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sábado, fevereiro 16, 2013





O porto seguro das aflições

Um entra inquieto, tem medo
Outro esta angustiado, não sabe o que fazer de sua vida agora...
Uma mulher no canto esta infeliz, não tem o homem que queria
Se pensarmos bem, nunca temos exatamente o que queremos... Sempre falta algo...
O bar não estava em seus melhores dias
E eu até não tinha problema algum
Mas vendo a fumaça desgraça bailando ali
Fui tocado... Como um gás toxico sufocando lentamente

Então uma bicha louca, entra aos prantos
Dizendo que sua vida é uma merda...
Eu sorri e disse: benvinda ao clube filha...
Então depois de mais um gole de rum
A solução veio, simples como um peido matinal de Fernando Pessoa
É preciso aprender a abrir mão

Quase imediatamente abri mão de todos eles
Uma gaivota não voará se ficar apegada a enseada
Uma cigarra não cantara se apenas ficar voando
Você precisa abrir mão de tudo que te perturba
Jogar carga ao mar, para que o navio voe por sobre as tumultuadas ondas num céu de chumbo
Então sorri para eles todos
E disse palavras soltas, como um pastor bêbado, mastigando os Salmos

Se a dor te aflige livre-se dela
Se o chefe é um chato, trate-o como a um ninguém
Não se importe com todas as ofensas, elas não são nada, apenas vapor de merda ao vento
Quando você quiser fazer o melhor, nada surtir efeito, abandone
Se desinteresse por todas as coisas que não fazem bem
Não deixe outra voz reverberar dentro de ti... Em orgulho, vaidade e egoísmo
Nada disso
Mesmo o amor... se não for bom e tranquilo...
Jogue-o na estrada e fique em paz, não lute por nada ou ninguém

Possivelmente você achará isto fraco... Frágil e talvez covarde...
Mas faça a tentativa...
Seja sua própria morfina rasgando o espirito
Não sei se você conseguirá... É preciso se treinar o desinteresse
Possivelmente pelos outros você não conseguirá... Mas por si é com você
Lembrei-me de uma cólica renal que tive a muito
A dor era tão insuportável que em um dado momento não lutei mais contra ela
Fiquei deitado apenas sentindo... Só eu abandonei

O bar ficou em um silencio
Como uma casa abandonada em chamas
E todos ficamos em paz... Uma paz do vazio
Navio sem ancora...
O perfume do vendo... E um carinho sem felpas.


Luís Fabiano.


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