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domingo, março 10, 2013

O Silêncio dos Guinus






Ela entra aos berros na sala...
Estou vendo teve, pés na mesa de centro e estava de cueca
Ambulâncias de urgência são mais discretas
Eu assistia o Animal Planet, pura coincidência...
Tentei ignorar aquilo, como uma cruz vazia
Até que ela veio lançar seus dardos em mim...

Olhei pra ela: que porra você quer?
-Fabiano... Tu não prestas... bem que minhas amigas tinham me avisado...
Comecei a rir... não sabia o que haviam dito... sempre dizem algo...
Por que tanta força, por algo tão pequeno?
-Mas que foi? Eu disse.
-Tu és um mulherengo... E só gostas de ti mesmo...
Fiz as contas de quantas vezes já ouvi isso...
-Mas sou honesto.
-Tira essas patas sujas da mesa...
Aquilo não iria terminar bem... Nunca termina.
Tirei os pés da mesa, mas não resolveu

Quando alguém deseja brigar... Não existem argumentos
Cocei o saco e ela falava alguma coisa...
Na teve, um crocodilo gigante mastigava um guinu inteiro...
Também, eles atravessaram um rio repleto de crocodilos...
É como dar um tiro no escuro...
Achei o guinu um idiota... Ele era um guinu herói... foi primeiro, e se fudeu...

Voltei a mim... ela estava em silencio...
Um olhar congesto... O silencio de um bisturi
O silencio de uma doença lenta em teu organismo...
Silencio da alma...
O único som na sala eram os guinus morrendo um a um...
E eles não recuavam... suicidas?

Então ela disse:
-Porque tu és assim cara...
Isso é tão difícil de responder...
-Não há culpa, eu apenas não sou o que tu imaginaste... Mas você sabia.
Eu estava preparado para se jogado na rua direto...
Mas ela veio até mim...
E apenas pediu que eu a abraçasse forte
O que se sente, não pode ser medido com uma régua
Mas ao que pareceu, estávamos em paz
O ultimo guinu morreu.


Luís Fabiano.


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