Aquela praça alí
Aquela era uma praça
Onde nereidas cuspiam
palavrões que afogam
E putas desgastadas
Corroídas
Desfilam entre transeuntes
anônimos que pecam em transe de bolsos vazios
Corações vazios de
guilhotina
Babando desprezo e rancor
Diante de andróginos belicosos
no silencio que agridem
Amam e fodem e comem e
são felizes
No inferno de Dante
retorcido
Rugindo encantos de beleza
Amordaçados entre fagulhas
da emoção
Velhos jogam damas, xadrez,
cartas, vidas escorrendo no banco da praça
A espera do carinho final
De um grelo maravilhoso
que os devolva ao útero em chamas
Da mãe
Da medusa pentelhuda
Gargalhando
Essa é a porra da praça
Maravilha das maravilhas
Declinando afagos quando
passamos
Olhando monumentos e as
cuspideiras Nereidas que jamais Envelhecem
Jamais morrem
Jamais dizem nada
O bronze, o ferro, a farpa
o adeus
Despidos entre bancos e
riqueza
Entrosando simplicidades
Que bailam no que jamais
se modifica em nós
Esse é o canto fudido da
sereia
Fudendo e afogando cus de
cristal
Nas anedotas sem graça
Nas facas que perdem o fio
A voz que vomita agua
olhando para o nada
Você já olhou para o nada?
Um sino que não toca.
Luís Fabiano
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