Flagrante Deleite
A porta se abriu de-repente
Um vento poderoso a tormenta das inconformidades
O arrastamento inenarrável e violento
Carcomendo a nossa ablução final
Rita me pegou completamente nu
Nos braços de sua irmã mais bonita
Trouxe consigo umas testemunhas
Para que minha canalhice fosse verídica
E sua humilhação plena como um vomito de cachorro
Quando abri os olhos
Todos nos olhavam
Eu estava com uma ereção feroz
Todos viram
Não sei o que me acontece
Em tais situações de inescapável verdade meu sangue gela
Fico completamente insensível ao ambiente
Minha amante quando viu os olhos de fogo da irmã sobre ela
Cobriu-se com o lençol como pode
Foi um silencio tão profundo
As moscas cantavam operas, os passos das formigas insuportavelmente pesados
As teias de aranha emitiam som das arpas aladas
Então o rugir da tempestade
Gritos, escândalo, lágrimas e ranho que acompanha toda dor
Eu não poderia consolar ninguém com aquela ereção priápica
Tudo que tinha que fazer era um saco de treinar socos
O que Rita esperava?
Nosso casamento já havia se sepultado no mar das indiferenças
Havíamos nos tornado irmãos sem sexo, o amor uma palavra modorrenta mofada
Agora aquele show sem cachê
Estávamos na casa de minha amante-cunhada sentia-me bem
Tive vontade de transar enquanto me maldiziam e praguejavam
Minha amante estava apavorada demais
O amor das pessoas é carregado de culpas
Um beija flor com uma bigorna no pescoço
Alguém me disse pra me cobrir
Não quis
Já que estavam sedentos de verdade
Teriam que ver minha piroca dura e ensebada
Com o cheiro da maravilhosa vagina da minha cunhada
O queijo francês mijado e esporrado
Aquela foi uma boa noite
Algumas coisas voaram sobre mim acertando meu rosto
Sentia-me orgulhoso
Aquilo havia se tornado uma peça teatral
Como toda a putaria da vida real repleta de fissuras
Meu rosto sangrava um pouco
Minha amante chorava sem parar
Rita chorava sem parar
O sogro apenas gritava e apontava dedos
Minha sogra tinha vergonha
Mas acho que vi seu olhar biltre de raspão sobre meu membro
Gostaria de dizer que isso terminou bem
Como podem deduzir não
Minha mulher oficial não me quis mais
Minha amante-cunhada não teve culhões para seguir nosso amor
Minhas roupas uma chuva do quarto andar
O saco de pancadas é sempre o único vencedor
Hoje diante do espelho sujo
Olhos nos meus olhos
Vejo aquele brilho vivo
Porra, viver vale a pena.
Luís Fabiano.
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