A gosto de agosto de um Fio da Navalha
A cebola esta gratinando, o cheiro no ar instiga a
saliva, abrindo apetites, todos eles, ao mesmo faz da memória um barco, vagando
em alto oceano ao sabor do aroma e do vento. Nada a perder.
Cortar a cebola me fez chorar, um choro falso é verdade,
mas há memória nas lagrimas, as brutas feitas de diamante que vezes dilaceram.
Não gosto do mês de agosto.
É um mês de vida e de morte. Trás um gosto estranho meio
perverso é verdade.
O molho está ficando pronto...é preciso colocar a carne
agora... enquanto ausências perseguem os que se foram no mês de agosto. Não são
poucos, mas certamente um faz falta.
Não gosto do mês de agosto...é um mês de morte.
Declino da memória...relaxo, sirvo um delicado copo de
rum dourado, antes do almoço, porta entre aberta, uma brisa úmida entra.
Não quero ficar pensando nos que foram... no meu pai que
se foi. A morte deveria ser aceita como uma coisa natural... mas não é. Não pra
mim.
A carne agora pronta, esta macia, o gosto dos temperos
entranharam em suas fibras...o azeite deu um toque especial. Saborosa, querem
provar?
Me renovo.
Comer é bom.
Mas é preciso mudar...
Como as marés
Como o luar
Como os sabores e os aromas...
Preso irremediável em passados que não passam
Disposição plena ainda que não seja fácil...
E da morte ergue-se uma nova chama
Entre escombros, concepções e divagações
Deixo a morte me invadir
Não temo
Enquanto um embrião se agita em minhas entranhas
Inquietude se sempre
Nem asas de anjos
Nem corvos anunciantes
Não sabemos como será sua face
Nem que coisas ele vai fazer...
Mas de uma coisa eu sei...
Ele ainda será Fio da Navalha
Não é mesmo?
FIO DA NAVALHA
Uma Nova História.
Aguardem.
Luís Fabiano.
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