Navalhadas Curtas: Padão fora dos trilhos
Na vida todos temos nossos ancoradouros. Tenho vários
pela cidade, mas o principal, é o Posto que fica na Gonçalves Chaves, esquina
Bento Gonçalves. O melhor de todos, tenho sempre boas madrugadas ali. É como as
tetas de mamãe, em uma viagem ao fim da noite.
Quando chego lá, alvoroço e agitação. Um amigo meu tava
dando um pequeno show de horrores. Agitado, gritando e engrossando com todos.
Estaciono o carro, e o segurança seu Bandeira, me avisa com olhos estalados:
-Fica longe deste cara ai... Ele tá nervoso demais, o
time dele perdeu, tá bebendo ai há horas e dando alteração...
Olho bem o cara, e reconheço o Padão. Porra é Padão, ele
é do bem! É um cara enorme, muito forte fisicamente, cheio de vícios saudáveis,
principalmente álcool, e depois que beber por horas, vira uma locomotiva a
lenha, uma caldeira pronta pra explodir.
-Fica tranquilo seu Bandeira, é amigo meu, vou falar com
ele alí.
Vou chegando nele, ele esta com uma garrafa de litrão de
cerveja na mão, e bebe no bico, não perco tempo:
-E aí Padão... Meu brother...
-Fabiano? Porra cara chega aí... Vamos beber cara... o
lugar aqui tá ótimo...
-Porra Padão, alivia cara aí... Te acalma, os caras tão
nervosos contigo, e a fim de chamar os “home” pra te resolver...
Ele me olha, cara de perdido. Como quem se desse conta de
algo errado... Me abraça pelo pescoço, forte como uma jiboia:
-Cara to dando alteração? É?
-Sim Padão... e muita...
-Bah cara, que vergonha... Bah que merda cara, bah... Eu
tava apenas me divertindo... Bah
-Sei Padão, mas relaxa aí.
-Vou pra casa cara, com essa... Chega... Por hoje chega...
que vergonha.
A cena patética, vou ver Padão, com lágrimas nos olhos,
pedindo desculpas pra mim e para todos as pessoas, e pra finalizar, me beijou o
rosto. Foi embora. O segurança ficou me olhando e havia uma pergunta em seus
olhos!
Luís Fabiano.
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