Navalhadas Curtas: Miséria Marginal
To ali na janela, olhando a madrugada, estou pelado e não
há excitação alguma. Então um mendigo vai até coletora de lixo, parece nervoso,
raivoso puto mesmo. Fico olhando ele entrando no lixo atirando algumas coisas para o lado de fora, talvez para vender aquela merda para reciclagem.
E a paisagem cotidiana tornando tudo
tão normal, gente no lixo, gente doente, gente fudida, gente viva e gente
morrendo. Tudo tão normal e nada é pior que tudo tão normal.
Então o mendigo sai da lixeira, e começa a jogar garrafas
de vidro no meio da rua...estilhaçando-as... uma, outra e outra...uma verdadeira
merda. Então um motoqueiro em uma moto estilosa tava passando, e uma garrafa
quase o atinge... foi imediato com dedos que estalam. Ele volta e vai em cima
do mendigo com tudo:
-Qual é rapá? Ta maluco quase me derrubasse seu merda...
-Vai te fudê... riquinho da porra...vai a merda...sai
daqui...sai...
O cara da moto não perde a viagem desce da moto...e começa a distribuir
porradas sinceras e pura, socos na cara, na cabeça e um chute arremata a história.
Garrafas quebras, um mendigo quebrado e a violência tão
comum, este é o mundo, a floresta existe ainda, e os predadores estão por ai...
eu ainda olhava da janela, o mendigo foi de levantando lentamente entre gemidos, bem, ele tornou a vida
dele um pouco pior.
Luís Fabiano.
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