Adestrando amorosas cadelas
Acho que sou um sujeito de sorte
Das poucas vezes que tive um cão
Eles gostaram de mim
Considerando que é muito difícil gostar de mim
Sou a um tempo uma tempestade silenciosa
Cavalgando num dorso nu de um maremoto desenfreado
E o que hoje muito significa
Amanha não sei
O febril instante de verdade é fugaz
Eternidades não existem
Mas ainda sim elas vêm
Latindo baixinho
Gemendo em seu cio eterno
Mostrando seus sexos babantes ante a minha face
Mas como qualquer cachorro
Eventualmente ficam chatas
E é preciso dar uma porrada, talvez duas
Elas saem fazendo gritos de um cão atropelado
Você já atropelou um?
Eu já
Foi acidental
O cão movido pela minha estupidez
Terminou por mover a sua vacilante inteligência
Acabou sendo estraçalhado pelas rodas do chevette
Mas tenho a certeza absoluta
Como é natural aos cães
Se pudesse montar o cão atropelado novamente
E fizesse-lhe um carinho na cabeça, ele latiria feliz o desgraçado
Dando mostras de sua ausência de personalidade
E talvez me suscitasse de atropela-lo novamente
Os felinos são diferentes
Eles guardam rancor, estão mais próximos do humano
Então ela veio de quatro
Latia baixinho com seus cabelos longos ante meu enfado corrosivo
Agarrou meu pau
Uma borracha languida sem alma
O introduziu na boca maquinalmente esperando que acordasse
Mas eu me sentia cansado demais
Bêbado demais
E ela não passava de uma cadela fustigante as três da manha
Com suas caricias excessivamente meladas
Asquerosamente artificial
Uma cadela teimosa
Dei-lhe uma porrada
Ela sai gemendo
Deita-se ao meu lado chorando baixinho
Perguntando por que faço isso?
Porque gosto de fazê-la sofrer?
Não gosto de nada
Sofrimento é opcional
Todo entendimento custa caro
O preço da verdade é pago a duras penas de dor
Com cântaros de lagrimas
Então a maldita vem novamente
Lambendo minha mão suavemente
Conduzindo-a lentamente a sua vulva encharcada
O nascedouro da baba de anjos punheteiros
Como estava bom aquilo
Parecia uma caixa de lesmas quentes grudentas e amorosas
Gosto disso
Pequenos shows de amor e sexo
Adoro cadelas legitimas
Luís Fabiano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário