Marli, Betão e Enrrabando um unicórnio
Final.
Uma dor que explode de-repente...não tem anestesia
imediata. Por vezes o que você pode ficar fazendo é estar ali...uma presença,
uma contramedida contra a solidão... não achava nada pior, já havia passado por
coisas piores.
Começamos a tomar whisky. Foi como um frauda cagada
erguida a Torre Eiffel, sob as luzes de paris. Marli começa a vomitar
tudo...sem escrúpulos:
-Fabiano... o Betão era um merda na cama...vinha com
aquela piroquinha murcha dele...e gozava em três minutos...( ria como uma
louca).
Visivelmente Marli era fraca para bebida.
-Ta Marli e porque tu casou com ele?
Foi como ter apertado um botão errado ou certo, vá
saber... ela se entristece, como um espantalho na chuva:
-Porquê...eu amava esse cara Fabiano...foi o homem que eu
depositei o meu amor...
Ela abraçava-se a mim...eu tinha vontade de ir embora,
aquilo era algo que ela teria que superar...e o tempo, o tempo de merda, o
tempo que nos rouba o viver... teria que sepultar nela o Betão.
Decidi que ficaria até o whisky acabar...e iria apagar eu
a colocaria na cama, deixaria duas ou três aspirina no criado mudo e bateria a
porta, rumo a noite, tentar fuder com uma puta, eu simplesmente ficar de
frescuras sexuais que me faz muito bem. Frescuras sexuais são os arretos, as
esfregadas de pau e buceta...de pau e bunda...de buceta e bunda, coisas que dão
prazer quase sem comprometer. Não tava pensando em Marli...que era uma peça
quebrada aquela noite.
O whisky tava no final, então a porta do Ap se abre um
estrepito violento. Eu estava bêbado... Marli deitada com a cabeça sobre minha
perna...e falávamos coisas que bêbados…e aquele cara parecendo um gorila entra
na sala, tem os olhos nervosos como um arrependimento do “enrrabamento”. Tudo
me parecia lento...ainda bem, estava tranquilo, e ele aos gritos:
-Qual é Marli? Quem é esse carinha, hein? Tais me traindo
com ele...
-Ei Betão...calma ai...nada de traição, estamos apenas
bebendo como amigos...
Marli ria...num misto de deboche ou tristeza, bêbada demais
nem conseguia andar... o cara ta furioso, havia perdido o lado mulher dele por
ai...e agora queria ser o homem da casa...
Marli fala entre soluços e um peido que ela soltou:
-Que tu que Betão? Sai daqui seu florzinha de
merda...cuzeiro de merda...vai dá pro negão que tu tava dando...vai...
Eu achei que agora eu estava sobrando ali...Betão queria
briga geral, comigo, com Marli...queria tornar a merda pior que já era.
Ele vem pra cima e quer tirar Marli de cima de minhas pernas...como se ela fosse
um saco de batatas...Marli a princípio não reage...mas quando se vê no chão
sendo arrastada... se acorda e joga o copo com gelo e um pouco de bebida em Betão...que
não solta um grito masculino...uma fêmea gritando...
Marli vira bicho... se ergue e vai pra cima de Betão não
tem medo. Eu estou no sofá, não me meto em brigas assim... prefiro ficar
olhando, mas e se Betão encrespasse? Bem tinha pensando na garrafa vazia do
whisky...eu iria dar um trato nele...na cabeça é direto o cara vai a
nocaute...filho da puta:
-Seguinte seu merda – dizia Marli – tu gosta de dar o
rabo...pode dar viu...mas dá longe de minha casa...longe de mim ta entendo? Eu
com minha buceta pegando fogo...imaginando que tu me achava gorda ou não mais desejável...e
o teu negócio é piroca...viu se filho da puta.... Piroca!!
Nesse assunto Marli agora folgava, ergueu a saia e batia
na buceta com a mão:
-Ta vendo essa buceta aqui Betão? Tais vendo...eu vou dar
ela pra muita gente aqui... Pelotas vai conhecer Marli...xexeca de ouro...
Betão foi se encolhendo como uma girafa em uma caixa...já
não parecia agora tão macho como entrou...e Marli seguiu:
-Tais vendo o Fabiano ali? É...ele tem uma piça que vai
daqui de casa até a ponte de Rio Grande...e vou sentar nela hoje viu seu
merda....
Eu comecei a rir...propaganda enganosa sempre ajuda...é
uma boa piça a minha...até dei uma tocada nela para dar uma força...sou sensível
e o bixo deu uma mexida.
Era uma cena linda, advinda dos portais da chinelagem
refinada em uma apoteose de classe média alta...eu comecei a rir
escancaradamente...já tava cagando pra Betão...pra Marli...e pra aquela merda
toda.
Betão tropeça e cai no chão... Marli grita como uma
louca, a mulher queria vingança...ela aponta o dedo em riste na cara...
-Sai daqui seu merda...eu quero fuder com o Fabiano...sai
daqui...nós vamos fuder na cama que teu tava dando o rabo...viu...
Betão, humilhado sai por ta a fora...como um cão corrido.
Ele era de fato um merda mesmo. E quanto a isso nada se podia fazer. Uma vez um
merda, um merda pra eternidade, isso acontece com homens e mulheres. Tive
dezenas de mulheres feitas de merda...fracas, falidas, ladras, inseguras e
loucas...e muitas delas ainda hoje continuam assim. As pessoas não mudam
facilmente, é preciso acontecer muita merda para que isso ocorra. Eu mudei e me
fudi o que chega!
Marli dá uma porrada com a porta e por fim silencio...baixa
a saia e cai chorando novamente. Não vou negar que olhar as coxas de Marli não
mexeu com o animal. Mas não... hoje não.
Ela se abraça a mim, e ficamos abraçados. Marli parecia
uma criança indefesa a espera de um bico para adormecer. Tudo era uma tremenda
loucura, o dia havia sido uma montanha russa. Choro demais, lagrimas demais,
dor feita de merda demais e decepções. Eu ali o fantoche animado em um
escorregador de valeta.
Não queria mais ficar ali...queria ir embora, pras putas,
pra rua, para os bares... lugares que são mais verdadeiros que o verdadeiro
lar! Fiz menção de ir embora e Marli me reteve o braço:
-Não vai Fabiano... fica comigo...dorme aqui viu...
Apelos femininos...cedi e fui dizendo:
-Olha eu peido... e arroto Marli, tudo bem?
-Claro...arroto e peito é quase nada em relação ao dia de
hoje.
Fomos para o quarto como dois derrotados. Eu não foderia ninguém
aquela noite...eu era um pau amigo adormecido em uma noite sem esperanças a
espera do amanhecer.
Chegamos no quarto, tirei a calça fiquei de cueca, Marli
de calcinha e sutiã branca. Tudo parecia uma imensa provocação...mas não.
Ela deitou... e em segundo começou a roncar forte com a
bunda virada para mim. Fiquei olhando a cena...é, eu na cama com uma mulher e
não comeria...deus tava jogando contra mim.
Luís Fabiano.
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