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quarta-feira, julho 04, 2012




Aspirador de pó

Tudo era muito inesperado
Vasos que chocam contra paredes
A vontade errante tornando-se volúpia 
Um monte de merda vindo a tona entre risos sacanas
Isso parece bom como anjos viciados 
Felicidade fácil de comprar... ali


Observava como quem olha um acidente anunciado
Olhos brilhantes de estrela e rosto retorcido de gárgula
Montanhas de certezas em pó 
Ela parecia bem entre a própria tempestade
Creio que as vezes é isso mesmo... parecer funcionar




Então vinham outras linhas
E eu ainda estava com meu rum
Vendo as retas tornarem-se contorcidas...
Esperava que ela colocasse depois a xoxota num mastro como uma bandeira
Ou então que promovesse uma orgia de putas chapadas a espera do orgasmo de ouro
Tenho uma mente fértil, e nada disso nunca acontece
Sou uma espécie de promessa sem realização
Como os dados em suspensão anunciando vitória ou derrota...


Olho pra ela, parece muito dona de si...
Como se tudo fosse fácil, gosto disso 
Ainda que não seja assim... foda-se
Vive-se a vida por uma mentira, que tornamos verdade
Fazemos isso com tudo a nossa volta
Construímos o amor e o ódio
A sobriedade e a loucura 
Como uns acreditam em Deus e outros no encanador...




A garrafa de rum estava no final... boa bebida
Ela ainda teria que enfrentar o outro dia
Então viria aquela ressaca... corpo e alma
É preciso segurar a arrebentação numa represa de lagrimas 
Não me importo com que narizes, bocas ou rabos fazem
Mas que a serenidade não escape... porque aí fica caro
Tudo tem um preço... mesmo quando não tem.




Luís Fabiano

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