Navalhadas Curtas: Casa comigo?
Existem coisas que me causam certo nojo.Não me refiro a
catarro, vomito, diarreia, vermes, xoxota suja, cheiro de “asa”, bafo podre ou
dentes cariados ou mesmo ausência de dente. Não.
Eu tava dormindo o sono dos filhos da puta. Que dormem
bem, diga-se de passagem. Então o telefone toca, três da manhã.
Merda, esqueci de deixar no silencioso. Olho, número desconhecido,
e essa? Atendo.
-Fala...
-Oi amor, amor sou eu...
Era Micaela. Pirada, chapada, puta, suja, louca, doentia
e com uma xoxota linda e um nojo.
-puta merda Micaela...que foi porra?
-Quero te pedir uma coisa...pode ser?
-A essa hora? Vai lá...
-Fabiano, tu casa comigo?
Tenho um imediato engulho estomacal... tive vontade de
vomitar no telefone, mas segurei com uma tosse. Um telefone que toca de madrugada, é uma sirene do diabo
te chamando.
-Vai dormir Micaela, esquece essa ideia... eu não caso
mais, já tive minha coleção de péssimos casamentos, to legal.
Ela começa a chorar convulsivamente ao telefone. Não sinto culpa, tenho
raiva, tenho vontade de falar um monte de merdas. Aquilo era tão sem noção como beijar um porco depois dele comer a lavagem.
-Da onde tu tirou essa ideia?
-Fabiano...vou ficar sozinha...queria casar com alguém...preciso casar...
-Porra Micaela...não é assim, e logo eu? Tem coisa melhor por aí...
-Que eu faço?
-Tem whisky aí?
-Serve uma dose tripla, depois vai dormir.
-Tá... mas um dia tu vens aqui me comer ao menos?
-Vou.
Ela parecia sorrir. Bipolar total.
-Boa noite.
Luís Fabiano.
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