Beladona – A saga de uma mulher
Capitulo 1
Conhecendo
Eis que a pena digital se
ergue uma vez mais, e dispara com traços e caracteres, uma história capaz de
fazer os anjos chorarem, os demônios vibrarem e a humanidade sentir asco de si
mesma.
Somos mornos no falar a
verdade, brandos e corretos ao extremo tantas vezes. Mas tanta conservação e
polidez, deixa a alma inquieta e o espirito entalado quase empalado. Mas a pena
digital não cala, expõe as vísceras humanas ao ponto que lágrimas, suor, sêmen
e sangue cheguem a alma ou esta seja arrastada até as secreções humanas.
Esta é a poesia maldita,
entoada na voz de um cantor que chora e deforma-se ao longo do espetáculo... conquista
e é conquistado, explora e é explorado, perde e se perde.
Já faz alguns anos que conheci
Beladona. E por muitas vezes penso que conhecer alguém é uma faca de gumes ou
mais, porque prefiro a face mais serena, mas encantadora, porem convém lembrar
que tal face não existe só, ela é uma criação de nossa mente, de nosso desejo
de pureza inconsciente que carregamos até a senilidade.
Humano demais e sendo humano,
é sempre bom lembrar que não existe um único ser humano no planeta isento de
erros, enganos e todos os defeitos que temos. É natural e brutal é nossa
apoteose às avessas, seja o beijo da lama em nosso coração.
Gostaria sinceramente de ter
conservado o aspecto mais poético de Beladona... porem como vocês sabem,
Beladona é uma flor venenosa que mata se ingerida. Talvez seja melhor evita-la...
Não obstante os sinais eu não evitei. Sou um homem de extremos, levo tudo as
últimas consequências, em mim não ficam resquícios de nada, nem de bom e nem de
mal, os expurgo todos e posso dizer com serenidade em mim que não tenho um
único arrependimento em minha vida. Meus demônios estão cativados, porem jamais
mansos.
Foi num sábado do ano de 2010
que a conheci. Eu estava em um aniversario, a noite já havia avançado, muitos
convivas estavam bêbados ou chapados, um clima feliz, todos conversavam. Casa
cheia, fumaça de cigarro, cinzas e cheiro de álcool no ar e maconha também.
Eu estava observando
apenas...sou um predador silencioso, depois de beber os desejos se aquecem e
preciso ter alguém... preciso de uma buceta despojada de amor próprio. Gosto
destes alvos, são mais vulneráveis e procuro explorar a culpa feminina natural e
latente em toda mulher.
Então passado dá uma hora da
manhã, Beladona da entrada no ambiente. Tinha uma expressão totalmente
masculinizada. Gostei. Cabelos negros raspados, um óculos de grau pesado, rosto
sem nenhuma maquiagem, ligeiramente estrábica e com uma carga excessiva de
seriedade, uma camiseta branca sem sutiã que deixava ver seus seios pequenos e
ligeiramente caídos de bicos escuros e pontudos, jeans, sapatos pretos e masculinos.
Não é expansiva, discreta,
entra e vai cumprimentando a todos com educação quase limpa. Estou no canto
observando tudo, um pouco entediado. Ela passa por mim como se eu fosse um
móvel de merda e fica falando com outras pessoas conhecidas. Então uma amiga em
comum, me apresenta a Beladona. De cara gostei do nome, depois gostei do papo,
gostei de tudo, sou fácil como uma puta sem preço...
Beladona é inteligente e tem
por volta de cinquenta anos. Ela sentou-se por perto e ficamos falando sobre
livros, magia, meditação e kama sutra. Era um bom papo, minha noite ficou
diferente. E acho que foi pela primeira vez, não pensei em comer uma mulher que
conversa comigo. Até mesmo porque, eu não era a praia dela. Tudo certo.
Aquela noite foi boa, trocamos
ideias e contatos, mas não falamos nada sobre nossas vidas pessoais. Melhor
assim. É o mundo perfeito do facebook. Uma dimensão fantástica de arte e
cultura, onde moram os pensamentos mais sublimes do ser humano, onde não somos
tão terráqueos, egocêntricos, egoístas, vaidosos e orgulhosos.
Sim, isso quando tudo se
mantem no plano das conversações lindas e perfeitas. Mas a realidade caros
amigos, é foda, a realidade é lama das sarjetas descendo uma ribanceira,
enxovalhando a existência e dando aquele gosto tão bom de decepção, lagrimas e
riso amarelos.
Não pensem que sou pessimista,
apenas realista sem traumas, te olho como realmente és, e o que és, não tão
bom... e nem tão mal.
O reino encantador daquilo que
desconhecemos é uma benção, a ignorância é muitas vezes preferida.
Porque?
Porque preferimos mentiras
bonitas as realidades feias e sombrias.
Enquanto conversamos, alguém
pede a Beladona para que toque algo...e cante talvez. Fiquei curioso para ver
os talentos artísticos de Beladona. Alguém lhe arrumou um violão, e ela se pôs
a dedilhar.
Beladona começa cantar uma música
desconhecida...porem não gosto do seu tom, um tom baixo e a voz não era tão boa
e cantava desafinado. Logo perdi o interesse. Fui beber mais... a bebida torna
as pessoas melhores sem dúvida. Eu já estava cansado de aniversario, e de saco
cheio de ver Beladona cantando desafinado. Cansei dela, daquela festa, daquela
música desconhecida e ruim... cansei daquele instante. Eu me canso fácil demais
ou não...
Esta merda continua...
Luís Fabiano.
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