Noites dos Fudidos e a Beleza dos Desesperados
Este é o grande lance. Viver é um desafio quase
meticuloso, buscamos inúmeras receitas para que tudo dê certo, mas a grande
verdade que não há receita. Alguns são bons, na esperança que sendo bons, as
merdas existenciais não os atinjam, então como uma ironia, os bons acabam
também sofrendo... com um breve alivio da consciência.
A consciência é foda, esta sim é capaz de mudar o jogo.
Talvez essa seja a diferença. Os maus não tem consciência? Mas este maldito
mundo esta entre duas forças, bem e mal, isso é equilíbrio. Nem seja tão bom e
nem tão mal. E o que chamamos de mal, a natureza chamaria de lei. Sabemos que a
origem de nosso aspecto negativo, deriva não do mal em si...mas dá natural
ignorância a qual o ser humano esta exposto trivialmente, pela confusão de
ideias tão nobres e desejos tão brutais ao mesmo tempo... o resto serão os
meios de chegar até lá. Somos os porras que desejamos tudo ao mesmo tempo, a
salvação e a perdição.
É isso seu imbecil...fique sapateando entre a consciência
quase suínica, cínica e os afagos abençoados de uma arte suave, capaz de
dulcificar e lubrificar a alma, como uma oração, uma oração que faça a alma
gozar de por outros meios.
Detesto me repetir...mas a verdade é oque é.
Eu bebia rum, bom rum cubano. Por vezes este é o ponto
mais feliz de minha vida. Um copo, duas pedras de gelo, e meio copo servido com
paz. Aí fico ali, deixando o mundo se modificar como um meditante maldito. Yes,
o filho da puta meditando esperando a porra do universo entrar em paz. Mas eu
não desejo paz, eu não desejo serenidade, eu não desejo que o universo conspire
com nada. Quero viver, ora bem devagar e ora o mais rápido que conseguir, e
encontrar a morte por ai. A morte tranquila, a morte chupando meu pau, a morte
cagado em minha consciência, a morte dançando uma valsa sobre o caixão.
O telefone calado, o apartamento quieto, o prédio meio
morto. Olho pela janela, a distância na rua, todos pareciam tão bem. Talvez
essa seja a solução, a distância é capaz de salvar o ser humano. Viver entre
saudade, viver entre possibilidades, viver entre amores platônicos. Sim, estes
foram os únicos amores que deram certo em minha vida. Boas fodas é melhor que
amor, beijos que asfixiam é melhor que amor, alguém que te arranca a porra do
pau, é melhor que amor.
Gosto da rua, gosto da noite, a noite é como uma imensa caverna
que não te protege, antes te corrompe. Gosto das alma corrompidas.
Me jogo ao sofá, e a mente tem um incêndio acontecendo. O
rum nas engrenagem do cérebro. No meu celular, tem número de muitas putas na
agenda, profissionais do sexo. Lembro que quando fui casado, até disfarçava os números
e nomes, porque esposas gostam de olhar celular, vasculhar vestígios da
traição, é uma tolice, ser pego não muda o jogo, eu sou a prova viva disso. Mas
não deixava fácil, nunca fui pego. Talvez até desconfiassem, mas pego nunca.
Nunca fui amador. Abri a agenda do celuba. A primeira era a Mila. Nome falso é
claro, liguei, tava afim de putaria
agora:
-Alouuu – fala com voz rouquinha...
-Olá Mila, tudo bem? E ai ta livre, é o Fabiano...ta
lembrada?
-E ai Fabiano...olha hoje eu to ocupada, aliás to ocupada
agora, neste instante tirei o pau da boca para te atender ok? Kisses querido...bye-bye.
É uma profissional mesmo. Comecei a rir. Acho ela bacana,
é magrinha ao extremo, loirinha pouco peito, é quase como uma bonequinha de nada,
aceita tudo sem frescuras e tem bons músculos vaginais, mas sua especialidade é
chupar muito, faz isso como uma mestra.
