Navalhadas Curtas: Lágrimas no quinto andar
Normalmente não me importo com dores alheias. Todos
sofrem, já sofreram ou sofrerão, é a lei natural de viver, então tranquilo.
Abro a porta do apartamento, para pegar o elevador. Na
porta do mesmo, uma moça tentava engolir o choro, com os olhos marejados, uma
represa da alma. Aquilo me invadiu.
Pensei comigo: Oh Deus...por quê?
Não gosto de ver mulheres chorando, é estranho, porque eu
já causei muitas lagrimas as mulheres, impossível... Pelo menos a mais de cem
delas. Então aquela dor eu já conhecia, estávamos apenas no corredor, perguntei
quase sem querer:
-Posso ajudar em alguma coisa?
Ela explodiu em um choro convulsivo, daqueles que fazem o
ar faltar. O elevador chegou. Abri a porta pra ela, entramos. A dor dela encheu
o pequeno elevador num mar de sufoco, então ela diz:
-Não... É meu namorado, terminou o nosso relacionamento
agora... Uma relação de cinco anos... Assim sem mais e nem menos...
-Lamento... O que posso dizer é: chora tudo que tu
podes... E depois é dar a volta por cima.
Me senti um livro de autoajuda falando esta merda, mas
que fazer? Não queria que ela sofresse, na verdade que ninguém sofresse.
Chegamos ao térreo, o cara não abriu o portão pra ela... Eu
abri. Antes de nos despedirmos:
-Obrigada, pela tua atenção... Como é teu nome?
-Fabiano... Vai ficar bem?
-Sim, vou pra casa tentar colocar a cabeça em ordem.
-OK... sorte.
-Tchau.
Fiquei pensando, em quantas vezes causei lagrimas por aí...
Fiquei tentando capturar uma ponta de arrependimento, mas não, devo estar
calejado demais.
Luís Fabiano.
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