagir... é preciso pensar com calma...sem perder o controle, isso te dá credibilidade diante de qualquer pessoa, disse pra gorda:

-Gorda... relaxa ai...fica bem calminha...ok?
-Fabiano...a casa caiu... vamos morrer no xadrez...
-Porra nenhuma...  se for pra morrer... morre-se agora... e hoje... nada de morte a prestação...

Gorda agora chora, esta aterrorizada. Já fiquei aterrorizado tempo demais... hoje você aprende a relaxar. Vi coisas, vivenciei coisas que fariam vocês ficarem de cabelo em pé.

-Gorda, fica quietinha eu vou lá falar com eles...

Abro a porta, estou calmo, cumprimento os policiais...que estão a uma distancia no portão de entrada:

-Boa tarde senhores... o que esta havendo ?
-O senhor é dono desta propriedade?
-Eu mesmo... porque?
-Porque recebemos uma denuncia anônima, que havia um ponto de drogas aqui...
-Que isso? A única droga que tenho aqui é o capim que tá nascendo por todo lado...
-Bem, será que seria possível fazermos uma verificação ?
-Não é possível.

Senti em mim que nada ia dar certo... nada mesmo. Então eu tomei a decisão... vamos todos morrer, porque a morte é mais digno, que ser vilipendiado pela sociedade. O morto parte, o que fica são memórias facilmente esquecidas, você cai no nada existencial... como a poeira do deserto.

-Então nos vamos invadir... este é o último aviso...abra por favor...
-Não...

E fiz uma menção de pegar um armamento... não houve tempo de piscar os olhos...e uma bala transpassou meu cérebro... la estava eu... morto antes de chegar ao solo...
Puta que pariu...puta que pariu...
Acordo em sobressalto... sentindo o sangue escorrer na testa... e o buraco aberto... vou caindo em mim... filho da puta, outro maldito pesadelo. Isso começa a me incomodar. Não gosto nem de sonhos e nem pesadelos. Muito cedo em minha vida, matei todos os meus sonhos, o que permitiu ver melhor a realidade. E agora estava as volta com pesadelos... e sonhos. Foda-se.

Fiquei tocando minha testa. Tava tudo em ordem. Aquele cara do sonho era foda... mas estava acabado. Eu estou aqui... ao menos ainda.
Esfrego os olhos... e levanto da cama. Madrugada alta... vou até o cozinha, bebo agua...peido forte, estou sem roupas, e o frio começa a me pegar. Vou até a janela da sala, a Pelotas dorme, dorme o sono dos broxas... o frio invade tudo, penso em ir pra rua. São agora quase cinco da manhã... penso em toda a mão de obra... vestir-se, pegar o carro... circular por aí e fazer uma tentativa de achar uma puta decrépita, e então amar...amar...amar...e depois torcer para que a cama tenha uma catapulta... que você aperta o botão...e ela voe pela janela... é Fabiano... isso é muita mão. É mais fácil abrir a internet... olhar alguma boa putaria qualquer... você bate uma punheta... e depois, uns três ou quatro jorros bem bons... tudo se acaba. As coisas sempre se acabam... ainda pouco eu havia morrido.

Pego o celular, tem uma mensagem brilhando no silencioso. Quem seria? Vejo o horário que chegou, era as três e quarenta e sete da manhã. É o que sempre digo: nunca procure algo... você acaba achando, a mensagem era da Inês.

Bem, a Inês foi alguém quem que tive um caso. Mas a coisas degringolou, porque ela era instável, louca mesmo, tomava uma porrada de remédios pra cabeça... e as vezes colocava whisky na parada, bem e ai despirocava de vez. Uma quarentona com a cabeça de uma menina de doze. Mas o que ela tinha de bom... o corpo e boca. Ela deveria ser professora de boquete. A técnica dela é algo... é lenta...suave, coloca inteiro na boca... e vai sugando da base do pau para a cabeça... e depois inverte... e quando esta com ele todo na boca, ela acha espaço para colocar a língua de fora e lamber as bolas. É uma acrobata da arte oral.

Na mensagem dela isso: Fabiano... se estiveres pela noite me avisa... porque to me sentindo sozinha... e acho que a vida não tem sentido...
Porra... que ela espera que eu responda: que a vida tem sentido? Fiz as contas... ligava ou não?
Mandei uma mensagem otimista pra ela: Inês, fica tranquila, a vida realmente não tem sentido... vá dormir e amanha a gente vê.
Deitei novamente, decidi voltar a dormir. O telefone toca, eu não creio:

-Aloooo...
-Fabiano...tudo bom? Tu ta acordado?
-Não... eu to dormindo...e inclusive até já morri hoje...
-Bah cara... porque falar deste jeito? Bah to precisando de uma força...
-Porra Inês... força as cinco da manhã? Que foi... a geladeira estragou? O vaso não ta dando descarga... qual é?

Ouço lagrimas do outro lado da linha. E me senti batendo um pênalti. Mas com toda certeza nesta noite fatídica eu não gritaria gol. Eu era um fudido... melhor sou um fudido. Respiro profundamente, o mar de impossibilidades brilha no horizonte, entre a densa escuridão da noite...caos sorri e fagulhas de felicidade...trincam a alma.

-Inês... diz ai... que foi?

Ela assoa o nariz, suga o ranho que não saiu pra dentro de si.

-É a que minha vida não tem mais sentido cara... não vejo motivo mais pra fazer mais nada...
Definitivamente aquele não era um caso pra mim. Não sou terapeuta, psicólogo ou psiquiatra. Então era encaminhar para alguém que desse jeito.

-Sei Inês... e ai, o que tu pretende fazer?
-Nada... eu não quero fazer mais nada... apenas morrer...

Difícil a morte não pintar, bem agora ela estava ali. Não quero alongar este assunto. Então manipulei a verdade.

-Bem, Inês todos vamos morrer... é esperado, uns mais cedo e outros mais tarde, então fica tranquila. Mas creio que deverias conversar com alguém... porque isso pode ser um sinal que os teus remédios não estão funcionando bem...quem sabe? E você precisa dos remédios funcionando.

Ouve um silencio na linha, ela parecia pensar talvez.

-Tu não podes vir aqui dormir comigo?
-Não posso...

Então subitamente ela ficou agressiva.

-Tu não pode é? Tu não podes é? Tu é um merda cara... um idiota... metido... tu é louco cara...tudo é podre...há,há,há...

Já conhecia aquele filme. Puta que pariu, o pesadelo agora era a vida e real... desliguei o telefone na cara dela, de desliguei o telefone.
Tudo me cansa...os normais me cansam, os anormais me cansam...os que ainda não sabem o que são me cansam. Indefinições são uma bala no peito, o cão late para um dono ausente e telescópios não conseguem ver Deus... eu não consigo, você não consegue... todos temos nossas loucuras e tudo isso passa. Onde estaria o meu sono.


Luís Fabiano.




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