O próximo nome é Simone:
-Oieeee quem é?
-Oi Simone...beleza? É o Fabiano...teu cliente da
antiga...e ai...
-E aí o que cara? Que é ?
-Afim de uma putaria leve... com carinho, quase amor...heim...
-Que isso rapaz? Pode ir parando por ai...eu não sou mais
aquela que pecava, por causa do dinheiro. Jesus me salvou...estou redimida,
viu? Tu ta vivendo a vida de satã! Pecador dos infernos. O Diabo vai roubar tua
alma!! Ta ouvindo? Fabiano...Deus vai te matar...tu vais ver...e vais
queimar...
Bati o telefone.
Detesto ladainha...como digo, as pessoas tornam tudo
difícil. Não tenho essa de complicações.
Tento a terceira. É Eduarda. Saí com ela poucas vezes.
Fazia o perfil mulher inteligente. Boa conversa, te olhava nos olhos chupando o
pau, fazia strip e tudo... tinha uma técnica de colocar camisinha que era algo.
Só tirava o pau de dentro dela, quando o guerreiro já estava entregue...gostava
de ver a cara dela olhando para o pau mole. Sorria safada, ela tirava a
camisinha cheia de porra, dava o nozinho e ficava acariciando o pau mole por
fim dizia:
-Adoro ver ele assim... assim, tão entregue e passivo. Eu
gosto da delicadeza de um pau mole Fabiano.
Ligo pra ela:
-Boa noite Fabiano...tudo bem ?
-Oi Eduarda... sim sim, tudo ótimo...e vc ?
-Descansada, tranquila... relaxada e morrendo de tesão...
gosta assim?Me quer?
-Eduarda tu és a voz dos deuses pagãos! Isso é lindo...
-É Fabiano? É isso que tu gostas né? Então vem
negão...vem comer minha bucetinha...vem esfregar esse cavanhaque no meu
cu...lindão...
Aquela fala mansa, vai entrando nos ouvidos como uma
quinta sinfonia de Beethoven, uma prece aos arcanjos, uma cagada plena após uma
refeição. Tenho uma putaria em mim que cresce como rosas rasgadas de um deserto
de merda, uma putaria encantada, que brilha em uma noite macabra, quando a
miséria faz sua cena, dor, desespero de mim, desespero de ser feliz, desespero atômico.
Não penso duas vezes:
-Eduarda, Eduarda tu és única...o orgulho feminino... vou
terminar de tomar meu rum...e vou ai ok?
-Claro amor...vem, vou estar com aquele tipo de calcinha
que gostas...enfiada, enfiada quase no útero, me rasgando no meio...
Desliguei o telefone, toquei no pau, ele havia dado uma
boa crescida. É bom fazer isso, acariciei um pouco por cima da cueca, ele tava
legal. Lembrei que qualquer dia destes preciso deixar ele pegar um sol. Gosto
de fazer isso na praia pela manhã, sozinho, bem cedo. Baixo um pouco a bermuda
e deixo o pau pegar um bom sol, isso faz bem, o pau fica bem escuro, queimado,
boa sensação. Fico pensando em Eduarda, a maioria das mulheres que conheço, não
falam assim nunca, nem para seus maridos, nem para namorados ou mesmo namoradas
falam assim...existe silenciosamente uma fronteira, feita de muitas coisas
herdadas.
Matei a dose de rum e me vesti um pouco.
A casa de Eduarda fica no Fragada. Não tinha pressa, o
tempo estava tranquilo desacelerado, sentia meu coração batendo num bom ritmo. Já
conheço Eduarda, sedutora, leve. Daquelas pessoas raras. As pessoas gostam de
complicar as coisas, ela não.
Pego o Fudet e me descoloco, o rádio tocava Hamilton de
Holanda, Luz nas Cordas. Acordes vigorosos, calor nas ruas de Pelotas, gente
para todos os lados querendo pegar uma fresca, bebendo cerveja e sendo feliz ou
infeliz...
Segue...
Luís Fabiano.
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