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domingo, março 03, 2013



Navalhadas Curtas: Fugitivos do silencio

Tenho tentado evitar o elevador do meu prédio. As escadas são solitárias. O elevador tornou-se o ponto de encontro dos chatos do prédio, comigo é lógico.
Eles reúnem-se naquele quadrilátero de um metro e meio, e ficam me falando uma merda atrás da outra, no curto tempo em estamos ali.
Pergunto: Por quê?

Não será possível manter por menos de um minuto, um silencio confortável e simples? Os seres humanos sempre tem dizer alguma coisa? Sim... Com toda certeza se você tem sempre algo a dizer... é certo que o tu falas é de pouca valia... Então brother, foda-se.

Entrei na porra do elevador, e uma velha, vizinha, entra junto com uma sacolinha de lixo bem fedorenta, Deus:
-Oi vizinho... tudo bom? – Ela diz.
Meu humor sofreu um nocaute.
-Sim.
-Mas que beleza de dia hein? O senhor não acha?
-Não.
-É... mas tá muito bonito. E como vai a tua mãe?
-Bem.
-E o sobrinho? Tá bem? Tá crescendo?
-Sim... Ele tá ótimo... Mas não... ele ta encolhendo agora... Parece que vai voltar pela xoxota da minha irmã... E se Deus quiser... ele vai tornar a ser um óvulo novamente !

Tudo na vida tem um preço. O silencio foi desconfortável... E o cheiro do lixo impregnava o ambiente tornando o elevador uma câmara de tortura... A velha não disse mais nada, nem me olhou mais... O lixo agora pingava uma aguinha suja... como um mijo de gamba... Que merda.


Luís Fabiano.


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