Urso Pardo, Papueira, tragos e putaria.
Eu andava pela floresta negra, noite alta e sem estrelas
como a dores mais atrozes que rasgam o coração trucidam luares, naquela hora eu
sentia frio, um frio da porra, um frio que nunca sinto, como se a morte tivesse
se aproximando. Floresta maldita, porque fui parar ali? Eu jamais faria
isso...jamais, mas agora era tarde eu tava ali. Então do nada um urso gigante
apareceu...pardo, voraz e louco...tentei em desespero fugir...mas que fugir que
nada, eu me fudi do primeiro ao quinto...o urso ataca meu ombro com uma mordida
arrancando um bom pedaço de mim... eu tombo no chão e ele volta a carga...agora
morde meu estomago, devorando pedaços de sangue e merda..., não sinto minhas
pernas, o coração dispara, estou morrendo...morrendo...que merda eu começo a gritar...
e me acordo com meus próprios gritos... puta que pariu...estou a salvo, molhado
de suor mas inteiro. Me dou conta que estou em casa, sozinho e tudo é silencio.
Bom...isso é bom.
Levanto da cama... dou uma olhada no celular, são três e
quarenta e sete da manhã... vou até a cozinha, tomo um bom copo d’água gelada,
peido sonoramente e deixo o olhar no vazio. Acordar de madrugada sempre me
deixa em um impasse...tornar a dormir ou sair pra rua? Lembro que preciso estar
no trabalho as oito da manhã... mas lembro também que sou noctívago, sou um
animal noturno, caço a noite, bebo a noite, fodo a noite...um transgressor das
horas, um filho da puta do tempo. Não
termino de tomar a água... e olho uma última lata de cerveja no fundo da
geladeira, digo pra ela
– vem aqui sua putinha.
Estralo a lata... deixo seu veneno descer até a minha
alma. Aquilo desce bem, desce como um benção do diabo...desce como uma buceta
quente gozando no teu pau. Mato a cerveja e decido ir pra rua...chega de
dormir, chega de ursos assassinos, prefiro as feras verdadeiras.
Noite quente de uma quinta-feira, a rua esta agitada, os
fortes saem na quinta, os mais ou menos saem na sexta e somente os fracos saem
no sábado... dia internacional da trepada com a esposa. Que merda.
Meu prédio repousa em silencio, vou descendo pelas
escadas devagar, eu meu chinelo, uma regada e bermuda... desço devagar ouvindo
silencio, então no terceiro andar, no escuro um casalzinho novo esta fazendo
algo parecido com uma trepada... gemem devagarinho e tomam um susto quando me
vem...ele estava em cima dela, tetas de fora dela...pernas abertas em um
minissaia gostosa... eles tentam se recompor rapidamente, mas eu sorri e disse:
-Calma pessoal...calma ai...só to passando viu...não vi
nada...e sigam a brincadeira...ta tudo certo... desculpem, desculpem...
Eles ficam envergonhados, o cara tenta cobrir a
moça...mas já era...ela pagou tetinha e os pelinhos da bucetinha também.
Cheguei a pensar em ficar ali...vendo-os trepar e batendo uma boa punheta, já fiz
muito isso, mas creio que ele s não iriam aprovar, as pessoas são muito
tímidas. Eu não sou.
Isso me faz lembrar da vez que paguei um motel para duas
mulheres treparem... era uma cena linda, mas elas não queriam a minha
participação de forma alguma... eu respeitei é claro, fiquei sentando a um
metro delas, vendo-as se beijarem, depois chuparem as tetas carinhosamente e ir
descendo lentamente até a buceta, fazendo um 69 e gozando uma na boca da
outra... era uma poesia linda escrita nas linhas malditas da vida... bati uma
boa punheta e gozei sobre elas... nos cabelos. Foi uma boa foda.
No estacionamento do prédio o Fudett dorme, aguardando
seus últimos estertores. Entro ligo o motor ronca grosso, ligo o rádio então na
rádio União Fm, toca um som de Etta James, And last, sensacional, fala ai de um
encontro que deu certo... amor e outras porras.
Vou saindo devagarinho a procura do que a noite tem a
oferecer, seus mistérios, suas mentiras, sua bebida, sua ânsia, suas fodas
malditas, suas putas recolhidas, a loucura dobrando a esquina, neon queimado e
um apito que não funciona.
Eu tinha minhas ânsias e foda-se o resto. Não é assim que
pensamos? O viés de uma justiça macabra que entope a mente, entorpece a alma...
Me sinto tranquilo, a Bento Gonçalves com buracos, com os
trailers ausentes é uma tristeza sem fim... onde agora eu levaria as mulheres
que conheço por ai?
Pra beber uma gelada na bento, conversar qualquer
besteira, dar uns arretos e fuder no motel depois? Assim acabam com o romance.
Olhar aquela merda me incomoda...creio que não frequentarei mais a Bento... a
não ser pelo Pássaro Azul, aquele local tem alma, um dos poucos lugares desta
cidade que ainda tem alma. O resto é supérfluo,
duram pouco para encher o bolso de dinheiro de alguém... dinheiro...dinheiro...
as pessoas fazem qualquer coisa por grana, e ai leitor qual é o teu preço?
Hein... me diz, aqui só estamos eu e você, aqui eu sou seu padre eu me confesso
a você e você se confessa a mim...é... estamos unidos pela merda das letras,
pela merda existencial e por um amor que não se realiza... porque quando se
realiza ele morrer.
Vasculho a cidade como um rato... e nada parece
acontecer. De quem é a culpa?
Lembro do urso...no pesadelo...ele parecia ser bem real.
Decido ir para o porto, gosto muito daquela zona... o Papueira brilha, pessoas
nas calçadas, lotado, sem música como é típico, estudantes da Ufpel lotam,
bebendo com papos cabeça. Paro ali.
Sou um pescador de merda... acho uma mesa sento e espero.
Bom rabos desfilam, rabos que parecem não fuder, conheço mulheres que fodem...
e aquelas moças, preferem o cabelo, as unhas e as roupas que uma verdade mais
crua. Quem gosta de verdades cruas?
Em uma mesa próxima, uma coroa, solitária, tatuada e
bebendo tava por ali... uma pescadora também?
Continua...
Luís Fabiano.
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