Pesquisar este blog

segunda-feira, março 03, 2014

Bêbada, obediente e devassa



Bêbada, obediente e devassa

Havia muito desejo no ar
Ela fazia as vezes de uma puta estelar
Gosto desta vulgaridade toda que nos envolve
Embora elas digam que não dão...
Não chupam e não engolem
Ela estava muito a vontade...

Havia bebido o suficiente para anestesiar todo o certo e o errado
Me sentia o canalha sorridente...
Eu dizia e ela fazia de boa
Depois era vez dela...
Eu fazia... o que fosse...
Gosto de jogos...
Jogo com tudo e todos...
O limite é a criatividade

Estávamos apenas nós dois ali...
Indecentes da solidão de cada um
Nada a perder
Lata de quatro, como uma cadela
-Au, au, au, au...( bem fininho )
Com a linguinha de fora...
Eu passava o pau na boca dela...
Seguia
-Agora mije no meu pé bem agachada...
E ela fazia sorrindo leve

O riso das bêbadas
Maquiagem se desmanchando...
Ela ficando suja e linda
Como a vida é...
Asas abertas em um horizonte molhado
Como um pôr do sol de sangue
Então se erguia, e mandava eu miar como um gatinho pequeno...
E me acariciava as bolas, como se faz em um gato

Íamos virando animais felizes
Uma insanidade brilhante vaporizando a normalidade
Quentes e distantes de todas as restrições
Uma mente sem entraves
Bailando num desprendimento algoz
Onde quereres são supremos...
Cárceres macios e abertos...
Sem não...
Sem sim...
Apenas o ato fluindo
De nossas cavernas eternas
Ecoando prazer
Prazer do primeiro fogo
Do queimar-se

Agora faça um urso – ela diz
E eu me ergo um urso pardo
Com o pau duro apontando para deus
Ela me suga assim
Com sua boca de serpente
Vamos até a exaustão...
Nos consumindo
Até a vinda do coveiro
Ou sono.



Luís Fabiano.


Nenhum comentário: