O gosto é
algo cinzento
Um
beijo nas vagas intempestivas
Um
beijo no intestino
O
abraço de um bêbado
Forte
odor de sovaco vencido
E nossa
fuga desmedida do real
Todo o
perfume
Toda a
maquiagem
Toda a
mentira
Tudo
Fedemos
todos...
Esteja
em paz então
Mas é
melhor não... ou nem tanto
Pois o
que realmente fede
Não
desaparece jamais
Nem que
enfiemos
Toneladas
de desodorante no rabo...
Ela
juntava as coisas...
E
deixou para trás no banheiro
Umas
calcinhas sujas...
Ela não
gostava muito de trocá-las todos os dias
Eu
gostava disso
Gosto
do cheiro de rabo sujo de mulher
Éramos
os porquinhos alados da consolação suprema
Perguntei
onde ia?
-Vou
por ai... a procurar...
-Vais
procurar o Cartola?
-Não...
vou me perder, me jogar e me deixar feder até que o céu se queime todo
-Eu fiz
algo errado?
Ela
sorri cínica, com dentes cariados
-Não...
eu vou porque não sou de ficar mesmo
-E o
que fica então?
Então
ela virou de bunda pra mim...
Baixou
as calcinhas limpas...abriu bem a bunda
Encostou
o meu nariz no seu rabo fedorento de três dias sem banho
-Respira
Fabiano, respira...
Aquele
cheiro adentrou minha alma
E por
um breve instante
O
oxigênio do mundo havia acabado
Eu me
senti o homem mais feliz do mundo
Ela sai
A porta
bate
Tudo
ficou um aterrador silencio
Pego as
calcinhas sujas... manchadas de algo denso
Algumas
placas brancas
E fico
ali
Os
restos dela, brilham como estrelas
Um carinho
rescende devaneio
E por
vezes o amor
É a
falta do teu terror
É a
saudade das lágrimas
É o que
você não fez...na hora certa
E agora
se foi.
L.F
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