Navalhadas Curtas: Cuidadores de carros – Caso 1.
Não se engane leitor: Não sou da violência. Eu sou um
merda existencial...tento não me meter em confusão, e se me meto tento
contornar pelo papo... pela manha...e até aceito ser chamado de cagão, filho da
puta e etc...e tudo fica bem.
Eu estava em off, e o cara estaciona o carro. Um bom
carro, e então o cuidador de carro vem já aos berros algo intimidando:
-Ai Tio...se parou ai... tem que pagar hein...
O cara, um tiozão fica olhando para o cuidador enquanto
sai do carro, parecia não esquentar a cabeça... mas o cuidador que agora já foi promovido a filho da puta segue meio nervoso:
-É, tem que pagar mesmo...porque aqui nesta rua... que é
minha, se eu não cuidar “os carro”, eles são riscados... se não “pagá”, não posso dar
essa garantia tio...
A merda as vezes esta escrita nas estrelas.
Mais rápido que
um jato de porra, o cara do carro foi um direção ao cuidador, acertou um
direto no queixo... o cara caiu no chão... e então vieram os chutes, não tão
fortes...apenas uns chutes.
Então o tiozão diz parecendo estar raivoso, com o dedo em riste pro cara no
chão:
-Escuta aqui seu filho da puta... se a porra do meu carro
tiver riscado, eu vou te achar e vai ser muito pior...muito pior mesmo. O carro
vai ficar ali... te liga!
O tiozão foi embora... e o cuidador levanta-se
lentamente... reclamando da dor nas costelas... eu estava sentado no fudet... e
não mexi nenhum musculo. Coisa de homem...não havia armas... uma briga de mão
limpa, quem bate primeiro leva a melhor, ninguém iria morrer.
Então o cuidador vem até mim:
-Pô tu vê tio... que gente ignorante...o tiozão ali...
pra que isso cara...
-Sei – eu disse – mas a culpa é tua brother... tu não sabe
que cada carro é uma caverna... o que sai dali de dentro, a gente nunca sabe... hoje
saiu uma cascavel né?
- Bah...Há, há, há...e eu me fodi.
Navalhadas Curtas: Cuidadores de carros – Caso 2
Essa é a Pelotas... termina que não é diferente de
qualquer outro lugar do mundo.
Civilização por vezes é uma piada. Que civilização? Deixa pra lá.
Eu estava trabalhando...parte da tarde, sol escaldante e
retornava, levando dois computadores nos braços...caminhava suando como um
cavalo. Então o cuidador de carro vem até mim. Eu o conheço, mas ele parece
não saber de algumas coisas:
-E ai pai – ele me diz...
-Que pai “rapá”, tu ta loco...
-Que isso pai... não vais me deixar na agonia, e meus
filhos com fome né e sede? Vais arrumar ai uma mixa pra mim...
-Seguinte cumpadi...depois ok, agora não é o momento bom pra isso... te
liga né...
-Qual é pai? Vais fazer assim com o irmão...hein? E meus
filhos? Tens que ajudar...
A paciência começava a escapar...com o sol,o suor, o calor e a
merda toda da vida:
-Que filho meu? Tu que é o pai?
-Claro pai...qual é...o que eu faço eu faço... a nega é
minha puta... há,há,há... e só dá pra mim...
Parei no sol... com os computadores embaixo dos
braços...e olhei-o fixamente... pensando se seguia as ofensas:
-É? Tu põe a tua mão no fogo por ela?
Ele fica me olhando...ficou em silencio... puta merda, acho que ele não colocava a mão por ela.
Luís Fabiano.
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