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sábado, junho 04, 2011



Partículas dançantes da verdade


O maldita realidade, tenho muitos momentos em minha vida que não sei exatamente o que é real. Também nunca me preocupei com isso. Uma vez que namorei uma psiquiatra, e ela sorridente disse que eu era um caso perdido de loucura crônica incurável, nem com medicamentos. Não sei se acreditei nela, mas estranhamente isso me fez um carinho no ego. Se afinal sou louco então tá tudo bem. Acabei dispensando-a por sua obsessiva preocupação com a verdade.

Depois que nos separamos, ela casou-se com um psicólogo, acho que fez certo, curiosamente ela me mandou o convite de casamento, tive vontade de ir, mas achei melhor não, entendi a jogada dela, queria empatar o jogo. Que merda estamos sempre tentando empatar o jogo, porque neste caso ganhar completamente, também significa perder...

Seja como for, creio que nunca entendi a realidade como tudo mundo. Nunca senti as coisas da maneira como todos dizem sentir. Talvez eu esteja constantemente com uma armadura existencial, hoje ela se tornou confortável. Nem drama, nem ódio, nem amor, nem medo ou coragem. Deixo tudo isso entregue ao “roteirista” fantasma, enquanto permaneço impermeável como um pato no rio.

Por vezes tenho a impressão que estou em filme solitário, não tenho roteiro, nunca sei a próxima cena. Não foram poucas vezes que me confundi com personagens que vi na grande tela.

A semelhança projetada era tão intensa, que sofro de uma indefinição se o personagem sou eu, ou ele é apenas um personagem. Eles me vestem ou eu os visto?

Talvez Renata a psiquiatra tenha razão afinal. Um dia disse que me daria uns remédios para me trazer para realidade. Mandei-a se fuder. Que ela sabia da realidade? Julgamos essa merda de realidade pelo estreito senso comum de tudo. Estabelecemos que devemos ser assim e qualquer coisa diferente, não é vista com bons olhos...isso é a realidade?

Errado companheiro.

Em física quântica, a nossa realidade é tão rígida como uma espoja molhada, a verdade seja ela qual for é completamente permeada de furos, um queijo suíço que elegemos de acordo com os valores que desenvolvemos ao longo da existência. E assim sendo, tornamos nossa vida, uma realidade excludente. Se isso é a minha verdade, logo não existe a outra possibilidade de verdade. Isso se dá aos valores também.

Tornamos verdade aquilo que conseguimos ver com a mente, nos esquecendo completamente que aquela é apenas uma única realidade, e o restante? Você gosta das estrelas? São lindas a noite, brilham intensamente românticas. Agora a realidade delas: a maioria delas nem existe mais... apenas um brilho fantasmagórico viajando que nos encanta. A verdade é uma merda. Você gosta da lua?

Agora a verdade, na lua não tem absolutamente nada, alias, ela nem tem brilho próprio ela pega emprestada a luz do sol e reflete em sua terra cinza e árida, feita de nada e uma falsa luz. Isso é a realidade.

E você já se fez a pergunta, aquilo que você mais gosta e ama, será que você esta vendo a realidade disto também? Ou você prefere eleger uma apreciação agradável, que torna tudo mais simples e porque não dizer convivivel?

Você fala a “realidade” daquilo que pensa a respeito dele, para o seu chefe? É claro que não, porque se não você fica sem emprego. Você fala a verdade sempre, exatamente da maneira que você sente as coisas para as pessoas? Logicamente que não, você mente ou omite. Porque é mais fácil.
A realidade tem um preço alto demais, que raríssimas pessoas estão a fim de pagar.

Então você descobre que seu amor, por exemplo não passa de um amor por você mesmo, ou seja, se a pessoa faz as tuas vontades você a ama, mas a partir do momento que não faz mais ou toma outros caminhos, o amor evapora, existia amor antes? Claro que não, existe uma conveniência, uma troca de favores, essa é a realidade.

Converso com muita gente. E sempre pergunto as mulheres, se elas gostam dos filhos da mesma maneira, identicamente...a resposta é unanime, é claro que não. A mãe gosta mais de um filho que de outro, essa é a realidade simples, por quê ? Por questões de afinidade, não tem nenhuma maldade nisso. Ou seja, aquilo que elegemos como valor vibrando em nossa mente e coração. Mas estranhamente, elas me dizem que deviam gostar de forma igual, eu apenas sorrio, é o ideal empurrando a realidade para o abismo.

Não há nada errado, não haverá punições eternas esperando você, apenas o natural defrontamento com aquilo que elegemos como o melhor para nossa vida. Assim começamos a pensar, que talvez se soubéssemos o tempo todo a “ realidade” total das coisas a vida seria impossível conviver. Os mistérios faleceriam, e a vida seria um deserto como a lua, sem o menor sentido ou graça. Muitos querem que a vida seja assim. Eu não. Prefiro meu filme, é melhor, mais interessante e tem mais conteúdo que muitas pessoas que conheço.

Acho que não estou preocupado com isso, alias neste exato momento sinto uma ronqueira na barriga, creio que a realidade tá ronronando problemas, acho que vou deixar o texto por aqui mesmo, se não corro o risco da realidade me deixar completamente cagado, então eu não digo...a realidade...


Luís Fabiano.

Um comentário:

Dóris disse...

Nós seres humanos somos estranhos...a tua realidade é uma, a minha é outra. Todo o modo de amar é diferente também, quando falo que amo alguém, é real, é a minha realidade...mas acho que a maioria das pessoas acha difícil amar. A realidade também pode ser uma ilusão, não pode? O real é irreal.
A PAZ que muitos buscam é uma realidade ou ilusão? Relatividade quem sabe...

Abraço com relativa PAZ.