Boneca de Pano, Bar do Sujeira, fodas rasgada e trapaça
Parte I
Cai a noite.
Eu agora que teus olhos percorrem as linhas virtuais, eu
cavalgo a noite desta Pelotas maldita, mas longe de mim ser um príncipe encantando
em um cavalo branco... não mesmo. Eu sou o outro cara, eu o sou merda, com
muito orgulho, o canalha ostentado de virtudes falsas, de falsos amores, de
vozes errantes.
Sou eu e meu cavalo de lata, deslizando nas ruas frias da
cidade, que morre lentamente na madrugada. Puta que pariu, estou me sentindo
bem pra caralho, você não?
Tenho noção que sou um caos emocional...prefiro assim, as
emoções bem ordenadas, corretas e perfeitas, são pessoas mortas.
Sou o filho do caos e sinto paz na desordem, na minha
desordem. Olho a paisagem a minha volta, estou onde gosto de estar, zona do porto,
ruas semivazias me parecem lindas, passo pelo Papuera, toca um bom Back
Sabbath, estudantes da federal ali, tranquilos bebendo cerveja, não tem vento
na rua.
O carro anda devagar, uma menina vestida de boneca de
pano se atravessa na frente do carro...quase dei carona pra ela no capo do
olhos de gato. Ela para, eu acho que vai dizer um palavrão elogiando minha
mãe... mas não, ela sorri com um carinha feliz demais, ali tudo era demais.
Olhos brilham como de um vampiro satisfeito...fiquei olhando pra ela...fiquei
olhando para as tetas delas, para as coxas dela, para aquela região onde
possivelmente fosse a buceta dela, seria boa ou não? Saudável ou com algo
mortal?
Eu baixo o vidro:
-Ei bonequinha de pano gostosa... vem brincar comigo...deixa
eu te mostrar meu boneco de pano...
-Eu? Não, não, não lindo... tu não parece um boneco de
pano não...
-Pano... qual é? Tu é toda de pano amor? Uma boneca de
pano, quando mija...fica toda molhada não é? O cheiro de mijo não é problema...
tem coisas piores na vida...
Ela não deu bola e se foi para o Black Sabbath.
Comecei a gargalhar insano... eu já estava em meu normal.
Eu aproveito para dizer que estou voltando as boas origens... rum seu filho da
puta... é impossível ficar sem você, vou piorando sim. Estranhamente me
sentindo bem. Tudo está virado...levo a vida assim. Nada de linhas mestras,
regras...regras são foda, elas foram criadas para serem quebradas.
Sigo em direção ao bar do Zé...lotado, o bom só do pagode
toca, muitas bundas gostosas desfilam ali... o Porto é nascente dos pecados...
de todos eles, estava em casa. Ainda estou com sede, o gosto salivado com
restos de rum diluído, me vem a boca, é com o gosto residual da buceta que fica
na língua...sabe como é?
Bucetas com gosto forte, bem trabalhada de um dia árduo...
gosto de suor e mijo...o tempero excelente da vida... a excelência maravilhosa.
Seria bom misturar os bons gostos...rum e xoxota.
Ainda cavalgo na noite...perdido, vazio como o neon
gasto, meio apagado, porra pra onde vou? Responda isso seu filho da puta filosófico?
Sem traço...lembro do meu amigo Sujeira. Estaria vivo?
Essa vida ta foda, é rápida e num piscar de olhos...as
pessoas morrem e nem ficamos sabendo...Teria ele casado com Rebeca Sharon e sua
buceta de plástico? (Para quem não lembra, Rebeca é uma transex que fez uma
cirurgia...e está feliz agora, ela é bem gostosa, o Sujeira era apaixonado por
ela... mas ela com pau não era o lance dele...mas sem o pau... bem, o jogo muda)
Felicidade é lance estranho. Colocamos tantos empecilhos
para ela...e é claro ela fica impossível mesmo. Acelero o carro e não penso mais
nada, vou para o Sujeira Bar, na baixada do porto, escondido como uma serpente
enrodilhada pronto para te picar.
Faz tempo que não visito os amigos...sou assim. A vida
precisa ser uma surpresa. Consulto o relógio, são uma e quarenta e cinco da manhã,
dou uma boa cheira no meu suvaco também, para conferir se está tudo bem. Gostei
do cheiro.
E com uma corrente elétrica fico agitado...gosto de coisas
primitivas. Não demoro cinco minutos eu estacionava na porta do bar do
Sujeira... uma das portas esta fechadas como sempre... possivelmente pelo frio.
Antes de descer do carro pensei: e se ele morreu? E se todos forem estranhos?
Me preparei, endureci meu interior, aguardando o pior.
Diga-se de passagem sou muito duro...meu pau é duro e estou sempre esperando o
pior de você... seja quem for, e guardo o tigre a sombra... e se um dia for o
caso ele sai... bom, é melhor você não estar perto.
Preparado, endurecido, uma liga de titânio, desci do carro
entrei de pronto na porta do bar...
Segue...
Luís Fabiano.
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