Navalhadas
Curtas: Fugitivos do silencio
Tenho
tentado evitar o elevador do meu prédio. As escadas são solitárias. O elevador
tornou-se o ponto de encontro dos chatos do prédio, comigo é lógico.
Eles reúnem-se
naquele quadrilátero de um metro e meio, e ficam me falando uma merda atrás da
outra, no curto tempo em estamos ali.
Pergunto: Por
quê?
Não será possível
manter por menos de um minuto, um silencio confortável e simples? Os seres
humanos sempre tem dizer alguma coisa? Sim... Com toda certeza se você tem
sempre algo a dizer... é certo que o tu falas é de pouca valia... Então
brother, foda-se.
Entrei na
porra do elevador, e uma velha, vizinha, entra junto com uma sacolinha de lixo
bem fedorenta, Deus:
-Oi vizinho...
tudo bom? – Ela diz.
Meu humor
sofreu um nocaute.
-Sim.
-Mas que
beleza de dia hein? O senhor não acha?
-Não.
-É... mas
tá muito bonito. E como vai a tua mãe?
-Bem.
-E o
sobrinho? Tá bem? Tá crescendo?
-Sim... Ele
tá ótimo... Mas não... ele ta encolhendo agora... Parece que vai voltar pela xoxota
da minha irmã... E se Deus quiser... ele vai tornar a ser um óvulo novamente !
Tudo na
vida tem um preço. O silencio foi desconfortável... E o cheiro do lixo impregnava
o ambiente tornando o elevador uma câmara de tortura... A velha não disse mais
nada, nem me olhou mais... O lixo agora pingava uma aguinha suja... como um
mijo de gamba... Que merda.
Luís
Fabiano.
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