Bailarina.

Todos nós temos historias.Boas,más, comuns e estranhas. A maioria tem historias comuns, coisas sem brilho, que o cotidiano engole e cai no esquecimento, mar de abandonos. Porque tudo é comum demais, vai gradativamente tornando-se invisível, só percebemos quando morre, desaparece.
Somos seres do desaparecimento. Nossa medida, é a falta. É o buraco que fica. Parece trágico demais, mas sabemos que é verdade.
Embora não seja artista, ou tenha dom algum para arte, sempre fui de gostar das manifestações artísticas, e graças influencia de uma professora, acabei me envolvendo com teatro. Que bela experiência, contava na época com vinte e um anos.
A professora mais velha, mulher interessante e muito gostosa.Sempre gostei de professoras, desde de tenra idade.
Um dia conto isso com mais detalhes.
Formamos um grupo de teatro. Grupo curioso, os ensaios eram a noite. A parte relaxante do meu dia, trabalhava duro durante o dia, vendendo carros e a noite, brincava de ser artista. Fiz descobertas curiosas a respeito de mim mesmo, umas nem tão boas.
As vezes não é preciso ser talentoso, é preciso colocar a vontade e o coração,e claro, não esperar retorno algum. Esse é o segredo.Fazer as coisas por um prazer pessoal,algo que ninguém lhe pode roubar.
Eram exercícios teatrais. Revelações ocorriam lá. Fez-me muito bem, sentia-me momentaneamente satisfeito, feliz. Sempre saíamos do ensaio e ficávamos horas conversando, bebendo na rua, ou em qualquer lugar, ás vezes na casa da professora.Falávamos de tudo, era um bom grupo.
Como disse, descobertas ocorreram. Dentre elas, Milene uma linda morena, pele muito branca e cabelos negros compridos, seios bem pequenos, quase uma tabua. Pernas longas e lineares, perfeita.Adora os pelos do seu braço.
Milene descobriu que gostava de dançar.
Às vezes ensaiávamos coreografias. Gostava de ficar perto dela, tinha um cheiro bom. Não era exatamente o tipo físico de mulher que gosto. Gosto das mais cheinhas, com mais carne, mais bunda, mais gordura. Me agrada mais, costumam ser mais quentes, suam mais, ficam mais molhadas em todos os sentidos.Experiência própria.
Um dia estávamos ensaiando uma coreografia, (eu não danço de forma alguma, acho que dançar uma coisa chata, prefiro ser voyeur, cansa menos e dá mais prazer.),eu fazia o papel de poste simbólico, era uma estatua, ela dançava a minha volta, apoiava-se em mim, segurava, empurrava, tudo fazia parte do ensaio, uma coreografia tola, feita para nós, os sem talento.Mas era divertido.Eu sempre era a estatua dela.
Tanto foi, um dia a estatua teve uma ereção! Não foi no ensaio.
Acabamos nos envolvendo, ambos solteiros e cheios de tesão. Lembro que ainda restava-me um pouco de inocência. Que acabou-se quando Milene em um momento de grande intimidade, um meia nove maravilhoso,tinha muitos pelos na boceta,era linda,adoro pelos. Ela não conseguiu conter-se, peidou sonoramente na minha cara. Ela quis levantar-se rapidamente para pedir desculpas. Eu a segurei, nada disso.
Adorei. Sem nojo algum, achei um verdadeiro presente.Ela queria papo, queria lamentar-se...mandei calar a boca e seguir fazendo. Aquele aroma incendiou meus sentidos.
Brutal, selvagem e verdadeiro. Nada é assim. As vezes as almas se entendem com coisas assim. Então novamente, sem querer, ela peidou. A ambiente estava perfumado.Todos os cheiros possíveis, me sentia primitivo.Forte demais, tais cheiros provocam sensações inesperadas.
A partir daquele dia não senti mais nojo de absolutamente nada.
Tivemos muitos orgasmos naquela noite, a primeira, e nas outras que se sucederam. Milene era adorável.
Um dia ela peidou sem querer no ensaio, pediu desculpas, disse que sofria de gases.Nosso romance durou poucos meses,nossos destinos nos levaram a separar.Ela foi para companhia de balé.Tinha alma de bailarina realmente.Tornou-se primeira bailarina.Estes dias fiquei sabendo que esta em São Paulo.
Milene foi a única mulher que peidou na minha cara. É uma boa lembrança, tão linda, tão leve e sensível. Fiquei pensando, será que ela ainda peidava daquela forma? Os bailarinos gostariam de receber uma bufa na cara?
Certas descobertas só se faz quando se chega bem perto de alguém,as vezes perto demais, foi muito bom chegar perto de Milene.
Poderão achar engraçado, mas por vezes um flato vale por mil palavras.

Cheiro de Paz.
Luis Fabiano.