Beladona – A saga de uma mulher
Capitulo II
Explorando as merdas da vida
Fui embora bêbado trafegando pelas vias tortuosas de uma Pelotas
embriagada, madrugada despida, luzes de vapor pintando o amarelo da noite de
todas as noites. Respiro fundo e vou pra casa, gosto de respirar o ar noturno.
Chego em casa, me dispo e deito e minha cama. Fico pensando em Beladona vocês
sabem, tenho a imaginação fértil... logo sou tomando por uma ereção
incontrolável, me sinto um animal sulista, um touro louco a espera de sua vaca encantada.
Tiro a cueca dou uma boa cuspida na mão, e fico batendo uma punheta lenta
pensando nas tetas de Beladona, na xoxota de Beladona, no cu de Beladona e na
personalidade fechada e séria dela... essas merdas me excitam... adormeço assim
depois de uma gozada que não limpei, gosto de dormir assim esporrado, sujo
impregnado e acordar fedendo a sexo.
Acordo pela manhã, a cabeça dói pra caralho, é o preço,
levanto bebo agua e tomo dois comprimidos. Ligo o computador e lá está ela,
Beladona...dizendo que gostaria de falar comigo, normalmente espero o pior das
pessoas, quando vem o melhor, isso me surpreende. Ficamos falando pelo
facebook.
-Fabiano foi legal te conhecer ontem .... Gostaria de
falar mais contigo...
-Claro Beladona, qual é a ideia?
-Tenho uns planos artísticos aí que gostaria de partilhar
contigo... quem sabe podemos fazer algo juntos.
-É possível, meu negócio é escrita e faço umas gravações
com artistas da cidade por ai...
-É eu to ligada, já vi algumas coisas e gostei...
-Certo então... vamos conversando pra ver onde vai dar...
-Ta certo Fabiano.
-Tudo certo.
Não tinha muitas expectativas com relação a ela,
artisticamente falando... mas é de minha natureza não alimentar expectativas
com nada e com ninguém. Marcamos um encontro. Nos encontramos no bar Dom da
Palavra, que fica na Dom Pedro.
Gosto do lugar muito embora ele esteja complemente
desfigurado da proposta inicial, antes era um bar com livros e cultural, agora
resumiu-se um restaurante e café, sem mais atrativos que a comida.
Beladona chega atrasada, veste exatamente a mesma roupa
daquela noite, tem uma expressão cansada, como quem carrega o mundo nas costas.
Foda-se, afinal todos temos problemas não é mesmo? É a vida.
-E ai Beladona diz ai qual é a tua ideia...
-Deixa eu respirar um pouquinho cara... a vida é foda as
vezes né?
-Não sei de que você ta falando...mas sim as vezes é...
-Tenho um convivência difícil em casa... com meu
ex-marido...
-Tudo bem...eu tenho oito ex-mulheres e ai? Foda-se né...
-Tu és uma aberração cara...
-Sou...sou verdadeiro e sincero pelo menos, dói mas sou
assim...
-Eu também sou
-Ok
-Mas qual é o teu galho com teu ex-marido?
-É ele... nós temos um filho, o Homero, é uma criança de
seis anos, lindo amo ele...
-Certo...
-Não é tão simples, eu moro com o pai dele... ele é um
tipo violento e bêbado...sabes?
Quando ela falou isso, tive vontade de levantar da
mesa...estou farto destas histórias, é sempre a mesma merda, homens violentos,
bêbados e mulheres submissas, seja pelas condições financeiras seja por fatores
emocionais e por último seja por questões familiares... eu não queria saber
mais nada... mas Beladona seguiu a porra:
-Ele chega bêbado sempre...é horrível
Percebi naquele horrível algo a mais...ainda sabia o porquê...
-Porque tu não denuncia ele a polícia? Resolve isso de
uma vez, vida simples
-Não é tão simples assim, ele é o dono da casa, eu não
tenho pra onde ir com meu filho... que vou fazer? Me diz?
-Bom, pede ajuda, e teus parentes? Ou então paga o preço
desta convivência maravilhosa...
-Não vou denuncia-lo... nunca
Achei frescura, fui percebendo que Beladona não era
exatamente o tipo de pessoas que gosta de resolver as coisas... do tipo que
deixa as coisas irem acontecendo à revelia... e vocês sabem como é, com o tempo
as coisas sempre pioram. Se deixamos um abuso inicial acontecer, depois
acontecer novamente e por anos deixamos...quando vamos reclamar nem autoridade
temos...porque não nos pronunciamos no início de tudo... Não sei o que senti
por Beladona, mas posso dizer que senti pena.
Queria falar de arte e tudo se reduzia a problemas. Por
fim conseguimos tocar nos assuntos melhores.
Falamos sobre poemas, vídeos, pinturas e coisas que são
bem capazes de nos catapultar para longe de toda merda existencial, longe
mesmo...e no fundo queremos é isso, a vida de qualquer ser humano é uma merda
quando vista bem de perto... você já olhou a sua de pertinho? Então relaxe...você não ´é e não será o único
fudido na vida.
Algo ficou em mim...queria saber mais da Merda de
Beladona... esse ex-marido que nunca denunciaria? Porque não? E o que teria de
ser denunciado? Havia um segredo
ali...eu deixaria a coisa fluir normalmente, ela me falaria com o
tempo...talvez eu a comece com o tempo, talvez tudo virasse uma merda com o
tempo...vai saber, como diz em um filme que gosto muito – o tempo arruína tudo.
Luís Fabiano.
segue essa porra para o pior...
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