Platônico, plutônio e afagos do vácuo
A relação perfeita não existe...
Mas se existisse ela seria feita de ausências
Ausência de excessos
Sem palavras
Sem beijos
Sem toques
Comunhão de oxigênio
E olhares que se encontram furtivamente
Penetrações mentais
Num entendimento todo feito de vácuo
Trocaríamos sonhos
Teceríamos pecados equidistantes
Viveríamos em uma solidão próxima e imediata
Beijaríamos sombras, luzes e amanheceres
E abraçaríamos o vento
Uma relação toda perfeita
Toda telepática
Sem tato
Cheiro
Gosto
Ou suor
Uma relação tão funda que nunca faltaria nada
Nem sobraria
Numa linha de todo o equilíbrio
Sem ranhuras
Nós
Atravancos
Ou gritos disformes
Inseridos um dentro do outro
Como as vozes das sementes que clamam emudecidas
Como fecundidade
Gestando o porvir
Nem passado
Nem futuro
Apenas o presente tão carinhoso
Tão intenso
Como o abraço que não mais podemos receber
Beijos que não podemos dar
Encontros que não acontecem mais
E fica
A música calada da tua emoção
Irretocável melodia
Mas nós não escutamos
Ta me escutando?
Luís Fabiano.
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