“Phototextografia” – 02
Foi ontem, numa travessia
de rua ali próximo a avenida Bento. Ela estava sentada frente uma conhecida lancheira,
uma criança, suja... devia ter uns sete ou oito anos, olhava os próprios pés
imundos sem sapatos.
Transeuntes indiferentes acostumados a visão, criança
desconhecida, parte da paisagem retorcida vivencial do asfalto e chuva... ela
ergue a cabeça em algum momento, olhando o céu, seus olhos brilham a sombra de
um dia chumbo... e dentro de mim algo dói. Como uma poesia em frangalhos... um
barbante que começa a desfiar.
Terrível acostumar-se com
as coisas...
Terrível achar tão normal
e então cagar na indiferença trivial.
E talvez nos meus raros
momentos de consciência eu lembro: no dia da criança nem todas as crianças
serão contempladas, tem umas que este dia simplesmente não existe... agora
abrace seu filho, neto ou sobrinho.
Luís Fabiano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário