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domingo, maio 06, 2012


Trecho Solto...


“ Tirou creme de um frasco e começou pelos pés. Tinha mãos muito fortes. Pareciam de homem.

-Do que é esse creme aí?
-Gordura de coco e de semente de palma corojo, banha de majá, sebo de carneiro e duas ou três coisinhas mais. Relaxe e esqueça da mundo.

Era perita. Me massageou a cabeça, as costas, a bunda, o saco o pau. Eu sentia correntes de descargas elétricas no cérebro. Depois, muito suavemente, os pés. Apagou a vela. Agora uma massagem lenta. Adormeci.

Quando acordei, éramos um só. Eu em cima. Penetrando fundo nela enquanto cheirava os pelos dos seus sovacos. Cheiro de suor de negra é o afrodisíaco numero um do mundo. Gladys era uma cobra. Trepava com o corpo inteiro. Fibra e músculos.

Estremecia e chiava a cada orgasmo. Um atrás do outro. Horas e horas sem nos desgrudarmos. Suando. Qual era o segredos daquele cria haitiana, meio índia, meio africana, meio mulata? O corpo duro, a boceta apertada, o cheiro de suor, a boca grande, os olhos escuros, eletricidade na pele.

Eu não conseguia desgrudar dela, porra! Não conseguia! Éramos uma poça de suor, sêmem, saliva, línguas, desejos, loucura, desespero, ela enfiava os dedos lubrificados no meu cu e eu ficava nas nuvens. Luxuria total. Frenesi indescritível.
Por fim, consegui me separar dela. Estava bêbado, De que?

De tudo: maconha, aguardente haitiana, fome. Tinha perdido a noção do tempo. Ficamos alguns dias ali. Não comíamos quase nada. Um prato de arroz com batata-doce e um copo de agua .

Dormíamos um pouco e de novo a carga. A luxuria do demônio. Bêbado o tempo inteiro. Esqueci do mundo. Não sabia de nada, não lembrava de Gustavo e de Marianela, do caminhão que tínhamos de pegar. Nada de nada. Dormíamos umas horas. Mais aguardente, mais erva e toca pra frente. Dois animais selvagens em cima daquela caminha, num colchonete com cheiro de suor.
Quantos dias se passaram? Não sei. Gladys também não... perdemos a ordem cerebral...”

* Extraído da Obra: O Ninho da Serpente de Pedro Juan Gutierrez -

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