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sexta-feira, maio 06, 2011


Navalhadas Curtas: Adão e Adão expulsos do paraíso


Entendo que todos carregam sua cota de naturais infelicidades, tal qual o Cristo errante, caminhando com sua cruz daqui para lá, alguns gostam e são sorridentes enquanto o madeiro lhe transfixa a alma. Outros fazem um show de exageros com uma pequena cruz feita de papelão, fazem o clichê da dor, a pose existencial o qual estamos mais anexados que a essências transcendentes que vem da alma.

Estava na casa de Alberto e Anry, clientes que eventualmente atendo, formam bom casal e por vezes até me parecem realmente felizes. Porem nem sempre, neste dia em questão, eu estava acertando o computador deles, enquanto uma discussão acontecia, uma discussão ciumenta, e como os conheço há algum tempo, não me pouparam de suas colocações, diz Anry:

-Não pensa não Alberto, eu vi os olhares que tu fez para o cara lá da loja... gostastes dele?
-Olha, você louco Anry, nem se pode olhar para o lado que tu pensas que tem alguma coisa acontecendo... tu ta ficando mulher demais...

Naturalmente eu não contive meu riso, eles perceberam e seguiram a discussão:

-Mulher demais nada, apenas já te conheço bem... tu fica bem saidinho quando gosta de alguma coisa...
-Não é assim, e para agora com esse assunto, não me cansa a cabeça...

Eu que estava quieto até ali, então Anry me pergunta, querendo me incluir na discussão oportunista:

-Tu não achas, que quem olha quer Fabiano?
-Não acho, acho que tu tá muito mulher mesmo, insegurança cara? Qual é, a insegurança esta no DNA da mulher, quase tudo é insegurança, uma certeza feita de incertezas... para com isso.
-Viu, eu disse - falou Alberto triunfante.
-Você se juntaram para me fazer parecer ridículo...

Sorri e disse:

-Anry, não seja tão viado porra, da um abraço em Alberto e esqueçam essa merda, vocês estão a dez anos juntos, além do mais, olhar não tem importância alguma, quando essencialmente estão juntos, não é?

Eles se olharam e sorriram.
Terminei de mexer no computador e fui embora pensando, o ser humano é foda, e ciúmes não tem gênero, como eu disse antes, são sempre os mesmos problemas e não interessa o gosto pessoal de cada um, todos carregamos alguma cruz por aí, seja o bicho que for.

Luís Fabiano.

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